¿Hablas español?

¿Hablas español?

Talvez nem todos saibam, mas a pequena editora de Manuel Caldas, outrora denominada Livros de Papel (em castelhano, Libros de Papel), atualmente com o nome internacional Libri Impressi, tem editado em espanhol a quase totalidade do acervo disponível em português. No entanto, existem 2 livros que não foram editados em português, Cisco Kid: Lucy, Flor Roja y Belle e El rescate emocional de un clásico.

O livro dedicado a Cisco Kid é o primeiro da série Cómics de Prensa, reunindo as primeiras 3 histórias da personagem, escrita por Rod Reed e desenhada pelo argentino José Luis Salinas, publicadas nos jornais sob a forma de tiras de banda desenhada pelo King Features Syndicate entre 15 de janeiro e 13 de outubro de 1951.

Caso este livro, editado em dezembro de 2011 e tendo chegado às livrarias espanholas em fevereiro de 2012, tenha boas vendas, o editor prosseguirá com a série, tendo na mente títulos de séries tão distintas como Casey Ruggles, Scorchy Smith, Dickie Dare, Gasoline Alley, Jed Cooper ou Drago, entre muitos outros.

A tira de BD de Cisco Kid, publicada durante 17 anos em 150 jornais norte-americanos diferentes, para além das publicações internacionais, não foi a primeira aparição de Cisco Kid. Apesar do protagonista ter sido criado em 1907 por O. Henry para um conto e ter tido direito a dezenas de filmes e centenas de episódios de rádio, foi somente no início dos anos 50, com a popularidade da série televisiva homónima, protagonizada por Duncan Renaldo, que se decidiu iniciar a publicação da tira supramencionada. Registe-se, a título de curiosidade, que, nessa altura, a Dell Comics já se encontrava a publicar uma revista de BD de Cisco Kid, desenhada por Robert Jenney (a qual durou 41 números) e que em 1944 a Baily Publishing já tinha publicado um único número de uma revista desenhada por John Giunta.

De qualquer modo, posso garantir que nenhum daqueles desenhadores se aproximou do exímio Salinas no traço, fluído e detalhado. Apesar de os 3 episódios aqui restaurados serem os iniciais e, provavelmente graças a tal, estarem mais próximo dos lugares-comuns a que se associa o género western – se pensaram em assaltos a diligências, ataques a comboios, roubo de bancos e confrontos com os ameríndios, talvez não tenham errado muito – a série conta, desde o início, com elementos pouco comuns na BD de género western então produzida nos EUA, como a faceta galante do seu protagonista – lado romântico a que o subtítulo do livro se refere – e o humor – protagonizado, frequentemente, pelo seu companheiro Pancho.

Salinas & Caldas é uma combinação capaz de surpreender qualquer bedéfilo, dada a nitidez, brilho e generoso formato (23,4 x 28 cm) com que somos brindados.

Na encomenda ao editor (clique aqui), o envio é grátis e recebe-se ainda a reprodução em tamanho real do original da tira de BD de 20 de agosto de 1951.

Eis uma antevisão da obra (clique nas imagens para as aumentar):

Como decerto se apercebeu, o leitor conseguiu acompanhar a história sem dificuldade, apesar da língua não ser a portuguesa. Provavelmente, jamais teremos uma edição com este grau de excelência na nossa língua. ¿Hablas español? Parece que a resposta é positiva. Que a língua não seja um entrave!

Para os fãs de Príncipe Valente e Hal Foster, existe ainda em língua espanhola um livro imprescindível, El rescate emocional de un clásico: ‘Prince Valliant’, la obra cumbre de Hal Foster de Eduardo Martínez-Pinna, divulgador e ensaísta de BD espanhol.

Com uns generosos 33 x 24 cm, o livro é profusamente ilustrado com imagens a preto-e-branco ou coloridas, apresentando inclusivamente, para comparação, a terceira vinheta da página 828, datada de 21 de dezembro de 1952, com a visão de Valhalla, nas duas versões. Algumas das imagens são apresentadas no seu (gigantesco) formato original e muitas delas foram alvo do restauro cuidadoso de Manuel Caldas.

Além da análise da obra, seja a nível do traço seja da narrativa, o autor inicia o volume com uma abordagem da era de Foster prévia ao Príncipe Valente, o que permite uma fácil porta de entrada no mundo que se propõe explorar. Finda a leitura deste livro, será quase impossível o leitor não desejar (re)ler de forma integral ou parcial o Príncipe Valente.

O livro inclui um poster com a reprodução da prancha 155 de Prince Valliant no tamanho original (67 x 87 cm). Nos pedidos ao editor (clique aqui), são ainda remetidas 2 cartolinas com desenhos de Foster.

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nota: as imagens foram gentilmente cedidas pela editora, as quais se agradecem e ilustram o texto.

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