À semelhança do que realizámos para o ano de 2015, vamos analisar as publicações portuguesas de banda desenhada no primeiro trimestre de 2016 (1 de janeiro a 31 de março de 2016).
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS NAS BANCAS
Em primeiro lugar, ter-se-á de definir o que são publicações de banda desenhada. Uma divisão possível é distribuir as publicações em 3 categorias: de, com e sobre BD (tendo já omitido a quarta categoria, sem BD). Eventualmente favorecendo a abrangência, ao invés da exclusão, considere-se então, para efeitos deste artigo, que são publicações de banda desenhada aquelas cujo total de páginas de BD é igual ou superior a 50% da publicação.
Deste modo, foram consideradas as seguintes publicações, agrupadas por editora:
ASA
– Bernard Prince (Le Lombard)
GOODY
– Disney Comix (Disney)
– Disney Especial (Disney)
– Hiper Disney (Disney)
JANKENPON
– JanKenPon (próprio)
LEVOIR
– Super-Heróis DC (DC)
SALVAT
– Coleção Oficial de Graphic Novels Marvel (Marvel)
VISÃO/IMPRESA
– Coleção Banda Desenhada (vários)
Foram, portanto, excluída da análises, além de jornais e revistas com reduzido número de páginas dedicadas à BD, as demais publicações em que a BD ocupou menos de 50% do total de páginas, nomeadamente:
– Carros (Goody)
– Cartoon Network (Goody)
– Dinossauros (TailorMade media)
– DreamWorks Magazine (Bauer)
– Invizimals (Panini España)
– Lego Star Wars (Bauer)
– Playmobil (TailorMade)
– Playmobil Pink (TailorMade)
Ao contrário de 2015, foi excluída a revista Playmobil devido aos números publicados em 2016, até ao momento, ao contrário dos anteriores, não cumprirem com o critério de inclusão, apresentando 44% de páginas de banda desenhada. Caso o cut-off pré-estabelecido de 50% seja cumprido nos próximos números, reintegrar-se-á a revista na análise, dado ter sido esse o pressuposto assumido para distinguir entre uma revista de BD de uma revista com BD.
Das diferentes revistas com BD excluídas da análise em 2015, 3 não são agora citadas pois sofreram cancelamento o ano passado – Club Penguin (Panini España), Disney Junior (Zero a Oito) e Frozen (Goody) – e 1 deixou de publicar BD no seu miolo – Disney Princesas (Goody). As novas revistas com BD identificadas no primeiro trimestre de 2016 foram a DreamWorks Magazine (Bauer) e Playmobil Pink (TailorMade media).
Da análise, excluíram-se ainda aquelas publicações de BD que já tinham sido disponibilizadas anteriormente em contextos que não o de bancas ou que a distribuição em bancas tenha sido temporalmente pouco desfasada da distribuição livreira, tendo esta escolha afectado algumas publicações de BD de editoras como a G. Floy.
Pelo contrário, foram incluídas as edições da Levoir, uma vez que a sua distribuição é inicialmente exclusiva em banca durante um período de tempo alargado.
Deste modo, totalizaram-se 35 publicações de banda desenhada nas bancas, 54% sob a forma de livros, 43% sob a forma de revistas e 3% sob a forma de jornal (fig. 1). A Goody é responsável por 37% das publicações, enquanto a Levoir contribui com 26%, a Salvat com 17% e a Asa com 11% (fig. 2).
Iniciando a análise das revistas de banda desenhada disponibilizadas nas bancas, a Goody editou 87% das revistas e a Impresa 13% (fig. 3). Destes lançamentos, 13% realizou-se no contexto de publicações com periódicos e no contexto de colecções (0% de lançamentos individuais com periódicos). Das publicações com periódicos, 100% ocorreu com a Visão. O número de revistas de banda desenhada com brindes é de 0%. Registe-se que se nesta análise se incluísse as revistas com banda desenhada, a percentagem de revistas de BD com brindes seria superior, uma vez que a quase totalidade das revistas infanto-juvenis com BD excluídas incluem brindes.

