Da porcaria das novelas gráficas

Da porcaria das novelas gráficas

O termo “novela gráfica” é cada vez mais utilizado em Portugal. Trata-se da má tradução popular do termo graphic novel. Provavelmente, tem origem na proximidade fonética de novel com novela e desconhecimento das diferenças entre novel (romance) e novella (novela). Na verdade, as diferenças entre conto, novela e romance estão geralmente relacionadas com o número de páginas e/ou caracteres utilizados, sem que existam consensos. Por inerência, a obrigatoriedade de uma maior economia nos formatos mais curtos torna frequente que nestes, por exemplo, existam menos linhas narrativas, menos personagens, menos detalhes na caracterização das mesmas ou descrições mais sucintas, mas é relativamente fácil a memória invocar exemplos do oposto. Todas as tentativas de definir os três para além do seu tamanho também não obtiveram consenso.

No que toca aos livros de banda desenhada, o termo norte-americano considerado foi graphic novel, independentemente do número de páginas, não sendo utilizados os termos graphic novella nem graphic short-story (ou, caso o tenham sido, sem que tais termos se tenham tornado populares). No atual mercado norte-americano, encontram-se comic books, trade paperbacks e hardcovers (incluindo a variante collectors’ editions).

Os comic books, também conhecidos por floppies, são o equivalente às nossas revistas de banda desenhada. As páginas e capa são mantidas unidas frequentemente graças a um ou mais agrafes, sendo habitual um título ter direito a vários números (caso não, designa-se por one-shot), tratando-se ou não de uma série autolimitada. É um produto menos valorizado e considerado mais efémero pelo leitor comum (não necessariamente pelo colecionador ou leitor de BD, existindo quem prefira o formato revista aos livros), que provavelmente tem menos dificuldade em se descartar de tal produto do que aqueles em formato de livro. Apresentam muitos anúncios, seja a outras revistas de banda desenhada, sejam aos mais variados produtos. Quando se trata de uma série periódica com uma narrativa contínua, obriga a que a leitura seja realizada por partes, com cada uma delas a corresponder a um comic book. A tradução literal do termo, contempla erroneamente o livro (book), ao invés da revista, sendo o cómico/de humor o artefacto resultante da palavra comics para designar este meio ou arte (semelhante ao que acontece com o popular termo funnies para designar a comic strip ou tira de BD). Os comic books norte-americanos foram precedidos pelas comics strips publicadas em jornais e por um conjunto de publicações que são designadas por alguns académicos por comic pamphlets.

Os trade paperbacks (TPB) apresentam um maior volume do que os comic pamphlets e books. Repare-se na ausência de qualquer referência à banda desenhada na designação. Na verdade, o termo pode ser utilizado para qualquer livro em capa mole que não tenha reduzidas dimensões (nesse caso, os norte-americanos aplicam o denominado mass-market paperback, equivalente ao nosso livro de bolso). No entanto, não é realizada mais nenhuma especificação. É frequente ser utilizado como sinónimo de uma compilação de comic books, aos quais foram retirados os anúncios e eventuais secções de correspondência, e sendo possível apresentar conteúdo adicional, desde um prefácio a alguns extras. Frequentemente, é um volume que permite ser lido autonomamente, por conter um arco de histórias, mas não é uma característica obrigatória.

Se os hardcovers (livros em capa dura) são frequentemente equivalentes aos TPB mas com capa dura e lançados cronologicamente antes dos TPB, as collectors’ editions (edições de colecionador) têm por fim apresentar um produto diferenciado. Além da encadernação em capa dura, podem conter caixa arquivadora, serem em dimensões mais generosas, apresentarem uma maior quantidade de conteúdo extra (por exemplo, entrevistas, esquissos, etc) ou terem outros atributos exclusivos.

Conforme se depreende, a mesma história narrada em banda desenhada pode ter no mercado norte-americano todas estas apresentações em papel: ser publicada sobre a forma de fascículos/revistas de BD, à qual se segue uma compilação em capa dura e alguns meses depois em capa mole e, se a editora acreditar se justificar, vir a ser apresentada numa edição de colecionador.

