Lisbon Blues

Lisbon Blues

Hoje, dia 30 de outubro, a partir das 19h00, a Abysmo Galeria inaugura a exposição Lisbon Blues com com gravuras, desenhos, colagens e telas de Pierre Pratt.

Eis a divulgação:
Há muito que os olhos e as mãos de Pierre Pratt acariciam Lisboa, mas tudo ganhou novos tons a partir do desafio para ilustrar «Lisbon Blues», com poemas de José Luiz Tavares, outro lisboeta que nasceu no estrangeiro. O tom pode até ser negro, mas cheio de umas cores que não cabem nos bilhetes postais. Às gravuras propositadamente feitas para o livro somam-se outros trabalhos em diferentes suportes que enriquecem esta visão em travelling (de anos) sobre a cidade.
Pierre Pratt nasceu em 1962. Fez estudos em design gráfico ao Collège Ahuntsic em Montréal, de 1979 à 1982. Em 1983, publicou as primeiras páginas de banda desenhada e a seguir as primeiras ilustrações em várias revistas canadianas. Desde 1990, concentra o seu trabalho na área do livro infantil, como ilustrador, e também autor. Já ilustrou mais de que uma centena de livros. Ganhou numerosos prémios no Canadá tanto como na Europa e nos Estados Unidos, entre eles o Prémio do Gouverneur Général do Canadá, a mais importante distinção no mundo do livre infantil no Canadá, três vezes, uma Maçã de ouro em Bratislava, um Boston Globe Horn Book Award. Foi finalista para o Prémio internacional Hans Christian Andersen, en 2008. De 2008 a 2012, foi professor de ilustração no Ar.Co Centro de Arte e Comunicação Visual, em Lisboa. Vive e trabalha em Lisboa.

A exposição estará patente até ao dia 27 de novembro.
De segunda a sexta, das 11h00 às 13h00 e das 15H00 às 19H00.

Quanto ao livro que está na génese da referida exposição, tem o lançamento agendado para o dia 10 de novembro. Eis a sinopse da editora:
Embora inédito, LISBON BLUES é um livro escrito há muito, por alturas da chegada do autor à cidade que encontrou “pintada” desta maneira tão peculiar. Como bem notou António Cabrita, «o verdadeiro resgate deste livro é a sua consciência crioula, mestiça, o entrelaçado dos seus veios no ladrilhado dos seus versos. Ao jeito de uma bebinca. Expliquemo-nos. Temos a camada da Lisboa empírica, a da locomoção e vivência do poeta: as noites, engates, itinerários, passeios, eléctricos, turistagens, desejos, expectativas e rasgões deceptivos no plano existencial, o recorte da vida; depois temos, noutra camada, isso confrontado com a memória da Lisboa dos poetas que o poeta lê – Cesário, Vitorino Nemésio, Armando Silva Carvalho, o inevitável Pessoa, etc. –, a tradução literária –; ao que se sobrepõe nova camada com a memória transpessoal dos lugares: do rio, omnipresente, aos monumentos, às ínfimas e bolorentas tascas, ou aos cafés, miradouros, jardins e praças, e à sua importância topológica no cruzamento de comunidades díspares.
Isto leva a que, ao arrepio da maior parte da poesia hoje dominante – que usa e abusa de um só tempo verbal, coincidente com o do poema, e se concentra num episódico quadro temporal – JOSÉ LUIZ TAVARES (como antes dele, Jorge de Sena e João Miguel Fernandes Jorge) faça da História (literária, social, da linguagem) um harmónio e convoque a «longa duração» na tessitura dos seus poemas, sem medo de para isso por vezes recorrer à dissonante elipse como processo: “Deste-me telegráficas razões/ para o desamor./ O noturno arco-íris/ outra vez presa do teu riso — por muito menos abandonei filhos/ e mulher, e automóvel/ à saída do emprego./ Rossio à noite tem ciosos habitantes,/ pretos das africas de sorriso na algibeira,/ eu diria que gente (embora a saldo/ para qualquer leve inconveniente)/ que naves já não negreiras desembarcam/ por sob um céu que públicos contendores/ disputaram o matiz -/ eu diria que fúcsia, por vezes sépia,/ como nesse fundo de caravaggio/ em que pretos de ginga e volteio/ aguardam o vago Sebastião/apreçando a jorna em indecifrável algaravia.” (Noturno do Rossio).» O volume é enriquecido com as ilustrações de PIERRE PRATT em dois desdobráveis.
JOSÉ LUIZ TAVARES nasceu a 10 de Junho de 1967, no lugar de Chão Bom, concelho do Tarrafal, ilha de Santiago, Cabo Verde. Estudou literatura e filosofia. Tem colaboração em jornais e revistas de Cabo Verde, Portugal e Brasil. Pelo seu primeiro livro publicado, Paraíso Apagado por um Trovão, recebeu o Prémio Mário António de Poesia 2004, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian à melhor obra de autor africano de língua portuguesa e de Timor-Leste publicada no triénio 2001-2003.

Lisbon Blues
José Luiz Tavares
Ilustrações e logótipo convidado: Pierre Pratt
Abysmo
Revisão: Luis Manuel Gaspar
Composto em caracteres Electra LT Display sobre Arcoprint Milk de 100 g/m2
Ilustrações em 2 desdobráveis em Munken Linx de 90 g/m2
Capa em Arcoprint Milk de 300 g/m2
14,5 x 20,5 cm
ISBN 978-989-8688-26-2
12 €

nota: imagens cedida pela editora.

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