Jessica Jones: Alias 1

Jessica Jones: Alias 1

Alias 1 Capa PT_frente_peq_netO reconhecimento do público e crítica especializada relativo à série televisiva Jessica Jones na Netflix devolveu popularidade q.b. à personagem para que a G. Floy apostasse na publicação da série original da personagem, denominada Alias. O volume 1 foi colocado à venda na Feira do Livro de Lisboa e no XII Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

Escrito por um Brian Michael Bendis então há apenas 2 anos a produzir argumentos para a Marvel, mas já uma estrela em ascensão na editora graças aos recordes de venda de Ultimate Homem-Aranha, Alias foi o título fundador do selo MAX da Marvel, uma das linhas criadas em 2001 pela editora após ter abandonado o Comics Code Authority. O selo MAX destinava-se a um público adulto, razão porque todas as revistas apresentavam em parangonas parental advisory explicit content, numa altura em que a editora dava os primeiros passos a explorar o que a aparente “liberdade” lhe permitia nos EUA.

Alias aglutinava algumas tendências da época, como o facto de na estreia da personagem se lhe dar um passado pré-existente no Universo Marvel desconhecido dos leitores – como já tinha recentemente acontecido com Robert Reynolds, o Sentinela (Sentry, no original), criado por Paul Jenkins e Jae Lee com a colaboração de Rick Veitch e que Bendis curiosamente integraria nas suas histórias 3 anos mais tarde – e a existência sucessiva de várias séries televisivas norte-americanas populares do género thriller, policial ou espionagem protagonizadas ou coprotagonizadas  por uma mulher, culminando inclusivamente na homónima série televisiva de J. J. Abrams estreada alguns meses antes da banda desenhada, com Jeniffer Garner – a futura Elektra no grande ecrã – no papel de Sydney Bristow (e que também teve direito a ser transposta posteriormente para BD).

Sendo a escolha do título da Marvel uma grande coincidência ou não com a série televisiva, Bendis transportou para a mesma a experiência do género policial que trazia da banda desenhada mais indie da Caliber Comics e posteriormente na Image (onde iniciou Powers – cujo primeiro volume, Quem Matou a Retro Girl?, foi publicado pela Devir em 2004 -, recentemente adaptada para televisão e exibida em Portugal no canal MOV, tendo sido renovada para uma segunda temporada) e Oni.

A aparente liberdade do selo MAX – cuja “ausência de limites” fazia sorrir o leitor de banda desenhada europeia – dificultava, contudo, o cruzamento com outros personagens do Universo Marvel, sendo essa, bem como a coincidência de título com a série televisiva da ABC – cuja popularidade garantiria 5 temporadas – sido postuladas como as razões que levaram ao cancelamento do título 28 números depois e ao praticamente imediato relançamento sem o selo MAX e com o título The Pulse (que a Devir batizou como O Pulsar da Cidade no primeiro e único TPB publicado em Portugal). The Pulse terminaria passados 14 números. Com Alias, tinha-se praticamente encerrado a premissa de que era possível construir histórias sobre detetives privados no Universo Marvel. The Pulse, um suplemento do Clarim Diário, aproximou-o mais do cliché de super-heróis no meio jornalístico, apesar da tentativa de abordagem original. Foi também a transição para o mundo dos super-heróis. Os Novos Vingadores de Bendis herdariam um pouco da história de Alias e The Pulse, mas as histórias policiais mais ou menos noir da detetive privada já tinham desaparecido por completo.

É esta primeira fase que os leitores podem descobrir no volume da G. Floy, o qual reúne os números das revistas #1-9 de Alias (novembro de 2001 a julho de 2002). Segundo a editora, o volume deve chegar às bancas a partir de dia 8 de junho e às livrarias a partir de 14 de junho. A editora planeia lançar o segundo volume no outono.

