O Bicho Carpinteiro vai estar em Beja

O Bicho Carpinteiro vai estar em Beja

fernando pessoa

A Vida Oculta de Fernando Pessoa e Cemitério dos Sonhos serão os primeiros livros do novo selo editorial português Bicho Carpinteiro.

Criado pelos argumentistas André Morgado (A Vida Oculta de Fernando Pessoa) e Miguel Peres (Cemitério dos Sonhos, Cinzas da Revolta), o Bicho Carpinteiro quer surgir de forma irrequieta no mercado nacional e internacional, com especial enfoque no Brasil, procurando criar uma linha profissional mais dinâmica e amiga dos autores.

Estivemos à conversa com André Morgado; deixamos aqui os pontos que consideramos relevantes.

“A ideia de que as editoras assumam uma posição de Aquiles perante os autores não é inteligente, uma vez que o calcanhar pode ficar à disposição de quem cria para uma pedrada. O que se vai existindo cada vez mais, a nível nacional e internacional, é uma propensão para os criadores procurarem edições independentes ou, pelo menos, associadas a editoras que tenham um modelo de negócio menos abrasivo. A ideia de criar o Bicho Carpinteiro foi resultado da falta de lógica que se vai encontrando em trocar um trabalho concluído (ou perto disso) por meia dúzia de condições que, muitas vezes, nem respeitadas são. Portugal é um país pequeno…sabe-se tudo muito rapidamente.”, diz André Morgado.

Neste momento, os mentores da ideia têm noção que serão vistos como um corpo estranho junto de muitos agentes ligados à banda desenhada, mas dizem que isso não os preocupa.

“O Bicho Carpinteiro tem vontade de fazer as coisas sem esperar que alguém as faça por nós. E temos a sensação que existe mais gente com a nossa linha de pensamento. Certamente que haverá pessoas que nos olharão com algum desprezo, mas o que é certo é que para o modelo editorial corrente já existe muita oferta em Portugal e nós não vamos ocupar esse lugar, nem o de ninguém. Nem tudo está explorado e é nesse sentido que queremos vir a marcar alguma diferença.”

Por agora, dizem, procuram estratégias para capitalizar o Bicho Carpinteiro e dar corpo a ideias e projectos já em fase de discussão com parceiros estrangeiros, mas fazem questão de assumir a posição de autores:

“Em primeiro lugar, somos autores que queremos ver as coisas feitas. Temos noção que há lobbies e que há interesses profundamente instaurados…mas tudo se renova. Se conseguirmos contribuir para essa renovação, melhor!”

Vontade e atitude, pelo menos, não lhes falta, com dois lançamentos planeados para este ano e a presença em vários eventos nacionais, o Bicho Carpinteiro promete ser uma tentativa de lufada de fresco no mercado editorial nacional.

  • A Vida Oculta de Fernando Pessoa, com argumento de André Morgado e arte de Alexandre Leoni, segue já com uma tiragem superior a 4000 mil exemplares no Brasil, tendo já sido apresentada em diversas ocasiões em Portugal, com destaque para a sua estreia em solo português na Comic Con Portugal 2015, onde vendeu 120 exemplares em menos de 1 dia e meio. A edição 100% nacional com o selo Bicho Carpinteiro vai ter o seu início de trajectória no XII Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.
  • Cemitério dos Sonhos, com argumento de Miguel Peres e arte de um grupo de 4 ilustradores brasileiros (Rodrigo Santos, Marília Feldhues, Rômulo de Oliveira e Cinthia Fujii), vai ser apresentado, pela primeira vez, no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja e promete captar a curiosidade de todos.

nota: imagens gentilmente cedidas pela editora.

3 comentários em “O Bicho Carpinteiro vai estar em Beja

  1. É bom ver novas editoras a apostar na banda desenhada. E por isso dou os meus parabéns.

    Tenho apenas uma observação relativamente ao artigo. É mencionado que a editora terá um modelo de negócio ou estratégia diferente do habitual por cá em Portugal mas não é explicado o que é que os distingue propriamente.

    Como leitor e autor, seria interessante ter mais detalhes.

    De resto, parabéns e bom trabalho.

    1. Antes de mais, obrigado ao Rodrigo Ramos pelo interesse e destaque. Quanto à tua questão Gabriel, é pertinente, mas não tenho uma resposta objetiva para te dar ainda: estamos a estudar o melhor modelo que consiga ser equilibrado para todos. Peço-te que, se tiveres interesse, me adiciones no Facebook e falamos um pouco mais a fundo (vi que és ilustrador, temos então muito que falar, ahah).

      Abraço

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