O que se seguirá a Calafrios! #1 – BD online e gratuita

O que se seguirá a Calafrios! #1 – BD online e gratuita

Podemos dividir os fanzines a que me tenho referido neste espaço em duas categorias: a) trabalhos individuais ou coletivos de autores nacionais e lusófonos com material maioritariamente inédito; e b) publicações que apresentam obras de autores anglófonos, traduzidos para português e faneditados no nosso país.

Calafrios! pertence a esta segunda categoria, com uma característica na sua apresentação que o distingue das obras publicadas no Fandaventuras Especial – está disponível digitalmente (e gratuitamente), ao invés de um formato em papel.

Não se pretendendo discutir que diferenças sensoriais são processadas a nível da visão nas diferentes apresentações, nem na importância ou não das informações sensoriais do tato e olfato durante a leitura, não há como negar que atualmente a tecnologia nos permite faneditar sem nos preocuparmos com uma série de questões a que a edição em papel obriga, quer a nível de processamento quer de despesa.

Provavelmente, não fosse a ausência de custos após a criação de um formato digital, na ausência da necessidade de impressão de vários exemplares, e eu jamais teria faneditado os números do magazine cultural n-zine (2002-2003) e os do Banda Dezinenhada (2006).

Filipe Azeredo encontra-se entre aqueles bedéfilos que desejam dar a conhecer material praticamente desconhecido em Portugal, com origem na banda desenhada norte-americana de outrora. E, graças ao seu labor e da sua associada na tradução, ofereceu-nos em setembro o primeiro número de Calafrios!, sob o selo A Filactera.

Esta publicação de BD reproduz histórias de terror da década de 50 do século passado, prévias ao Comics Code Authority, que foi colocado em prática em 1954, originando severas restrições quanto ao terror, violência explícita e insinuações de cariz sexual.

Após a leitura de muito material original em domínio público nos EUA, Azeredo – cujas leituras de BD estão quase totalmente dirigidas ao formato digital – teve a difícil escolha da seleção, em especial quando não se está limitado por um número de páginas. Optou pelo formato utilizado nos comics, com 26 páginas, e por uma ilustração de Bernard Bailey para a capa. A inacessibilidade à identificação dos argumentistas não o demoveu do projeto, tendo coligido para o primeiro número duas histórias retiradas da série Out of the Shadows e uma terceira de Weird Mysteries.

A nível de autores, as histórias apresentam o desenho de Alex Toth, Reed Crandall (ambos arte-finalizados por Mike Peep) e Basil Wolverton.

Calafrios! será uma publicação gratuita online bimestral com uma duração prevista de cerca de meia dúzia de números, antes do faneditor iniciar um novo título e género, provavelmente dedicado à ficção científica.

Por enquanto, ficamos a aguardar o segundo número de Calafrios!, previsto para novembro.

O primeiro número pode ser lido online aqui ou descarregado sob a forma de ficheiros pdf ou cbr.

4 comentários em “O que se seguirá a Calafrios! #1 – BD online e gratuita

  1. Antes de mais, o meu agradecimento pela divulgação da Calafrios! no Bandas Desenhadas.
    É um projecto que só pode existir graças ao admirável mundo digital em que vivemos (não estou a ser irónico) e como dizes, os custos de uma publicação como esta são apenas o nosso tempo pessoal e nada mais. Gostaria até que mais gente se aventurasse na recuperações destes comics dos anos 50 (e 40 e 30). Abriram caminho para muita coisa que se faz hoje e mereciam até que alguém com mais conhecimentos do que eu fizesse umas edições anotadas e com contexto histórico. Não contem é ganhar dinheiro com isso. 🙂

    1. Caro Filipe:
      Em primeiro lugar, a comunidade bedéfila lusófona deve-te um agradecimento, bem como aos demais faneditores que editam gratuitamente obras traduzidas cujos direitos de autor já prescreveram.
      Dado o teu comentário, se me permites então desvendar mais um pouco das conversas que tivemos durante os últimos dias antes de eu fazer a divulgação do fanzine Calafrios! – nas quais discutimos aspetos legais das obras em domínio público nos EUA, entre outras questões – é de louvar também o desinteresse de autopromoção do Filipe no seu projeto. Verifiquei tal quando me afirmou ser o seu desejo que muitos outros bedéfilos se convertessem à tradução e publicação gratuita das BD norte-americanas da Golden Age que se encontrem public domain nos EUA, existindo muito material nessas condições. E, neste comentário, faz então o desafio em praça pública 🙂 Na verdade, existe uma natureza infindável de projetos que podem ser realizados, tendo por base temáticas tão díspares como género, autor, ano / década, editora, série…
      E, acrescento eu, para os interessados, será também uma questão de investigar que material está disponível noutros países.
      A ver vamos se alguém aceita o desafio lançado por ti, Filipe!
      Abraço,
      Nuno

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