Em primeiro lugar, é importante destacar que até ao final do mês, está patente na Galeria da editora Abysmo a exposição Caríssimas 40 Canções – Sérgio Godinho e as Canções dos Outros, pelo que se aconselha a visita à mesma (poderão encontrar mais pormenores na secção de destaques, na coluna direita deste espaço, enquanto a exposição se mantiver).
Dito isto, concentremo-nos em mais uma proposta da Abysmo ligada a Sérgio Godinho. Desta feita, a impressão é feita a duas cores, tendo sido elegido o amarelo, que se encontra omnipresente na capa, nos três limites visíveis das páginas (independentemente da mesma ser branca ou amarela) e nas ilustrações. Aliás, a capa, em CLAF dossier 350 g com verniz mate e a ilusão da totalidade amarela das páginas com o volume fechado, contrasta com a alvura da maioria das folhas, uma vez aberto.
Eis uma sinopse da obra:
No ano em que foi celebrando uns bem medidos 40 anos de canções, Sérgio Godinho abordou, em crónica semanal no jornal Expresso, outras tantas canções de amigos e conhecidos ou isso se tornaram depois de ouvidos, apesar de terem desaparecido ou nunca se terem cruzado. Aqui se reúnem esses textos, revistos e aumentados, que são janelas para nomes como Bob Dylan ou Zeca Afonso, Noel Rosa ou Caetano, mas também Jacques Brel ou The Beatles, sem excluir The Kinks, José Mário Branco ou Tony de Matos. Não ficaremos apenas a saber mais sobre cada uma das canções, mas sobretudo a visão íntima de quem conhece a música, os instrumentos, os intérpretes e a sua circunstância.
As ilustrações, bem como o logótipo, para esta obra lançada em maio de 2012, são da responsabilidade de Nuno Saraiva, nome conhecido do mundo bedéfilo e que por vezes nos propõe ilustrações mais próximas da banda desenhada, ao produzir uma vera sequência narrativa pictórica em alguns casos (evidente em Os Vampiros e Carinhoso) ou evocando a utilização de vinhetas (Conversa de Botequim).
Aparentemente, Nuno Saraiva inspirou-se nas canções propostas por Godinho e não propriamente nas crónicas do autor, o que nos permite tomar contacto com duas abordagens diferentes, embora forçosamente complementares, de cada um dos temas. Noutros casos, a ilustração teve por base a capa do álbum no qual figura a canção escolhida. Apesar destas diferentes propostas resgatadas ora ao imaginário ora ao mundo físico, a arte de Nuno Saraiva possibilita dar uma unicidade a todo o livro.
Na impossibilidade da obra se fazer acompanhar das 40 canções, Godinho recorda no texto de uma das suas crónicas o quão simples é atualmente ter acesso à audição das mesmas, chegando mesmo a evocar num dos casos, o site de partilha de vídeos YouTube. Sem dúvida, algo a ter em consideração quando a memória atraiçoa ou o desconhecimento se verifica.
Finalizamos com uma palavra elogiosa ao design da obra, um ponto fulcral na editora Abysmo, desta vez a cargo de Elisabete Gomes. A editora consegue de modo eficaz despertar paixões e reavivar amores pelos livros enquanto objetos ávidos por interatividade com os leitores.
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.
Caros leitores:
Por lapso, um visitante colocou um comentário pouco elogioso às ilustrações desta obra, quando o mesmo se dirigia a outro livro. Na altura, acrescentei ao meu artigo um comentário onde referia que considero que as ilustrações estão muito bem adequadas às crónicas do Sérgio Godinho. Tenho a certeza que apreciar as ilustrações no contexto da leitura de obra ou durante a audição das músicas trará certamente novas camadas, mas acredito também que têm a vida própria necessária para originar uma exposição deveras interessante.
Mas todos os demais têm a possibilidade de discordar, obviamente. O diálogo e troca de críticas fundamentadas possibilita-nos a todos crescer.
Agora, gostaria de esclarecer um ponto muito importante a quem se digna a me ler. Critiquem-se as obras – ou, noutro nível, opine-se sobre elas – mas solicito que não façam do meu espaço um pretexto para atacar pessoas. Agradeço que todos os visitantes deste espaço se esmerem por manter este site agradável e salutar, conforme tem sido desde a sua inauguração, espelhando a minha postura em relação ao meio bedéfilo em quase uma década de interatividade.
Obrigado,
Nuno Pereira de Sousa
Por solicitação de Nuno Amado, o seu comentário foi apagado.