Indo ao encontro do tema desta edição, “A Criança na BD”, a imagem do Amadora BD 2015 – 26º Festival Internacional de Banda Desenhada, que decorre de 23 de outubro a 11 de novembro, no Fórum Luís de Camões – é uma homenagem ao centenário das personagens infantis Quim e Manecas, da autoria de Stuart Carvalhais. Estas aventuras, publicadas n’O Século Cómico, são consideradas a vanguarda europeia da 9ª Arte da época.
Criada pela Widegris, responsável pela identidade visual e todos os materiais gráficos desta edição, a imagem do Festival tem como ponto de partida os desenhos originais do próprio Stuart Carvalhais, utilizando a linguagem visual da série “As Aventuras de Quim e Manecas”. Esta inspiração acontece, por um lado, ao nível da paleta cromática (monocromia, bicromia e tricomia), dos padrões (bolas do bibe do Manecas, quadrículas da camisa do Quim, listas, entre outros), dos interlúdios publicitários, entre outros elementos presentes nas histórias destas personagens. Por outro lado, há uma inspiração no universo gráfico e no tom de comunicação dos parques de diversões, das feiras populares e dos espetáculos de variedades, sempre apelativos para as crianças.
Segundo os responsáveis pela imagem do Amadora BD 2015, “a extensão, a diversidade e a peculiaridade da obra de Stuart fornece, por si só, elementos visuais gráficos passíveis de serem explorados na imagem e na comunicação do Festival. São elementos iconográficos de estimável valor que, criteriosamente apropriados e configurados em novos suportes e formatos, permitem comunicar de forma plena e ampliada os personagens Quim e Manecas e prestar a merecida homenagem ao autor. Consideramos que apresentar estas crianças, na sua génese e originalidade, traquinas, inventivas, atrevidas, emancipadas é a melhor forma de debater o tema da criança e da infância hoje, comunicar a obra de Stuart Carvalhais e ser eficaz no objetivo de registar o pioneirismo de um português na história da banda desenhada contemporânea europeia”.
Aprofundando o tema na exposição central, comissariada por João Paulo de Paiva Boléo, em colaboração com Pedro Moura, o Amadora BD 2015 pretende refletir sobre a forma como a Criança tem sido representada na BD ao longo dos tempos. Dos meninos traquinas e meninos exemplares, aos heróis e histórias de aventuras, passando pelo incontornável trio de crianças filósofas – Peanuts, Mafalda, Calvin & Hobbes – a exposição mostra como a Criança se apresenta como símbolo de descoberta, aprendizagem, imaginação e liberdade, tanto nas histórias para crianças como para adultos.
O Ano Editorial Português será também alvo de uma exposição alargada, que pretende dar conta da pluralidade de títulos publicados em Portugal entre a última realização do Amadora BD e a atual, organizando essa produção e apresentando alguns destaques escolhidos pelos comissários Sara Figueiredo Costa e Luís Salvado. Segundo Sara Figueiredo Costa, “a edição de Banda Desenhada em Portugal continua a ser um pequeno nicho naquilo a que chamamos ‘mercado editorial’, mas ainda assim tem sabido crescer e encontrar o seu público, criando pelo caminho novos leitores e procurando canais de distribuição e divulgação onde eles pareciam não existir. Entre as chancelas que integram grandes grupos editoriais e os projetos caseiros, passando pelas pequenas empresas editoriais ou pelos coletivos de editores e autores, há grandes diferenças de recursos, mas não há necessariamente uma separação no que toca à qualidade (de edição, impressão, acabamentos, mas também do conteúdo). O panorama editorial da banda desenhada portuguesa foi, neste último ano, rico na sua diversidade, sustentado na sua relação com o público e os canais de distribuição e, parece-nos, vencedor no trabalho de afirmação de projetos e edições, por mais diversas que sejam as suas características e os modos de trabalho que lhe estão subjacentes”.
Para além destes dois núcleos, destacam-se ainda as exposições dedicadas aos álbuns premiados em diferentes categorias nos Prémios Nacionais de Banda Desenhada 2014: Zona de Desconforto, de Amanda Baeza, André Coelho, Cristina Casnellie, Daniel Lopes, David Campos, Francisco Sousa Lobo, José Smith Vargas, Júlia Tovar, Ondina Pires e Tiago Baptista (Chili com Carne/Melhor Álbum Português), A Batalha de 14 de Agosto de 1385, de Pedro Massano (Gradiva/Melhor Desenho para Álbum Português), Hawk, de André Oliveira (arg.) (Kingpin Books/Melhor Argumento de Álbum Português) As Serpentes de Água, de Tony Sandoval (Kingpin Books/Melhor Álbum de Autor Estrangeiro), No Presépio, de Álvaro (Insónia/Álvaro Santos/Melhor Álbum de Tiras Humorísticas) e Lôá Perdida no Paraíso, de Vera Tavares (Tinta da China/Melhor Ilustração Infantil).
Organizado pela Câmara Municipal da Amadora, o Amadora BD – Festival Internacional de Banda Desenhada constitui o mais importante evento na área da Banda Desenhada, a nível nacional. É também uma importante referência a nível internacional, reconhecido como um dos maiores, melhores e mais diversificados eventos de BD, integrando o calendário internacional de eventos, como o Festival Internationale de la Bande Dessinée de Angoulême (França), o Lucca Comics (Itália), o Festival Internacional del Cómic de Barcelona (Espanha), New York Comic Fest (EUA) e o San Diego Comic Convention (EUA).
nota: texto divulgado pela organização.
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.