Graveyard Shift

Graveyard Shift

Quando a autora de banda desenhada Carla Rodrigues nos remeteu, para publicação, a banda desenhada Graveyard Shift, com argumento de Scotty White, informou-nos que o nosso plano de fazer uma edição bilingue estava dificultada pelo trocadilho do próprio título da mesma.

O desafio na tradução era o do duplo sentido que era imperativo manter na tradução do termo graveyard shift, o qual designa o turno da noite mas que, no caso desta banda desenhada, também faz a alusão de que os desgraçados que acabam neste turno são todos zombies, evocando o cemitério (graveyard). Em causa, não estava somente a tradução mas também evitar que se perdesse o humor desta BD curta.

De modo a ultrapassarmos este bloqueio, o Nuno Pereira de Sousa colaborou com a Carla Rodrigues na tradução. Não seria a primeira vez que se teria de traduzir graveyard shift para a língua portuguesa e, das traduções encontradas em diversas obras, o título brasileiro do filme Graveyard Shift (O Túmulo Vivo, em Portugal) pareceu o mais indicado – O Último Turno. A título de curiosidade registe-se que o filme foi realizado por Ralph S. Singleton, sendo a adaptação cinematográfica do conto homónimo de Stephen King, compilado no livro Night Shift (Turno da Noite, em Portugal). O facto do significado de “último” poder se aproximar dos significados de “final” e “eterno” era uma mais-valia.

Nas primeiras duas vinhetas traduziu-se de modo desigual graveyard shift, de modo a fazer a equivalência entre “turno da noite” (o termo usual deste tipo de turno, na 1.ª vinheta) e “último turno” (o título da BD, com esta designação repetida na 2.ª vinheta). Na última vinheta, realizou-se uma nova tradução do termo para uma nova equivalência, o “turno final”. Deste modo, a designação que os personagens utilizam para o turno vai-se alterando ao longo da BD (primeiro “noite”, de seguida “último” e, por fim, “final”), como se de sinónimos se tratasse, aproximando-se do conceito de fim / morte / cemitério / última morada / morada eterna, sem nunca chegar literalmente ao termo cemitério (apenas o evocando), mas nunca perdendo o conceito de “turno da noite”.

Discutiu-se ainda a fala da última vinheta. Se se mantinha uma tradução mais literal (“digo-te apenas que deves ser cuidadoso ou podes ser transferido para o turno final”) ou se se evocava a imagem de acidente laboral grave, de modo a reforçar a alusão à morte, que a ausência do termo “cemitério” na tradução portuguesa não permitia ser tão explícita.

O resultado final da tradução portuguesa foi a seguinte:

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