No que toca a livros de banda desenhada, a Levoir editou 47% das publicações de BD neste formato, a Salvat 32% e a Asa 21% (fig. 4). Destes lançamentos, 68% realizou-se no contexto de publicações com periódicos e no contexto de colecções (0% de lançamentos individuais). Das publicações com periódicos, 100% ocorreu com o diário Público.
Quanto aos jornais de BD, referem-se à publicação Jankenpon, editado pela Jankenpon, sendo a única publicação com material nacional próprio, ao invés de material estrangeiro licenciado.
No que toca à editora original de cada uma das séries ou lançamento individual (nota: a única colecção que teve como fonte várias editoras estrangeiras foi a Colecção Banda Desenhada, da revista Visão, tendo sido considerada para a presente análise a fonte como “várias”, sem desdobramento da mesma), 37% pertencia à Disney, 26% à DC Comics, 17% à Marvel e 11% a Le Lombard (fig. 5).

A mesma análise por países de origem, revela que 43% da BD provém dos EUA, 37% de Itália, 11% de França/Bélgica, 6% de vários países (Colecção Banda Desenhada da revista Visão) e 3% de Portugal (jornal Jankenpon).

Registe-se ainda que dos 8 títulos de publicações periódicas de banda desenhada distribuídos nas bancas, 50% corresponde a séries em curso, 50% a séries autolimitadas e 0% a publicações isoladas.
As edições de banda desenhada portuguesa distribuídas nas bancas representam uma baixa proporção da BD portuguesa publicada. É um cenário que se tem mantido nos últimos anos e neste momento desconhecem-se factores que permitam pensar que será diferente em 2016. O primeiro trimestre de 2016 está de acordo com este pressuposto.
Comparativamente com o ano passado, existe um menor número de séries de revistas de BD nas bancas. No que toca a revistas de BD, a Goody cancelou 50% das mesmas em 2015. As séries canceladas foram Disney Big, Minnie & Amigos e Simpsons. Refira-se ainda o provável cancelamento de Winx Club não confirmado pela editora Zero a Oito.
A alteração da periodicidade da revista Disney Comix (Goody) de semanal para quinzenal diminui o número total de revistas de BD disponíveis nas bancas. Caso se confirme o cancelamento de Winx Club (cujo último número publicado em 2015 coincidiu com o 10.º aniversário da revista), a Disney Comix será a revista de banda desenhada mais antiga no mercado, com 3 anos de idade, um indicador da fragilidade deste sector, com os títulos a chegarem rapidamente ao final do seu ciclo de vida. Algumas das revistas de BD competem com as revistas com BD e brindes, para as quais o mercado parece ser aparentemente mais favorável actualmente, não só pelo surgimento de novas séries, mas também pela longevidade de alguns títulos (Carros, Disney Princesas – este último com BD em apenas alguns números); no entanto, também se verificaram cancelamentos em 2015 neste tipo de publicações (Disney Junior, Club Penguin e Frozen).
A necessidade do acessório chamativo (neste caso o brinde) para viabilizar as publicações com banda desenhada, tem-se inclusivamente expressado muito além das bancas nos mais diferentes níveis, como actividades paralelas em eventos de BD (leituras infantis, cosplay, etc), que por vezes tornam a própria BD o secundário (actores internacionais de cinema e televisão), inclusivamente nos eventos ditos mais underground (concertos de música). São indicadores da percepção dos editores e demais agentes quanto à fragilidade da BD per se e da necessidade de complementar a oferta com algo tão ou mais atractivo.
Regressando às revistas de e com BD, algumas, ao apostar no segmento infantil ou infanto-juvenil, conseguem atingir transversalmente diferentes grupos etários, seja tal motivado pela própria banda desenhada (p.e., BD Disney) ou o brinde agregado à revista (p.e., figuras exclusivas da Lego ou Playmobil).
