10 anos de Winx, a revista portuguesa de BD mais antiga

10 anos de Winx, a revista portuguesa de BD mais antiga

Embora a revista de banda desenhada Winx Club (Clube Winx na ficha técnica) conste sempre da nossa checklist mensal, raramente colocamos aqui artigos sobre a mesma, devido à editora não remeter aos órgãos de divulgação e/ou promoção da literacia em banda desenhada nem imagens das capas nem previews da BD,  sinopses das histórias ou informação sobre os autores.

Apesar da total ausência de colaboração da Zero a Oito, somos o único site especializado em banda desenhada que ocasionalmente aborda esta revista, quando nos parece ser relevante, ou não fosse a revista portuguesa de banda desenhada distribuída nas bancas com maior longevidade no nosso país. Desse modo, noticiámos o 8.º aniversário da revista, a marca dos 100 números e o 9.º aniversário.

Em setembro, a revista comemoraria o 10.º aniversário (o primeiro número data de setembro de 2005) mas tememos que não chegasse a ser comemorado tal quando verificámos que a revista não foi lançada. Dado se tratar de uma revista mensal, seria o 120.º número (os números não mentem: 12 meses x 10 anos = 120 números). A revista tinha vindo a sofrer diversas alterações nos últimos anos (menor número de páginas, menor formato e marcada subida de PVP) para contrabalançar a presumível descida de vendas, a par e passo com a descida das tiragens (15000 exemplares há 2 anos e 10000 exemplares há 1 ano).

Convenhamos que a Zero a Oito, que conta com 15 anos de existência, não é nem nunca será uma editora especializada em banda desenhada. Os seus produtos baseiam-se na exploração de marcas populares nos segmentos infantis (p.e., Barbie, Noddy, NutriVentures, Panda), sendo a presença de BD nalgumas das suas revistas mais uma consequência da sua atividade do que uma procura ativa por esse meio de expressão. De qualquer modo, nos anos mais recentes a BD Disney esteve presente na cancelada revista Phineas e Ferb (apesar de não ser o principal constituinte da revista e cada número conter inclusivamente menos BD que o número norte-americano correspondente), nalguns números da cancelada revista Disney Júnior e nas revistas únicas lançadas aquando da estreia dos filmes de animação Aviões e Frozen.

No entanto, se essas publicações mais recentes podem ser consideradas quase efémeras quando comparadas com a longevidade da editora, a revista das Winx acompanhou a editora durante dois terços da sua existência. Na altura em que chegou às bancas portuguesas, a concorrente revista Disney W.i.t.c.h., editada pela Edimpresa, conhecia um grande sucesso, parecendo que, tal como tinha acontecido em Itália e noutros países, se tinha encontrado no advento do novo milénio uma banda desenhada popular entre crianças do sexo feminino. Dois anos após a linha de banda desenhada Disney ter sido cancelada pela Edimpresa, com exceção da revista W.i.t.c.h., também ela terminaria em Portugal, em setembro de 2008. Em Itália, a revista W.i.t.c.h. seria cancelada no #139, em outubro de 2012.

Quanto à revista de BD das Winx, propriedade da Rainbow, continua a ser editada em Itália, estando atualmente no #139. No entanto, a ausência da revista nas bancas, bem como a recente alteração da política editorial da Zero a Oito, mais vocacionada para apostar no mercado livreiro infantojuvenil, com 4 novas séries em publicação (das quais, a mais popular será provavelmente a antiga Anita, cujo nome foi alterado, não sem polémica, para o original Martine), em detrimento das publicações nas bancas, fez-nos recear que o ícone #120, responsável pelos 10 anos da revista, não chegasse a ser publicado.

Com um mês de atraso, ele chegou agora às bancas, com um PVP de 4,99€ , acompanhado de 2 brindes, e contendo a banda desenhada Montanha do Arco-Íris (Il Monte Arcobaleno, publicada na revista italiana #128). A tiragem é de 7500 exemplares. Este dado, aliado à inexistência do habitual anúncio do próximo número, fez-nos suspeitar que a série poderia ter sido cancelada pela Zero a Oito. Em substituição do anúncio ao próximo número, existe publicidade aos últimos números editados (apostando no marketing da redistribuição), uma tática que a editora utilizou aquando das suas últimas revistas canceladas.

Contactada a editora, a mesma informou que a revista não foi cancelada mas viu a sua periodicidade alterada e que o próximo número estará nas bancas em fevereiro de 2016.

Convenhamos que tal não afeta os leitores de banda desenhada em geral, que não só não são o público-alvo da revista, como também não a leem. Quanto ao público-alvo, crianças do sexo feminino, fica com menos opções de banda desenhada nas bancas (as tentativas da Goody com BD dedicada ao género feminino – Minnie & Amigos, Violetta, Real Life – também se revelaram infrutíferas, desconhecendo-se ainda a performance das revistas infantis Disney sem BD Princesa Sofia e Doutora Brinquedos), com exceção das revistas Disney femininas que contêm algumas páginas com BD: Disney Princesas e Frozen.

Registe-se que a segunda revista portuguesa de BD mais antiga nas bancas é a jovem Disney Comix, que comemorará os seus 3 anos de existência no próximo dia 5 de dezembro, o que relefte a atual não continuidade das diferentes iniciativas de publicação de revistas de banda desenhada, que conhecem o seu cancelamento após um tempo de vida relativamente curto.

nota: em 3 de novembro, acrescentou-se a informação fornecida pela editora.

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