O segundo volume da coleção Rubi.
Como tínhamos anunciado, o segundo romance gráfico da nova série de livros de banda desenhada da Chili Com Carne, intitulada Rubi, é Música para Antropomorfos dos brasileiros Fábio Zimbres e Mechanics. Foi editado originalmente com uma pequena tiragem pela Livros Voodoo e Monstros Discos em 2006, tendo sido reeditado em 2018 pela Zarabatana Books. Depois das duas edições no Brasil e uma na Colômbia, o livro chega a Portugal.
A ideia inicial para esta obra partiu da banda goianiense Mechanics, cujo vocalista, Márcio Jr., é também autor de banda desenhada. Durante cerca de um ano, a banda compôs as músicas para o seu próximo álbum de música, sem que existissem títulos nem letras para as mesmas. A banda convidou Fábio Zimbres, autor de BD, artista plástico e designer, a realizar uma narrativa gráfica, a partir das músicas. Zimbres alinhou as músicas e procedeu à elaboração do argumento da banda desenhada, em que cada capítulo correspondia a uma das músicas. Com base no argumento, a banda criou as letras e realizou as gravações finais das músicas, que remeteu para Zimbres, de modo a que a sonoridade distinta de cada música influenciasse o traço de cada capítulo.
O resultado foi uma narrativa de ficção científica que evoca a crise de sociedades capitalistas e industriais e a exploração da população por governos ditatoriais.
O processo que levou à criação do livro de banda desenhada teve direito a vários desdobramentos. Um deles é o livro teórico COMICZZZT! Rock e Quadrinhos: Possibilidades de Interface de Márcio Jr. (Contato Comunicação, 2015), no qual o autor atualiza a sua dissertação de mestrado de 2005, Histórias em Quadrinhos e Música Pop: Possibilidades de Interface, realizada no âmbito de um Mestrado em Comunicação na Universidade de Brasília, com a experiência resultante da criação de Música para Antropomorfos.
Outro desdobramento foi a curta-metragem de animação O Evangelho Segundo Tauba e Primal, realizada e produzida por Márcia Deretti (com quem Márcio escreveu a BD Cidade de Sangue) e Márcio Jr., com direção de arte, concepts e cenários de Fábio Zimbres. O filme será exibido no XV Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja na Bedeteca de Beja, sita na Casa da Cultura, pelas 21h30 do dia 10 de junho, em conjunto com outras curta-metragens inspiradas em BD. Eis o trailer da animação:
Clique nas imagens para as visualizar em toda a sua extensão:
Da tiragem nacional de 1000 exemplares, 300 deles são acompanhados do CD Music for Antropomorphics, em parceria com a Zerowork Records, comercializados diretamente pela Chili Com Carne.
Eis a sinopse da editora:
Romance gráfico e música Noise Rock nascido numa origem comum mas que se afastam cada um num trajecto paralelo. Nem o livro de Zimbres (S. Paulo, 1960) é uma adaptação das músicas de Mechanics (Goiânia, 1994) nem a música é uma banda sonora da banda desenhada.
A improvável gênese do artefacto musical/ visual que você tem em mãos é esta: uma banda de rock suja e malvada de garotos goianos (capitaneada por um fã ardoroso de Jack Kirby) criou a fagulha sonora, primitiva e ominosa para que Zimbres, o mais cortês dos quadrinistas experimentais, criasse seu grande épico. É um pequeno milagre das circunstâncias e uma grande história de origem, e quanto mais você pensa a respeito, mais faz sentido: quem possivelmente inventaria um treco desses? Essas pequenas instâncias de reconhecimento se repetem no decorrer das cerca de 200 páginas de leitura. Por trás de sua fachada desconjuntada, de capítulos desenhados em estilos drasticamente flutuantes, MPA tem uma narrativa sólida, com direito inclusive a toda aquela lenga-lenga de introdução, complicação e desenlace. É como um recontar cubista e ultracondensado da história do Ocidente, com pitadas de profecia bíblica, mitologia grega e farsa borgiana. – Diego Gerlach
(…) originalmente publicada em 2006 por iniciativa do grupo de rock Mechanics, comandado por Márcio Jr. A primeira edição, esgotada há muito tempo, se tornou um raro objecto de desejo dos fãs de Zimbres (…) Todos ouviram falar sobre o livro, mas poucos conseguiram um exemplar. No mundo desenvolvido por Zimbres/ Mechanics, conheceremos SP (San Paolo) e SF (San Francesco): duas cidades-robôts ou fortalezas andantes. Eles evoluem em meio a pântanos, florestas, desertos e campos povoados por jacarés musculosos, vacas amáveis e cães sem cabeça. Outras histórias paralelas se desenrolam dentro e fora das fortalezas: complôs políticos, editoras dirigidas por vacas tirânicas e fantasmas dominadores usando pessoas como títeres. Com seu traço que traz um profundo conhecimento das artes gráficas e narrativas visuais, Zimbres constrói um universo rico, complexo e coerente, aliando os quadrinhos underground à experimentação dos graffitis e artes-plásticas. Mergulhar no mundo de SP e SF é uma experiência única, onírica e caótica, regida pelos desenhos de Zimbres e pela música de Mechanics. – Zarabatana Books
Fabio Zimbres (ou FZ)
Nasceu em 1960, em São Paulo, e vive em Porto Alegre.
Estudou arquitetura e formou-se em artes. É designer gráfico, organiza exposições, pinta, faz banda desenhada e ilustrações. Fez parte da equipe fundadora da revista Animal que editou até seu final, em 1991.
Em Portugal, foi publicado anteriormente nos fanzines A Mosca (1997) e Mesinha de Cabeceira – Seitan Seitan Scum (2010), com uma BD escrita por Marte, bem como no catálogo Divide et Impera (Montesinos, 2009).
Música para Antropomorfos
Fábio Zimbres + Mechanics
Editora: Chili Com Carne
Série: Rubi, vol. 2
Páginas: 200, a preto e branco
Encadernação: rústica, com duplas capas e sobrecapa
PVP: 15,00€
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.