Por vezes, o termo graphic novel e trade paperback é utilizado como sinónimo. Atendendo ao paralelismo com a literatura (número de páginas como factor decisivo na catalogação), compreende-se facilmente o seu uso. No entanto, há quem defenda serem produtos diferentes. Mas não existe consenso e o termo tem sido utilizado com os mais diversos fins.

Atualmente, é frequente considerar-se a genebrina obra Histoire de M. Jabot do suíço Rodolphe Töpffer a primeira graphic novel, a qual foi publicada em 1833. Este trabalho consta do colossal livro norte-americano Rodolphe Töpffer: The Complete Comic Strips, compilado, traduzido e comentado pelo historiador de arte David Kunzle, autor da obra Father of the Comic Strip: Rodolphe Töpffer, ambas publicadas pela University Press of Mississipi. Se Kunzle fosse português, muito provavelmente tê-lo-ia designado como o primeiro livro ou álbum de banda desenhada. E esse é um ponto muito importante, a que retornaremos.

Se a primeira graphic novel europeia foi publicada antes do nascimento do comic pamphlet norte-americano (apontado por alguns académicos como o ano de 1919, através da publicação de Bringing Up Father de George McManus), somente muito mais tarde a primeira graphic novel made in USA viria a ser publicada.

As histórias “mudas” de Lynn Ward em xilogravura, influenciadas pelo excelente trabalho do belga Frans Masereel, são frequentemente consideradas os primeiros romances norte-americanos sem palavras (wordless novels), datando o primeiro de 1929.

Se aparentemente é consensual que terá sido Richad Kyle a utilizar o termo em 1964, terá um interesse relativo tentar-se identificar nesta fase qual foi a primeira graphic novel norte-americana, caso se excluam os wordless novels de Lynd ou de Milt Gross, pois, à medida que a pesquisa aumenta nesta área, um maior grau de conhecimento é tornado público. Para além dos diversos candidatos até aos finais dos anos 60, acredito que os que se interessam pela temática encontrem referências mainstreamBlackmark de Gil Kane e Archie Goodwin (Bantam, 1971), Chandler: Red Tide de Jim Steranko (Pyramid, 1976), Sabre de Don McGregor e Paul Gulacy (Eclipse, 1978), Contract with God de Will Eisner (Baronet, 1978) ou inclusivamente a The Death of Captain Marvel de Jim Starlin (Marvel, 1982). Com exceção do livro de Eisner, todos os demais podem ser enquadrados nos domínios da ficção científica e fantasia, incluindo o subgénero de super-heróis. Gostaria apenas de sublinhar o termo mainstream nesta pequena seleção e que é provável que a resposta ou as sucessivas diferentes respostas à questão supracitada se vá dando noutros círculos, de teor mais académico.

No entanto, repare-se nos nomes dos autores citados. Todos facilmente identificáveis na indústria dos comics. E a última provocação listada, com o primeiro número da série Graphic Marvel, as graphic novels da Marvel (embora exista quem considere que foram publicadas pela Marvel graphic novels antes desta série, apesar de não terem formato de livro e algumas serem inclusivamente seriadas), está presente por se tratar de uma BD que chegaria às bancas nacionais numa edição brasileira da Abril em 1989 (após outras duas Graphic Marvel).

Se a popularização do termo graphic novel permitiu aos norte-americanos abraçarem o meio de outro modo que não o de mero entretenimento de crianças e jovens, de combaterem a noção de se tratar de uma arte menor ou de sublinhar que engloba muitos mais géneros que a comédia/humor (comics), rapidamente a indústria, incluindo as editoras com maior quota da BD de super-heróis no  mercado, respondeu com uma tentativa de generalização do termo a qualquer BD que fosse apresentada, incluindo as antologias e as BD de não-ficção (em dissonância com o termo novel/romance), com um formato mais semelhante ao de um livro do que uma revista.