Em resumo, conclui-se que o número de séries de revistas de BD sem brindes está a diminuir nas bancas, com cancelamentos e sem o aparecimento de novas apostas. Pelo contrário, as revistas infanto-juvenis com brindes, sejam elas de, com ou sem BD continuam a ser renovadas com o desaparecimento de umas (p.e., Club Penguin, Frozen) e surgimento de outras (p.e., National Geographic Junior, Playmobyl Pink, DreamWorks Magazine), sendo a aposta feita em marcas conhecidas e/ou temáticas consideradas actualmente fortes.
Como nota de rodapé, saliente-se que as revistas portuguesas de BD competem nas bancas com as revistas brasileiras de BD importadas, as quais, maioritariamente infantis ou juvenis, são transversais a diferentes grupos etários, sendo editadas pela Panini Brasil (DC Comics, Marvel, Mauricio de Sousa,) e Mythos (Bonelli, Rebellion). Pelo seu teor, as revistas brasileiras, em conjunto com as francesas de e sobre BD, atingem mais facilmente o leitor adulto do que as revistas nacionais. O número de publicações brasileiras de BD disponibilizadas nas bancas no primeiro trimestre (96) é largamente superior ao das revistas nacionais.
No que toca às publicações franco-belgas sob o formato de revista ou jornal de ou sobre BD identificadas (Aaarg! Mensuel, Casemate, Charlie Hebdo, dBD, L’Echo des Savanes, Fluide Glacial, L’Immanquable, L’Immanquable Hors-Série, Lanfeust Mag, Méga Spirou, Psikopat), no primeiro trimestre contabilizaram-se 34 publicações franco-belgas. Relembre-se que, neste dois formatos (revista e jornal), registaram-se 16 publicações portuguesas (o total de 35 publicações nacionais inclui o formato em livro).
No que toca aos livros de BD, em 2015 nenhum teve como alvo o público infantil, tendo-se publicado uma quantidade apreciável de banda desenhada juvenil que se poderia agrupar num género major de aventuras, com vários subgéneros possíveis, com predominância para o de super-heróis. Tal como as revistas brasileiras disponibilizadas nas bancas, estes livros atingem, sem dificuldade, o leitor adulto.
As temáticas de banda desenhada mais adultas não foram disponibilizadas nas bancas. Esta divisão artificial de segmentos que se tem abordado neste artigo não exclui obviamente a possibilidade da mesma obra originar leituras completamente diferentes consoante se é uma criança, jovem ou adulto (com percepções diferentes das frequentemente denominadas camadas de um livro). No entanto, pode-se presumir que, com as devidas excepções, a BD per se disponibilizada nas bancas no primeiro trimestre continua a dirigir-se a crianças e jovens ou a adultos que pretendem um escapismo. Obviamente que quando se considera a aquisição das obras e se tem em conta os economicamente menos acessíveis livros (por comparação com o preço unitário das revistas), encontra-se o viés de que a colecção de livros foi realizada a pensar num poder de compra que o jovem não terá.
Independentemente de tais considerações, verifica-se que a colecção de livros em banca permanece o modelo preferido no nosso país para o lançamento de álbuns de BD franco-belga com personagens que eram populares entre os leitores de banda desenhada de algumas décadas atrás, bem como os encadernados de super-heróis. Trata-se de um modelo que noutros países apela ao leitor mais generalista que não se interessa tanto por banda desenhada ao ponto de já ter adquirido individualmente tais livros, bem como ao coleccionador que deseja adquirir as bandas desenhadas que já possuía, desta feita numa compilação de edições em que eventualmente o papel e a capa dos volumes seja de maior qualidade. No entanto, no nosso país, transformou-se no modelo mais comum para a edição desse tipo de livros, ao invés da reedição sob formato colectável, apelando um pouco a todos (leitores de BD assíduos, ocasionais ou inexperientes), de modo a viabilizar os projectos editoriais. Este facto é um mau indicador sobre a edição de BD estrangeira disponibilizada nas livrarias em Portugal e a respectiva receptividade do público à mesma (se não toda, pelo menos a franco-belga –com as excepções conhecidas – e de super-heróis).
