A Pérola! E o Olho!
Em dezembro, Filipe Felizardo produziu um pequeno fanzine intitulado A Pérola! E o Olho!, que circulou como presente de Natal para os seus amigos. Na verdade, este minicomic é visto pelo seu autor como uma brincadeira que prolonga o conceito de uma instalação que esteve patente em outubro de 2012 na Sala Preta da Pickpocket Gallery, em Lisboa, denominada A Pérola de Schrödinger.
Tratava-se de uma instalação de câmara obscura em que o espetador tanto via uma sombra de uma pérola numa imagem em tempo real de uma ostra, como também via a pérola em si, quando a ostra estava fechada. Os movimentos da ostra eram conseguidos através do auxílio de um motor dentro da câmara obscura. Parafraseando o gato morto-vivo de Erwin Schrödinger, enquanto não se abre uma ostra, ela tem e não tem pérola. Eis uma imagem da instalação, retirada do vídeo em alta definição captado por Gonçalo Soares:
Segundo nos explicou o autor, tinha como meta projetar a ambiguidade do que é visualizado e do que é real, representando deste modo o constante colapso da pluralidade do mundo perante uma percepção muitas vezes totalitária. Registe-se que a ostra visível era uma imagem, uma aparência do real, um engano… E que a ostra dentro da caixa era artificialmente animada. Quanto à pérola, pendurada no eixo do feixe de luz, projectava a sua sombra na imagem quando a ostra se abria e iluminava a pérola, mas recortando-a na tela, impedindo-a de “pertencer” à ostra. Quando a ostra se fecha, a sombra desaparece da tela, e a pérola suspensa no meio da sala fica na penumbra, como se regressasse ao interior da caixa.
Compreende-se, deste modo, porque, na mini-BD, o olho excrementa o seu fundamento para dentro da ostra.
O fanzine esteve disponível para venda ao preço simbólico de 52 cêntimos na I Feira Bastarda, realizada nos dias 15 e 16 de março, em Coimbra, a qual foi devidamente divulgada por nós na secção de eventos em destaque (coluna da direita).
nota: as imagens foram gentilmente cedidas pelo faneditor, as quais se agradecem e ilustram o texto.
SOBRE O AUTOR |

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- Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.
Foi uma pena, estive na bastarda e não dei por esta zine! (talvez já tivesse esgotado). Enfim!
V:
E, no que toca à BD, qual a tua opinião sobre a Feira Bastarda?
Abraço,
Nuno
Muito bom artigo Nuno! É também necessário alargar o âmbito da BD e fazer as ligações às outras artes.
Por diversas razões este passou a ser para mim um local de referência.
Caro André:
Estamos sintonizados!
Abraço,
Nuno
Bem, a feira não era uma feira de BD, mas sim de edição independente e funcionou mais como um complemento ao “Derrube”, festival de música e cinema. Na feira estiveram outros editores de música, fanzines que não BD, ilustração, etc…
Em representação da BD esteve a melhor (na minha opinião, claro) editora nacional, a Chili Com Carne, com o catálogo completo, incluindo a também recente QCDA #1 (Zé Burnay, Rudolfo, André Pereira e Afonso Ferreira).
No geral foi bom, especialmente tendo em consideração que Coimbra não está ainda muito habituada a experiências deste género, e que o evento deverá ter continuidade daqui a cerca de 6 meses, segundo as previsões.
É claro que, provavelmente, nunca será nada que se compara à Feira Laica/Morta mas estão no bom caminho.
Caro V:
Obrigado por teres aceite o desafio 🙂
Abraço,
Nuno
Ora essa!..