
Nova edição da adaptação para BD do romance de João Aguiar.
Foi com o romance A Voz dos Deuses que João Aguiar (1942-2010), licenciado em jornalismo pela Universidade Livre de Bruxelas, iniciou a sua carreira literária. Elogiado pela crítica, este romance evoca a história de Viriato, um dos construtores da realidade ibérica. Neta obra, em 147 a. C., alguns milhares de guerrilheiros lusitanos encontram-se cercados pelas tropas do pretor Caio Vetílio. Em princípio, trata-se apenas de mais um episódio da guerra que a República Romana trava há longos anos para se apoderar da Península Ibérica. Mas os Lusitanos, acossados pelo inimigo, elegem um dos seus e entregam-lhe o comando supremo. Esse homem, que durante sete anos vai ser o pesadelo de Roma, chama-se Viriato. Entre 147 e 139, ano em que foi assassinado, Viriato derrotou sucessivos exércitos romanos, levou à revolta grande parte dos povos ibéricos e foi o responsável pelo início da célebre Guerra de Numância. Viriato foi um verdadeiro génio militar, político e diplomático. Mas, sobretudo, Viriato foi o defensor de um mundo que morria asfixiado pelo poderio romano: o mundo em que mergulham as raízes mais profundas de Portugal e de Espanha. É esse mundo, já então em declínio, que este livro tenta evocar.
Sendo considerado por muitos um “clássico” do romance histórico português contemporâneo, mais tarde viria a constar do Plano Nacional de Leitura, sendo um livro recomendado para o 3.º ciclo, destinado a leitura autónoma, bem como para a Formação de Adultos como sugestão de leitura. Desde o seu lançamento foi conhecendo diversas edições, incluindo a edição ilustrada por Vasco Lopes.
Uma adaptação desta obra foi realizada para a banda desenhada por Rui Carlos Cunha e João Amaral, dez anos após o lançamento da obra, a qual foi inicialmente editada pela Asa. Vinte e cinco anos volvidos, com a obra esgotada, surge uma nova edição, desta feita pela Arcádia e a preto e branco, conforme o ilustrador a concebeu mas que, por constrangimentos vários, não ocorreu aquando da primeira edição. Este facto é ainda mais importante devido a Amaral considerar que a cor desvirtuou um pouco o desenho.
Por outro lado, para esta nova edição, foram refeitos todos os desenhos das pranchas capitulares, bem como outras pequenas alterações com o objetivo de tornar esta segunda edição mais rica que a primeira, sem que fosse desvirtuado o espírito com que a primeira foi concebida.
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Eis a sinopse da editora:
Comemora-se, em 2019, um duplo aniversário: o dos 35 anos do lançamento da primeira edição do romance A Voz dos Deuses (Memórias de um companheiro de Viriato), de João Aguiar e os 25 anos da primeira edição da adaptação desta obra para banda desenhada.
Estando este romance gráfico há vários anos esgotado no nosso mercado impunha-se a sua reedição, fazendo todo o sentido, que isso acontecesse este ano.
A ação desenrola-se entre 147 e 139 e relata-nos a vida de Viriato, esse grande chefe militar que, levando diversos povos ibéricos à rebelião, desafiou o poder de Roma.
João Amaral – Nascido em Lisboa em novembro de 1966, João Amaral estreia-se na banda desenhada em 1994, com a adaptação de A Voz dos Deuses, segundo a obra homónima de João Aguiar. Entre 1999 e 2000 colabora na revista Selecções BD – 2ª Série, aí publicando O Que Há de Novo no Império? e O Fim da Linha, um remake de O Comboio Apitou Três Vezes, de Fred Zinneman, passado numa aldeia portuguesa durante a viragem do milénio. Em 2002 é-lhe atribuída uma menção no Festival da Sobreda, na categoria de Novos Valores, com Game Over. Em 2003, participa no álbum Vasco Granja-Uma Vida, Mil Imagens, com a BD Missão Quase Impossível, sob argumento de Jorge Magalhães. A mesma dupla trabalhará Ok Corral, uma história de quatro páginas, que será assinada com os pseudónimos de Jhion e Zhion. História de Manteigas, Bernardo Santareno – Fragmentos de uma Vida Breve, História de Fornos de Algodres, Cinzas da Revolta, a adaptação a BD de A Viagem do Elefante e Museu Nacional Grão Vasco 1916 – 2016/Em Busca da Arte Perdida, são alguns dos títulos das obras em que trabalhou e que se encontram publicadas.
Rui Cunha – Nasceu em Lisboa, em janeiro de 1966. Vive atualmente em Sintra, vila na qual se fixou com apenas dois dias de idade. Depois de ter completado o 12.º ano, ingressou no ensino Universitário no curso de História, o qual acabaria por não concluir. Apreciador de cinema, gosta também de ler, ouvir música e de uma boa conversa. Depois de, em 1994, ter procedido à adaptação, conjuntamente com João Amaral, do livro A Voz dos Deuses, para banda desenhada, escreveu um primeiro livro em 1995, ao qual se seguiu um segundo, em 2000. É ainda autor do romance A Última Demanda, editado em 2013. Colaborador esporádico da Revista do “Clube Tex Portugal” desde 2015, mantém desde 2011 o blogue “amemóriadotempo”, onde escreve sobre os mais diversos temas. Repartindo a sua atividade pela TAP Portugal (empresa onde trabalha), o blogue e as colaborações para outras publicações, continua a escrever histórias.
A Voz dos Deuses (baseado na obra de João Aguiar)
Rui Cunha & João Amaral
Editora: Arcádia
Páginas: 116, a preto e branco
Dimensões: 231 x 10 x 319 mm
PVP: 19,89€

Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.