Com a publicação do nono álbum da coleção Jonathan da Asa distribuída com o jornal Público, realiza-se o segundo salto cronológico na série original franco-belga da autoria de Cosey. No entanto, se entre Kate e Neal e Sylvester se encontrava apenas um álbum já publicado em Portugal (embora, sob o formato de fascículos), o leitor português depara-se com um hiato de 5 álbuns entre Neal e Sylvester e Atsuko.
Três desses álbuns permanecem inéditos em Portugal. Os primeiros constituem o díptico norte-americano Oncle Howard Est de Retour (primeira banda desenhada editada diretamente em álbum pela Lombard, em 1985) e Greyshore Island (1986), com o reencontro de Jonathan com Kate. O primeiro é para ser lido ao som de American Garage (1979) dos Pat Metheny Group e de 461 Ocean Boulevard (1974) de Eric Clapton, enquanto que o segundo tem como banda sonora Hot Streets (1978) dos Chicago, Harlequin (1985) de Dave Grusin & Lee Ritenour e Old Ways (1985) de Neil Young.
O terceiro inédito foi publicado onze anos após Greyshore Island e tem novamente a Ásia como destino. Celui qui mène les fleuves à la mer (1997) tem como música ambiente recomendada Sacred Healing Chants of Tibet (Sound True, 1994), bem como as demais obras musicais citadas no volume. O leitor nacional que deseje realizar a leitura completa da série, poderá tentar obter estes 3 álbuns em língua francesa individualmente ou, em alternativa, o quarto tomo Intégrale, que compila todos os inéditos (álbuns 10 a 12 na série original).
Os seguintes dois álbuns de Jonathan foram editados conjuntamente no álbum duplo Colecção Clássicos da Revista Tintin #3: Jonathan – O Sabor do Songrong / Ela ou Dez Mil Pirilampos (Asa/Público, 2009). Originalmente publicados em 2001 e 2008, o primeiro é supostamente para ser lido ao som de Tibet, Tibet (1996) de Yungchen Lhamo, Tian E (1999) de Lingling Yu e Days (1968) de The Kinks. O segundo tem como sons recomendados Photograph (do álbum Pocket Symphony, 2007) dos Air, Mountains of Burma (do álbum Blue Sky Mining, 1990) dos Midnight Oil e Say Sea, Take Me! (1991, do álbum antológico lançado em 1998, Quotation of a Dream) de Toru Takemitsu.
Quanto à coleção da Asa, prossegue no dia 21 de junho com Atsuko, publicada originalmente em 2011. Trata-se de uma BD inédita em Portugal. O volume é supostamente para ser lido ao som do álbum Scroll Slide (2010) de Hybrid Leisureland, o tema Alone in Kyoto (2003) dos Air e Evening Snow (1988) de Tani Senzan & Tanaka Yoko.
Eis a sinopse da editora:
Preparando-se para abandonar a Birmânia, actual Myanmar, Jonathan conhece Atsuko, uma turista japonesa que anda à procura do local onde viveram os seus avós durante a ocupação nipónica da Segunda Guerra Mundial. A busca centra-se sobretudo na tia-avó da jovem, Hisa, misteriosamente desaparecida nas vésperas do seu casamento. A troco da ajuda do nosso herói, a jovem promete dar-lhe a conhecer o Japão. E Jonathan nunca foi homem de recusar um convite para uma viagem, sobretudo não sabendo onde esta última o poderá levar…
Atsuko
Atsuko (2011)
21 de junho
Inédito em Portugal
COSEY (n. 1950)
Bernard Cosandey, que adopta o nome artístico de Cosey, nasceu em Lausanne (Suíça), a 14 de Junho de 1950. Aos 16 anos inicia a sua aprendizagem como ilustrador numa agência de publicidade. Conhece em 1970 Derib, um autor suíço consagrado (Attila, Buddy Longway e Yakari), que o apoia e encoraja a criar as suas próprias histórias.
Cosey publica as suas primeiras bandas desenhadas em 1971, no diário belga Le Soir – três episódios da série Monfreid et Tilbury, com argumentos
de A. P. Duchâteau. Entre 1971 e 1972 assina ainda o desenho das aventuras do repórter Paul Aroïd no jornal diário suíço 24 Heures, depois editadas em álbum com o título Le Retour de la Bête (1972).
Mas é sem dúvida em 1975 que o talento e a originalidade de Cosey irrompem definitivamente, com a publicação na revista Tintin da primeira aventura de Jonathan, intitulada Souviens-toi, Jonathan. Leitor apaixonado de Jung e dos pensadores orientais, Cosey explorará nos anos seguintes, com grande sucesso, o universo deste seu herói singular, que tem tanto de sonhador e contemplativo como de destemido e aventureiro.
Em 1984 publica o primeiro álbum do díptico À la Recherche de Peter Pan, obra que assinala uma nova e fundamental viragem na sua carreira criativa, tendo-se dedicado ao longo da década seguinte a criar sobretudo histórias longas – Le Voyage en Italie (1988-1989), Orchidéa (1990), Saïgon-Hanoï (1992), Joyeux Noël, May (1995), Zeke Raconte des Histoires (1999), Une Maison de Frank L. Wright et Autres Histoires d’Amour (2003) ou Le Boudha d’Azur (2005).
Entretanto, em 1997, após um hiato de 11 anos, o autor regressa a Jonathan, série que continua a alimentar até aos dias de hoje.
Galardoado com inúmeros prémios, entre os quais o Prémio para o Melhor Álbum de 1982 (Kate, da série Jonathan) e o Prémio para o Melhor Argumento de 1991 (álbum Saïgon-Hanoï) no Festival Internacional de BD de Angoulême, Cosey, argumentista, desenhador e colorista, tornou-se conhecido pelo estilo original das suas bandas desenhadas, que narram aventuras em torno de personagens sempre cativantes. Apaixonado pela Ásia, o autorpercorreu exaustivamente as remotas regiões de Ladakh, Amdo e Kham, bem como o Nepal, o Tibete central e a China, em busca de inspiração para as suas personagens.
nota 1: imagens cedidas pela editora.
nota 2: agradecimentos a Rui Cartaxo, pela sua colaboração.
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.