Clique nas imagens para as visualizar em toda a sua extensão:

Eis a sinopse da editora:
A banda desenhada que serviu de base à série de televisão de sucesso da NETFLIX! Jessica Jones: Em tempos, chegou a ser uma super-heroína… mas não era muito boa. Os seus poderes eram corriqueiros, comparados com as habilidades incríveis dos ícones de uniforme que povoam o Universo Marvel. Numa cidade de maravilhas, Jessica Jones nunca encontrou um lugar que fosse só seu. Agora, transformada numa alcoólica auto-destrutiva com um terrível complexo de inferioridade, Jones é dona e única empregada das Investigações Alias – uma pequena empresa de investigações privadas especializada em casos de super-heróis. E quando ela descobre o segredo potencialmente explosivo da identidade verdadeira de um desses heróis, a vida de Jessica passa a estar em risco permanente. Mas o seu humor, charme e inteligência são a combinação perfeita, que talvez lhe permita sobreviver até ao fim desta aventura.
Brian Michael Bendis é um dos mais conhecidos argumentistas dos comics americanos, e um dos mais premiados, com cinco Prémios Eisner ganhos pelo seu trabalho na Marvel, e pelas suas séries independentes. Depois de ter assinado várias BDs policiais e de crime noir, Bendis começou a escrever para a Marvel, onde acabou por se tornar num dos principais arquitectos do Universo Marvel, e onde assinou algumas das suas maiores sagas (Ultimate Homem-Aranha, Dinastia de M, Invasão Secreta e muitas outras). Para além das sagas da Marvel, manteve também a sua série Powers durante largos anos.
Alias foi um dos seus primeiros trabalhos para a Marvel, e é geralmente aclamado como uma das séries em que Bendis manteve um cunho pessoal muito marcado e muita da sensibilidade da sua fase indy. Foi também a série que ajudou a estabelecer o selo Marvel MAX, para histórias com conteúdo mais gráfico e adulto (ficou célebre porque o primeiro balão da história contém um sonoro Fuck! que seria impensável noutras séries da Marvel). Em Alias, Bendis foi secundado por Michael Gaydos, outro artista que veio primariamente da cena independente, e que já assinou vários comics para as grandes editoras americanas, mantendo no entanto primariamente uma actividade como designer e pintor.
Alias é uma série sobre o outro lado da cortina e do palco, sobre o que acontece a um herói quando fica farto, e decide esquecer a parte do “super” do seu nome. É mais thriller e policial do que história de super-heróis. No primeiro volume da série encontraremos dois arcos de história distintos, um que se inicia quando Jessica Jones descobre involuntariamente a identidade secreta de um Vingador, e se vê envolvida numa conspiração ao mais alto nível, e outro em que ela parte em busca de Rick Jones e do segredo que ele esconde. Mas será ele o verdadeiro Jones, e serão eles aparentados… os Jones?

Jessica Jones ALIAS volume 1
Brian Michael Bendis (argumento) e Michael Gaydos (desenho)
G. Floy
216 páginas, cor, capa dura
ISBN 978-84-16510-14-6
PVP: 14,99€

nota: imagens cedidas pela editora.

3 comentários em “Jessica Jones: Alias 1

    1. Olá, PCO69!
      É normal que estas bandas desenhadas editadas há mais de uma década em editoras mainstream – e, neste momento, como sabes, há muitas publicações recentes ou anunciadas nessas condições – já tenham sido não só lidas em língua inglesa pelos apreciadores de BD com algum histórico, mas adquiridas nas suas diferentes versões, incluindo as integrais ou luxuosas (já decorreu tempo para que as editoras originais explorassem o filão das diversas edições). Neste caso concreto, a série televisiva na Netflix pode originar que leitores de BD portugueses mais recentes, bem como os que não tinham por hábito ler em inglês e os leitores não-habituais de BD, se interessem pela leitura da BD original, finalmente em português europeu.
      O público-alvo deste tipo de edições é outro 😉
      Boas leituras,
      Nuno

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