Patoaventuras 4, a última publicação antes da insolvência da Goody

Patoaventuras 4, a última publicação antes da insolvência da Goody

Créditos: Paulo Dias

Com o quarto volume de PatoAventuras, a banda desenhada baseada no remake da série de animação de sucesso do final dos anos oitenta, DuckTales, chega ao final a aventura editorial da Goody.

Neste último número, estão presentes as seguintes bandas desenhadas:

  • O Risco que McPato Recusou – Joey Cavalieri & Gianfranco Florio
  • A Assustadora Viagem de Pesca em Família – Steve Behling, Alessandro Ferrari, Ciro Cangialosi & Cristina Stella
  • O Enigma da Sebe – Steve Behling, Emilio Urbano & Luca Usai
  • A Lenda do Cavaleiro de Duas Cabeças – Joe Caramagna, Ciro Cangialosi & Cristina Giorgilli
  • Terror nas Terras Altas da Escócia – Joey Cavalieri & Luca Usai
  • Pesadelo na Montanha do Urso – Steve Behling, Antonello Dalena, Danilo Loizedoa & Cristina Stella

No que toca à história da publicação de banda desenhada em Portugal, a Goody deixa a marca de ter sido em diversos anos a editora portuguesa que mais banda desenhada editou, quer em número de publicações quer em páginas de banda desenhada. Eis uma listagem integral das 462 publicações de BD da editora, ao longo de 6 anos (dezembro de 2012 a novembro de 2018):

BONGO
  • Simpsons: 13 números
DISNEY
  • Disney Big: 10 números
  • Disney Comix: 200 números
  • Disney Comix Record: 1 número
  • Disney Especial: 36 números
  • Donald: 12 números
  • Gooolo – Brasil 2014: 1 número
  • Hiper Disney: 48 números
  • Hiper Disney Especial: 2 números
  • Kingdom Hearts Final Mix: 3 volumes
  • As Melhores Histórias de Donald & Patinhas por Don Rosa: 1 volume
  • As Melhores Histórias Disney:
    • Clássicos da Literatura Universal: 5 volumes
    • Os Fabulosos Feitos De Fantomius, Ladrão Cavalheiro: 6 volumes
    • Mágicos de Mickey: 4 volumes
    • PatoAventuras: 4 volumes
  • Mickey: 11 números
  • Minnie & Friends / Minnie & Amigos: 12 números
  • Real Life: 4 números
  • Tio Patinhas: 12 números
  • Violetta (banda desenhada): 1 número
MARVEL
  • Deadpool: 4 volumes
  • Demolidor: 1 volume
  • Guardiões da Galáxia: 4 volumes
  • Homem-Aranha (Série I): 10 volumes
  • Homem-Aranha (Série II): 9 volumes
  • Marvel Especial (Série I): 10 volumes
  • Marvel Especial (Série II): 1 volume
  • Pantera Negra: 3 volumes
  • Os Vingadores (Série I): 10 volumes
  • Os Vingadores (Série II): 9 volumes
  • Os Vingadores – Infinito: 4 volumes
  • X-Men (Série I): 8 volumes
UBISOFT / TITAN
  • Assassin’s Creed: 3 volumes

Para além das revistas de BD, a banda desenhada esteve também presente noutras publicações da Goody, fossem elas licenciadas pela Disney (Carros, Frozen, Jack e os Piratas da Terra do Nunca, etc) ou outras empresas (p.e., BD franco-belga da editora Bamboo na revista Mega Power ou BD norte-americana da Boom! na revista Cartoon Network).

A Goody, fundada em 2000, tinha como perfil editorial a exploração de licenças mundialmente reconhecidas que permitissem um retorno rápido de investimento, explorando os segmentos infantojuvenil, de videojogos, saúde, natureza, tecnologia, religião e cinema, entre outros. Fez parte até agosto de 2016 do IEG (International Entertainment Group), um grupo de empresas centrado na distribuição de videojogos e filmes. Este grupo iniciou a atividade no Brasil há cerca de 7 anos. Esta atividade, em particular a distribuição de videojogos, altamente rentável por se tratar de um mercado em crescimento exponencial, exigia precisamente por este facto uma maior afetação de meios: recursos humanos e capital. Neste contexto, a holding IEG acabou por relativizar o interesse no negócio editorial em Portugal, tendo a partir de 2015 vindo a seguir uma estratégia de desinvestimento gradual na Goody, que conduziu a uma situação desequilibrada do ponto de vista financeiro e, em consequência, uma degradação dos resultados económicos. Tendo conhecimento deste facto e sabendo-se da intenção dos anteriores acionistas em alienarem o negócio ou encerrarem a Goody, em agosto de 2016, cinco dos quadros superiores da empresa resolveram fazer uma proposta de MBO (management buyout) que acabou por ser concluída com sucesso.