No primeiro trimestre de 2015, as colecções em banca continuam a obnubilar parcialmente a parca oferta nas livrarias de publicações nacionais de aventuras franco-belgas e encadernados de super-heróis. Critique-se ou não as escolhas das obras coligidas em colecções, relembra-se que este tipo de colecção resulta de uma combinação de factores entre o material que está disponível num dado momento (e as colecções têm timings precisos para serem executados) e um compromisso de escolha entre a editora nacional, os seleccionadores nacionais de material e outros agentes internacionais. É verdade que não seria suposto este modelo actuar como um determinante daquilo que mais é publicado dentro daqueles géneros no nosso país. De facto, deveria ser complementar. E, num mercado activo, publicaria exclusiva ou maioritariamente reedições (como acontece com outras colecções com periódicos, sejam em formato de vídeo, música ou literatura), tornando a selecção supérflua na história da publicação de BD estrangeira no nosso país, não dependendo de si a publicação desta ou daquela obra para que a mesma se encontrasse editada em Portugal.
Convém ainda relembrar que este modelo também aposta principalmente em colecções e em marcas fortes ou fortes q.b. (Marvel, DC, BD franco-belga), o que facilita algumas escolhas e dificulta (ou mesmo impossibilita) outras, não sendo possível que venha a substituir em pleno o catálogo dos editores que distribuem as suas obras de BD estrangeira fora das bancas. Mas a sua inexistência ditaria menos 19 livros publicados em 2016, com uma percentagem considerável de inéditos.
BD NAS LIVRARIAS
De modo a se ser coerente com os dados apresentados relativamente às bancas, somente se consideraram publicações de BD (excluindo-se aquelas com, sobre ou sem BD. Mas, no final, faremos ainda algumas considerações no que toca às publicações sobre banda desenhada.
Deste modo, excluíram-se todas as obras que não se consideraram de BD, independentemente de pertencerem ou não a editoras e autores conotados habitualmente com a BD (p.e., sketchbooks e livros de caricaturas). Inversamente, incluíram-se as wordless novels e demais publicações com narrativas gráficas mudas (cf. nossa posição sobre esta temática aqui e aqui), bem como livros com cartoons.
Registe-se ainda que apenas foram consideradas para esta análise as publicações impressas, não sendo alvo da mesma as publicações digitais, online ou não.
Quanto ao critério aparentemente óbvio de “publicação portuguesa de BD”, realizamos algumas considerações. As publicações brasileiras de BD disponíveis nas livrarias generalistas ou especializadas foram excluídas, bem como aquelas produzidas em países de língua oficial inglesa, francesa, etc.
No entanto, as publicações de BD de editores nacionais em, por exemplo, língua inglesa ou espanhola, foram incluídas, independentemente de Portugal ser o principal alvo das mesmas (p.e., incluíram-se as publicações da Libri Impressi, publicações com edição e impressão nacionais e com ISBN com o código de Portugal, embora se encontrem em língua espanhola por ser Espanha o seu principal alvo e Portugal o alvo secundário).
Se o ISBN parecia ser uma boa solução como critério de inclusão nas obras que o ostentassem, tiveram-se de realizar algumas excepções. No nosso entender, não contemplar as edições portuguesas da G. Floy devido ao ISBN das mesmas conter inicialmente o código da Dinamarca e actualmente o código de Espanha e não o de Portugal (devido a decisões com base em questões fiscais por parte da editora), pareceu-nos criar um artificialismo ao que se pretendia estudar. Em língua portuguesa e disponíveis aos leitores portugueses em eventos, bancas e livrarias portuguesas e estando indisponíveis em Espanha, aproximam-se bastante mais das publicações portuguesas que espanholas, pelo que foram incluídas.
Classificaram-se as diferentes editoras/(fan)editores tendo por base o binómio livrarias / distribuição alternativa, conforme a distribuição das suas obras no primeiro trimestre de 2016. Atendendo à maior potencial exposição nas livrarias generalistas, considerou-se que qualquer entidade que tivesse tido distribuição da maioria das suas obras de banda desenhada nas livrarias generalistas no primeiro trimestre de 2016, fosse ou não também disponibilizada por métodos alternativos, seria incluída na categoria livrarias. Quanto às editoras que não utilizaram as livrarias (nem bancas) para a distribuição das obras publicadas no primeiro trimestre de 2016 – ou somente o fizeram com uma minoria delas -, foram incluídas na categoria dos métodos de distribuição alternativos.
