As Tentações de Santo Augusto

As Tentações de Santo Augusto

As tentações de um santo autoproclamado.

Em novembro, a Oficina Arara editou a narrativa ilustrada As Tentações de Santo Augusto, da autoria de Miguel Carneiro ou, se se preferir ser mais explícito As Tentações de Santo Augusto, assim auto-proclamado Santo no ano de 2016, como as viu Miguel Carneiro, sua descendência de sangue, e como as imprimiu na Oficina Arara no ano de 2019.

Clique nas imagens para as visualizar em toda a sua extensão:

Eis um excerto da apresentação de José Feitor na Raia #4:

Augusto é um exemplo: autoproclamado santo, assim se redescobriu e se refez como outro. Não me refiro a um mero e merdoso processo de renascimento ou epifania como os que são anunciados nas garrafas de refrigerantes. Falo antes de uma instância que surge de dentro para fora, uma doce lobotomia auto infligida e que permite excisar o que está a mais e nos limita. Pois o Augusto, que sabia fazer tudo, pelo pão se fez santo (pelo pão outro fizeram santo, muito antes dele, mas esse pouco sabia fazer). O caminho que percorreu foi torto e tortuoso, e a sua forma escapa-nos: aquilo que o cérebro produz tem muitos nomes e muitos efeitos, e não podemos olhar lá para dentro senão como amadores. Acossado por crenças e seduzido por argentários, envolto em mitomanias e fascinado por tropicalismos, mergulhado nas suas angústias e desgastado pelas agruras por que passam os que estão vivos e amam, o Augusto redefiniu-se na santidade. Não é garantido que o tenha desejado. Foi assim.

As Tentações de Santo Augusto
Miguel Carneiro
Editora: Oficina Arara

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