Isso facilitou a que os livros de BD norte-americanos começassem a encontrar o seu próprio espaço nas livrarias e que algumas obras começassem a ser consideradas para prémios literários. Jimmy Corrigan, the Smartest Kid on Earth de Chris Ware foi galardoado em 2001 com o American Book Award e o Guardian First Book Award. Em 2005, Watchmen de Alan Moore e Dave Gibbons foi incluído na lista Time Magazine All-Time 100 Greatest Novels. Em 2006, Fun Home de Alison Bechdel foi nomeado para o National Book Critics Circle Award.

Anteriormente, em 1992, Maus de Art Spiegelman venceu o Pulitzer Prize Special Award. Analisámos a obra aqui, mas importa reter que esta obra (tal como Watchmen) foi inicialmente publicada em fascículos e que o facto de um livro de BD conter ou não material original é frequentemente visto como irrelevante para a designação como graphic novel. Existe inclusivamente a designação original graphic novel, mas a omissão da palavra original não significa que o conteúdo não seja inédito. Poder-se-á realizar um paralelismo com a prosa. Não é pelo facto das obras de William Shakespeare terem sido publicadas originalmente sob a forma de panfletos que lhe conferem um estatuto mais ou menos especial.

Há cerca de 10 anos, numa entrevista que realizei a Eric Shanower, o autor de BD referia «(…) embora Age of Bronze se tenha iniciado como uma revista de BD (comic book) seriada na Image Comics, eu nunca pretendi que fosse lida como uma série – é uma história completa que deve ser lida como um todo. Mas tenho de aceitar o pragmatismo do mercado. Isso traduz-se numa revista (comic book) seriada. Agora o mercado mudou e as revistas (comic books) estão a vender cada vez menos. Os leitores esperam pelas graphic novels [NT: aqui utilizado como compilação dos comic books da série Age of Bronze, conforme se depreende], as quais vendem cada vez mais. Para mim é evidente que um dia, e não estará muito longe, terei de parar a série de revistas de BD (comic books) e continuar apenas com as graphic novels (…)». Imagine-se o quão artificial seria classificar os primeiros volumes como TPB e os seguintes como graphic novels, se tal se viesse a confirmar, somente porque os primeiros capítulos foram apresentados sob a forma de comic books.

Por outro lado, o que significa um livro ser um romance/novela gráfico(a)? Se o termo “arte sequencial”, aparentemente em desuso, se revelou de interesse relativo, também a semântica de graphic novel em nada obriga que estejamos a nos referir a uma BD. Nessa linha de pensamento, uma compilação das diferentes partes de uma fotonovela publicada na extinta revista Crónica Feminina seria uma graphic novel. E não será por acaso que, inclusivamente, este termo é, por vezes, aplicado a livros infantojuvenis cujas ilustrações possam ter ou não alguns dos códigos habituais da BD, como por exemplo os balões.

Nesse sentido, os que pretendem associar o termo graphic novel a temáticas mais maduras, ou inclusivamente a um género (!) ou grau de prestígio/qualidade dentro da BD, terão uma árdua batalha pela frente não só com um poderoso marketing mas com muitos académicos ou autores que rejeitam a designação. E fica a pergunta: quem atribuiria esse selo de qualidade? Os autores? Os editores? Os mass media? Os leitores (por voto ou outro sistema)? A Academia?

Simpatizo com a necessidade norte-americana de encontrar um termo para os livros de BD, uma vez que já o utilizaram para as suas revistas de BD. Chamaram-lhes livros (books). E compreendo que chamar divertidos ou tiras cómicas (independentemente do género) às tiras de BD ou cómicos à banda desenhada poderá causar alguns constrangimentos nos mais diferentes sectores. Mas todas as línguas têm palavras com diversos significados, que, neste caso, contam também um pouco da História, do contexto em que foram criadas. Mas a verdade é que se não fosse este um problema da língua inglesa e sim de uma língua pouco utilizada, seria apenas um tópico para uma divertida conversa.

Quanto à necessidade da BD, frequentemente acusada de se encontrar na fronteira entre o entretenimento e a arte, se autoafirmar enquanto a última, bastará equacionarmos o cinema (ou poderíamos ter feito analogia semelhante com a música) para verificarmos que quer Jean-Luc Godard quer Michael Bay são ambos realizadores de cinema. Os filmes de Bay não pertencem a uma arte ou a um meio distinto dos de Godard.