Deste modo, as editoras/chancelas editoriais incluídas na categoria livrarias foram:
– Arranha-Céus
– Booksmile
– Devir
– G. Floy
– Gailivro
– Gradiva
– Lucerna
– Pato Lógico
– Planeta Manuscrito

Estas entidades foram responsáveis por 12 publicações de BD identificadas. Das diferentes editoras, 22% publicaram 2 ou mais títulos no primeiro trimestre (fig. 3). Das editoras que utilizaram as livrarias para distribuição das suas obras, a Devir assume-se – tal como já tinha acontecido no ano de 2015 – como a editora com maior número de lançamentos (25%), seguida da Planeta Manuscrito (17%).

Quanto à origem das bandas desenhadas por país, a fig. 8 começa a dar algumas respostas sobre os locais onde se encontra a banda desenhada portuguesa. Com 33%, Portugal revela-se o segundo país mais representado nas 12 publicações, tendo os EUA atingido os 42% no primeiro trimestre de 2016. Seguem-se bandas desenhadas do Japão (17%) e Espanha (8%). Registe-se a ausência de outras origens presentes no ano de 2015, como França/Bélgica ou Brasil.
Por outro lado, se as bandas desenhadas disponibilizadas nas bancas dirigidas claramente a um segmento adulto ou público mais maduro foram escassas, nas livrarias a oferta é maior, apesar de também existir uma oferta maioritária de bandas desenhadas infantis e juvenis.
O total de publicações de BD de editoras distribuídas nacionalmente em livrarias no primeiro trimestre de 2016 corresponde a cerca de 12% do total verificado no ano de 2015. No entanto, atendendo a que a distribuição anual destas publicações lida com pequenos números e apresenta importantes variações mensais, tal não pode ser encarado como uma previsão da diminuição do número de títulos em 2016. Registe-se também que várias editoras, exclusivamente ou não dedicadas à publicação de BD, não lançaram nenhuma obra de banda desenhada no primeiro trimestre de 2016.
PUBLICAÇÕES DE BD COM DISTRIBUIÇÃO ALTERNATIVA
Consideramos possível – porque tal já se verificou nos 3 anos anteriores – que, apesar do nosso trabalho de identificação destas publicações, tenham existido outras no primeiro trimestre de 2016. Advertimos, portanto, que qualquer comparação temporal quantitativa que se realize (mês a mês, trimestre a trimestre, ano a ano, década a década…) neste domínio, deverá sempre ressalvar que se refere às publicações conhecidas pelo investigador a cada momento.
As editoras/(fan)editores cuja totalidade ou maioria das obras de BD não foi distribuída nacionalmente em livrarias generalistas (nem em bancas), disponibiliza a BD que publica por correio (ou em mão) via contactos com os próprios (desde sites com secção de loja virtual à simples divulgação de um e-mail de contacto), em eventos (dedicados ou não especificamente à banda desenhada), em lojas especializadas em banda desenhada ou noutras áreas (música, design…) ou em galerias de arte, bem como noutros locais mais inesperados. As editoras/(fan)editores de BD e demais entidades identificadas que foram incluídas no primeiro trimestre de 2016 nesta categoria foram:
– Clube do Inferno
– Façam Fanzines e Cuspam Martelos
– O Gato Mariano
– José Pires
– Libri Impressi
– Marco Mendes & Sofia Neto
– Mundo Fantasma
– Oficina Arara
– Ostraliana
Até ao momento em que se escrevem estas linhas, foram identificadas 14 publicações de banda desenhada das editoras/(fan)editores supra-mencionados, o que corresponde a cerca de 17% do identificado durante o ano de 2015. Metade corresponde a publicações de banda desenhada portuguesa, com excepção da faneditada por José Pires (Reino Unido) e Libri Impressi (EUA).