A resolução de efetuarem essa proposta, não obstante a situação delicada da empresa, foi tomada com base no facto destes quadros considerarem a empresa viável e acreditarem na existência de perspetivas de crescimento e de rentabilidade, dado a Goody representar na altura bastantes licenças de relevantes marcas mundiais no segmento infanto-juvenil, bem como noutros segmentos, tendo posteriormente ainda adquirido mais licenças.

No entanto, apesar dos diferentes planos de reestruturação da empresa, as dificuldades de tesouraria, que originaram na altura um enfraquecimento de portefólio, nunca se resolveram por completo devido à ausência de produtos de alta rentabilidade e/ou que se tornassem bestsellers (com resultados sempre longínquos da campeã de vendas que foi a série da revista Violetta, por exemplo). O processo de insolvência da distribuidora Distrinews II em 2017, dificultou ainda mais este cenário já por si complicado, dado o prejuízo financeiro que originou na editora.

Para além dos demais segmentos explorados pela Goody, a nível de banda desenhada, a reestruturação e diversificação da linha disneyana (com revistas com nomes de personagens, edições deluxe em capa dura, edições premium em capa mole e volumes de manga), a publicação periódica de volumes de super-heróis Marvel e a edição de volumes de Assassin’s Creed (estes últimos tentando apelar aos jogadores de videojogos) foram as últimas tentativas de reformulação do plano editorial de BD da Goody, tendo também apostado na criação de uma relação de proximidade entre os leitores das publicações da Marvel e a editora, fosse através das redes sociais, fosse em eventos de banda desenhada.

No entanto, nenhum dos planos de reestruturação da editora, fosse na BD ou demais segmentos, como se depreende, foi suficiente para contrariar o caminho percorrido ao longo de 2 anos para o atual processo de insolvência.

9 comentários em “Patoaventuras 4, a última publicação antes da insolvência da Goody

  1. Poooois. E eu que encomendei 7 livros no valor de 60€ EM SETEMBRO e nenhum ainda chegou. Tentei ir presencialmente à editora mas estava completamente encerrada.

  2. Tudo isso é verdade, mas a falta de uma linha editorial mais adequada também não terá ajudado. O início foi péssimo, com a opção de editar apenas material italiano e de qualidade muito duvidosa. Mais tarde começaram a escolher material melhor, ainda que continuando só com a produção italiana, mas o mal estava feito.

    Acho que tiveram a ilusão de que seriam principalmente as crianças a comprar e a ler as revistas, e não tiveram em conta as alterações de hábitos de lazer dos últimos anos, que faziam com que fossem muito mais os adultos a comprar, fosse por terem crescido a ler Disney, fosse por quererem também introduzir esse hábito nos filhos.

    E os leitores adultos são exigentes e queriam melhor. Queriam Barks, Don Rosa, queriam Zé Carioca e Morcego Vermelho e muito mais, e o que a Goody tinha para oferecer era muito poucochinho.

    Quando o material não italiano finalmente apareceu, já chegou tarde demais e não durou muito tempo, e simultaneamente continuou a haver muitas opções editoriais bizarras (como no caso do PKNA) e erros e falhas cada vez maiores e mais frequentes.

    E por fim, essa tal aproximação aos leitores nas redes sociais também tem muito que se lhe diga…

    Ou seja, não foram apenas factores externos que ditaram o fim de mais esta experiência com a Disney (e Marvel, etc). Também houve muita opção discutível e errada, na minha opinião. Se isso por si poderia ter evitado este desfecho, ou se ele seria sempre inevitável, não sei. Mas não ajudou nada, certamente.

  3. Na Disney é ate Irónico ser DuckTales comics usa a encerrar a linha depois de n material italiano,E na Marvel houve muito atropelo a linha de Mini Series/Marvel Especial que sao tpbs estava tudo bem material recente em tpbs com arcos fechados embora nos Guardioes da Galaxia deram um salto do inicio do Starllin para a fase Grounded e ja iam preparar o terreno para as Infinty Wars (saltando a run do Bunn toda) ja nas mensais almanaques fizeram n atropelos com Steve Rogers Capitao America,Jean Grey,Weapon x e claro Astonishing X-Men do Soule/Rosenberg.E editaram Guerra Civil 2 sem nenhum material dos comics issues de Iron Man e Capita Marvel os protagonistas.

  4. A Goody fez um ótimo trabalho publicando uma infinidade de hqs italianas inéditas no nosso idioma. Independentemente da opinião de fãs ardorosos de Barks e Rosa, o fato é que a produção italiana tem o seu valor, assim como a brasileira, a dinamarquesa e a holandesa, e seus artistas merecem respeito. O que não tem cabimento é ficar republicando hqs consideradas clássicas indefinidamente. Prefiro ter acesso a uma hq italiana tida como mediana do que ver a Saga do Patinhas sendo re-re-republicada… Aliás, como esta saga é superestimada!

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