Em Portugal, o sentimento destinado às revistas infantis de BD facilmente perecíveis ficou parcialmente ligado ao termo em desuso histórias aos quadradrinhos. O termo banda desenhada, transversal a todo o meio ou arte, foi elevando aos poucos o seu estatuto, ao ser retirado da designação o diminutivo de uma concreta figura geométrica. Não analisaremos neste texto o que ganhou e perdeu com a alteração da designação do ponto de vista semântico, mas certamente que a alteração da designação, em conjunto com a alteração das características dos produtos, permitiu mais facilmente uma superação do menosprezo de alguns sectores pelo meio.

O álbum ou livro de BD já são termos utilizados há décadas no nosso país, sem um valor negativo associado, o qual também não parece existir no termo revista de BD. Há décadas que também são vendidos nos mesmos locais que os demais livros, presentes nos quiosques e supermercados mas também nas livrarias. A importação do termo anglófono é somente uma questão de marketing, que tenta vender a ideia de que o produto é substancialmente diferente e/ou muito melhor do que os que já existem. Não é uma necessidade sentida mas sim uma tentativa de criar a necessidade para vender um produto. Não é exclusivamente em Portugal que esta situação se passa, verificando-se a popularização do termo graphic novel e/ou as traduções corretas e incorretas em diversos países vizinhos.

No entanto, o termo graphic novel não significa mais do que livro de BD (e nalguns casos, nem isso, apenas livro ilustrado). Na capa de um livro de uma editora portuguesa não dedicada à BD constar a designação graphic novel ou romance/novela gráfico(a) como sinónimo de livro de BD pode funcionar como uma importante mensagem de alerta aos leitores de que aquele livro é de banda desenhada. E se o marketing entende que lhe confere um estatuto popular diferente, não é de admirar que o faça. Por outro lado, a denominação de uma coleção com essa designação, como já tivemos várias importadas do Brasil no passado ou existe atualmente em Portugal, revela-se um termo oco/vazio, semelhante a se estar a designar uma coleção de livros de BD com o título “Livros de BD”.

É importante sabermos aquilo a que nos referimos quando denominamos algo de graphic novel, para que não se profira nenhuma porcaria 🙂

8 comentários em “Da porcaria das novelas gráficas

  1. Gostei muito de ler aqui este artigo. A imprecisão (para não dizer bandalheira ou “porcaria”) dos termos aplicados a esta arte é frequentemente um veículo para a sua percepção como cultura de baixo nível, especialmente pelo seu carácter eminentemente comercial e de consumo.
    Estranho no entanto não ver referido que a própria designação de “banda desenhada” é um galicismo sem sentido, imposto pelas importações franco-belgas da mesma forma que agora as americanas trouxeram a “novela”. É certo que “histórias aos quadradinhos” é um termo inoportuno por algumas razões mas ao menos conserva a sua originalidade mesmo que não possa ser, de modo literal, aplicado a muitas publicações.
    Estou perfeitamente de acordo quanto ao resto, excepto à analogia cinematográfica! Sem querer entrar em divagações sobre o significado da arte o facto é que a relação difícil que esta vai mantendo com o comercialismo tem definido muitas das suas variantes, mais do que as inovações da Técnica (no sentido lato), como, aliás, está bem patente neste artigo, não deixando de constituir mais uma barreira à expressão livre.

    1. V:
      Obrigado pela leitura e pelo comentário!
      Não quis explorar mais o termo “banda desenhada” neste texto para além de admitir que Portugal não se esquivou no passado à tentação de alterar a designação do meio/arte. Os tais telhados de vidro que tão bem citas 🙂 Tenho inclusivamente alguns episódios divertidos a contar a este respeito mas não me quis desviar demasiado do foco do artigo. Ficará certamente para outra oportunidade.
      A analogia cinematográfica (podia ter sido com diferentes artes) também me custa a digerir 🙂 Provavelmente, terei de regressar ao tema 🙂
      Abraço,
      Nuno

  2. Sem falar que agora Marvel e dc tem novas linhas ogn desde Season 1 Wolverine,a Avengers Rage of Ultron ou a Linha Earth 2 Superman,Batman,etc
    A 1a gn dc que li foi Batman Digital Justice,e na Marvel Hulk e Coisa:A Grande Mudança.
    Mas a linha é tão tenue que a Salvat no Brasil chama a linha de hcs a coleçao gns Marvel,tal como a Dc eaglmoss a lancar este ano.