No que toca aos segmentos mais visados, é desta vez o infantil o menos proposto pelas editoras/(fan)editores que utilizam preferencialmente os métodos alternativos de distribuição. É provavelmente a categoria em que o segmento adulto se encontra mais representado, apesar de existir uma quantidade apreciável de banda desenhada juvenil.
BALANÇO DO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2016
Apresentando então os novos dados, se não se tiver em conta a distribuição ou tipo de publicação de BD, identificaram-se 61 publicações de BD.

Sem ter em conta distribuição nem tipo de publicação, podemos afirmar que 26% das publicações de BD no primeiro trimestre de 2016 proveio de editoras/(fan)editores com 1 publicação (identificadas no gráfico como várias), enquanto que 74% das publicações teve origem em editoras/(fan)editores que lançaram 2 ou mais publicações de BD no período de tempo supramencionado (fig.9).
Quanto ao número de editoras/(fan)editores com 2 ou mais publicações de BD no primeiro trimestre de 2016, corresponde a um terço do total de editores identificados.
Verifica-se ainda que as 3 editoras com maior expressão nas bancas (Goody, Levoir, Salvat), mantêm praticamente essa posição quando se considera o número de publicações de BD em geral, tendo a Goody editado 21% das publicações, a Levoir 15% e a Salvat 10%. Com uma percentagem também de 10%, encontram-se os fanzines de baixa tiragem faneditados por José Pires – único faneditor incluído no grupo de 2 ou mais publicações de BD. Seguem-se a Asa (7%) e a Devir (5%). As restantes editoras/(fan)editores com 2 ou mais publicações de BD contribuíram, cada uma, com 3 % das publicações (Impresa e Planeta Manuscrito).

Quanto aos países de origem (fig.10), identificaram-se 7 (apesar de se ter utilizado o binómio França/Bélgica, ao invés da sua divisão), tendo-se mantido a categoria vários para a Colecção Banda Desenhada distribuída com a revista Visão. Ao contrário do que ocorreu no ano de 2015, Portugal não lidera as origens da BD publicada. No primeiro trimestre de 2016, a liderança pertence aos EUA, com 34% (3.º em 2015), seguido de Itália, com 21% (2.º em 2015) e de Portugal, com 20% (1.º em 2015). Segue-se Reino Unido (10%), França/Bélgica (7%), Japão e várias (ambas com 3%) e Espanha (2%).
O primeiro trimestre de 2016 revelou-se tímido, no que toca ao número de publicações de BD, correspondendo a 16,5% do total identificado no ano de 2015. O início do ano é habitualmente mais fraco no mercado livreiro, mas curiosamente janeiro foi o mês com maior número de publicações nas livrarias. Foi também o mês com maior número de publicações independentes com distribuição alternativa (foram editadas mais publicações em janeiro que no total dos 2 meses seguintes). Fevereiro revelou-se o mês com menor número de lançamentos.
Esta atividade reduzida do primeiro trimestre pode também parcialmente ser explicada pela inexistência de um evento catalisador passível de originar um número apreciável de novas edições de BD. O Coimbra BD não gerou novas edições e a Feira Morta 2K16 foi parca em novidades.
PUBLICAÇÕES SOBRE BD
Por fim, uma pequena nota referente às publicações sobre BD. Das publicações sobre BD não relacionadas com exposições, identificou-se uma de distribuição alternativa. Referimo-nos ao quarto número de BD, faneditada por Saul Ferreira.
Deste modo, no primeiro trimestre de 2016, identificou-se 8% das publicações sobre banda desenhada registadas durante o ano de 2015.
FUTURO DE 2016
Em jeito de conclusão, listamos aqui algumas questões, várias delas interligadas, a que estaremos atentos ao longo do ano:
– diminuição do número de publicações de BD?
– diminuição de publicações de autores portugueses?
– diminuição de publicações independentes de distribuição alternativa?
– diminuição de publicações de temáticas mais maduras/adultas?
– diminuição de publicações de BD infantil a preço acessível nas bancas?
– saturação do mercado da BD na área do escapismo de origem estrangeira (EUA, Franco-Belga, Japão)?

Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.