Tio Patinhas 2

Tio Patinhas 2

Para o dia 13 de setembro, com um ligeiro atraso, está planeada a distribuição da revista Tio Patinhas 2 nos pontos de venda de periódicos. Como a capa, da autoria de Paolo Mottura, deixa antever, neste número é reproduzida a banda desenhada Tio Patinhas e as Moléculas de Aluguer, da autoria de Francesco Artibani e Mottura.

Esta BD tem a particularidade de pertencer à série de bandas desenhadas independentes Comic & Science. Desta vez o protagonista é o Tio Patinhas que explora a lua para extrair hélio-3 (He-3), um isótopo do hélio que é, na sua forma natural, aparentemente mais frequente na Lua do que na Terra e sobre o qual tem vindo ao longo dos anos a ser especulado o seu interesse futuro como fonte de energia e outras possíveis utilizações.

Se o leitor se interessa por BD que se baseie em factos científicos e os extrapolem para o domínio ficcional, as restantes 3 BD da série podem ser lidas nas Disney Comix 187 (com o próprio Einstein), 193 (a explorar as bases científicas das ondas gravitacionais, a prova de que a teoria de relatividade de Einstein é exata) e 195 (fusão a frio).

Nesta revista, regressa Fantomius, o personagem conterrâneo de um mais jovem Patinhas de quem o Donald herda o fato do Superpato. Para os leitores menos familiarizados com o personagem, relembramos a sua origem.

Em 1911, era publicado pela editora Libraire Arthème Fayard um folhetim denominado Fantômas, da autoria de Pierre Souvestre e Marcel Allain. É o primeiro de uma longa série de folhetins, onde se contam as desventuras  de um anti-herói mascarado, apelidado de génio do crime. Nos anos seguintes, os folhetins serão traduzidos e correrão o mundo (foram também publicados no nosso país) e as histórias conhecerão versões cinematográficas e em banda desenhada, para além de um folhetim radiofónico francês. Assim como Fantômas certamente foi inspirado parcialmente nas influências da época (Arséne Lupin, de Maurice Leblanc; O Fantasma da Ópera, de Gaston Leroux; Zigomar de Léon Sazie; bem como os escritos do século XIX de Paul Féval e Ponson de Terrail), viria a ser ele próprio fonte de inspiração a diversas personagens italianas de banda desenhada, a mais famosa das quais é Diabolik.

Diabolik foi criado pelas irmãs Angela e Luciana Giussani em 1962. Este anti-herói ganha rapidamente uma enorme popularidade, sendo transposto em 1968 para o cinema (e no ano anterior já tinha sido realizada a sátira Arriva Dorellik).

É neste contexto que Elisa Penna tem a ideia de criar o Superpato, designado de Paperinik em italiano, como uma sátira a Diabolik (refira-se que o Pato Donald é denominado de Paolino Paperino em Itália, apesar de atualmente ser mais conhecido somente por Paperino, o que podíamos traduzir como Gansinho; o termo é errada mas frequentemente utilizado para também designar patos, daí essa designação ao invés de anatra). A denominação brasileira de Superpato, adotada também em Portugal, não permite identificar a ligação óbvia entre aqueles dois personagens.

No entanto, Guido Martina, aliado à arte de Giovan Battista Carpi, opta por realizar uma história noir, aproveitando ao máximo a ideia de um personagem mascarado, e provavelmente adicionando a esta mistura de influências mais uns pontos retirados dos norte-americanos O Sombra, Batman e/ou James Bond. Na história que testemunha o nascimento do vingador diabólico Paperinik , quer em italiano, quer na tradução brasileira/portuguesa, é evidente a referência ao início (?) de todo o processo. Donald herda o diário secreto, as armas e o fato de um ladrão cavalheiro denominado Fantomius, numa clara homenagem a Fantômas.

Mas a personagem de Fantomius só é devidamente explorada muitos anos mais tarde por Marco Gervasio (se exceptuarmos uma versão dinamarquesa alternativa em que ele ainda se encontra vivo). Após ter estabelecido no cânone o nome de Lorde Quackett para o Fantomius numa BD publicada em 2003, Marco Gervasio dedica-se cada vez mais a explorar este personagem, através das 3 histórias do Superpato constantes da Disney Especial #11: Super-Heróis, originalmente publicadas entre 2007 e 2012. Nestas bandas desenhadas, é criado o ambiente da Patópolis dos anos 20 do século XX da subsérie de Fantomius, bem como as personagens coadjuvantes, como Dolly Paprika (semelhante à companheira de Diabolik, Eva Kant), Copérnico (inventor bisavô de Pardal) ou o Comissário Pinko (nome semelhante ao do antagonista de Diabolik, Inspetor Ginko, mas personagem inspirado no Inspetor Juve interpretado pelo cómico Louis de Funès na tetralogia cinematográfica realizada por André Hunebelle).

A primeira história da subsérie Os Fabulosos Feitos de Fantomius, Ladrão Cavalheiro, foi publicada na Disney Comix #101, denominando-se O Monte Rosa. Ao longo da subsérie, tem havido inúmeras referências à literatura e ao cinema, visitaram-se outros países e foi-se criando um universo muito próprio, como pôde ser lido na série Disney Comix, onde foi ainda reproduzida a saga A Grande Corrida, na qual o Donald encontra Lorde Quackett durante uma viagem ao passado.

Na BD reproduzida em Tio Patinhas 2, regressamos à Patópolis de 1911, com Marco Gervasio a contar pela primeira vez como se conheceram Lord Quackett e Dolly e como esta se torna a Dolly Paprika. É também a oportunidade para visualizar como tem sido celebrado o Dia dos Namorados pelo casal em 3 curtas BD.

Da Dinamarca, chega a BD A Síndroma da Sequela, da autoria de Olaf Moriarty Solstrand (argumento) e Romano Scarpa (desenho), protagonizada pelo Donald após receber uma máquina do Prof. Pardal.

Nesta revista repleta de patos, o convidado é o Mickey com a BD O Imperioso Vizinho da Frente, com argumento de Casty e desenhos de Silvio Camboni. O Ranulfo continua a dar problemas ao Mickey…

Por fim, a revista encerra com uma BD do Patinhas, intitulada Aquela Vez em que… Esvaziaste a Cave, de Augusto Macchetto e Alessandro Gottardo.

Clique nas imagens para as visualizar em toda a sua extensão:

Tio Patinhas #2
Autores: Alessandro Gottardo, Augusto Macchetto, Casty, Francesco Artibani, Marco Gervasio, Olaf Moriarty Solstrand, Paolo Mottura, Romano Scarpa, Silvio Camboni
Editora: Goody
Páginas: 132
PVP: 1,90€

nota: imagens cedidas pela editora.

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