  3. Aleluia!!! Alguém que pensa como eu. Que o termo ‘Graphic Novel’ Ou Novela Gráfica é oriundo dos USA e não tem nada a ver com Porugal! Obrigado.

    1. Olá, Pco69!
      O que este texto procura sublinhar é que:
      a) frequentemente, os norte-americanos utilizam o termo para todas as publicações de BD que se assemelham mais a um livro que uma revista de BD, independentemente de serem ficção ou não, antologias ou não, infantojuvenis ou mais maduras; e mais, aplicam-nos também por vezes a livros infantojuvenis ilustrados; já temos o termo “livro/álbum de BD”, pelo que não necessitamos de outro termo, aparentemente menos exato; mas, caso o utilizemos, temos de ter conhecimento a que é que equivale: um livro de BD;
      b) como corálio de a), desmistificar que o romance gráfico/novela gráfica é um novo meio ou um género de BD diferente da demais ou se aplica somente a BD mais madura/de maior qualidade; trata-se obviamente do mesmo meio (seja em revista ou em livro ou em jornal ou noutra publicação em papel ou online), chamemo-lo de BD ou de comics ou de histórias aos quadradinhos; não designa nenhum género dentro da BD; e não acredito que um termo possa atribuir maior ou menor qualidade a uma obra, principalmente porque não existem (nem podem existir) regras de atribuição da designação graphic novel às obras de BD.
      Abraço,
      Nuno

  4. Gostei muito do texto e considero-o pertinente. A questão no entanto parece-me estar ancorada na cronologia. No tempo da evolução do género em cada país. Esta evolução pode conter muito ou principalmente, numa primeira instância, estratégias editoriais que olhem apenas para o mercado independentemente das intenções dos criadores. A França sempre ditou quando um dado género popular está apto a entrar na academia, apto a ser considerado uma “arte maior” . Aconteceu por exemplo com o cinema e os “culpados” foram em larga medida os críticos, posteriormente eles próprios cineastas de ponta da chamada Nouvelle Vague, que eram os ferozes cinéfilos que escreviam para os Cahier du Cinema. Lembremos aqui a anedota verdadeira decorrente da surpresa de Alfred Hitchcock quando se apercebeu de que era considerado em França um “autor”, um dos maiores criadores de formas na arte do cinema, de todos os tempos e como respondeu, agradado mas não disposto a abrir mão do caráter popular do seu cinema: “o Cinema não é uma fatia de vida… é uma fatia de bolo!” Foi publicado recentemente um trabalho académico em França sobre a transformação da BD decorrente da opção pelo formato álbum. A BD no processo de metamorfose decorrente do formato livro. A conquista das livrarias pela BD. Eis o segredo que para os franceses, velhos e empedernidos burgueses, é um segredo já velho. Ou seja-não é segredo! Isto para os americanos não é fácil. Eles são eminentemente populares. No entanto os Comics há muito conquistaram a academia e com muito bons resultados. Quando existe uma ambição de fazer evoluir o género para patamares de tema/assunto de elevada exigência estética… a designação parece-me, do ponto de vista semântico, fazer bastante sentido. Como acredito, e aí os americanos são deveras lúcidos, que tudo isto existe porque existe uma indústria próspera, se do ponto de vista mercantil funcionar… “ouro sobre azul”!!! A alquimia da transformação de uma eventual porcaria num metal nobre.

    1. Olá, Sara!
      Obrigado pelo comentário.
      O trade paperback é aquilo a que chamamos simplesmente de livro de capa mole, por oposição ao livro de capa dura (hardcovers).
      A designação não se relaciona, portanto, com os fanzines. Foram, inclusivamente, os norte-americanos que inventaram o termo “fanzine” e aplicam-no da mesma forma que nós.
      Boas leituras,

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