
Analisando os dois primeiros volumes de Lazarus.
Lançado em 2018, mas distribuído no canal livreiro apenas em maio de 2019, Lazarus encontrou a sua edição portuguesa a cargo da editora Devir. Em setembro de 2019, viríamos a ter disponível a edição portuguesa do segundo volume. A série original da Image Comics, lançada nos EUA a partir de 2013, foi criada por Greg Rucka e Michael Lark.
Família e Ascensão foram os dois títulos portugueses respetivamente dados aos volumes 1 e 2 da série. O primeiro volume compilou os 4 primeiros números publicados e do segundo fazem parte os 5 números seguintes.

Embora não seja um dos estilos de arte que mais prefiro ver em banda desenhada, é notável o trabalho de Lark que, além da arte, participou também no design e em parte da balonagem.
A obra parece bem resolvida e executada até onde se estende o segundo volume. É decididamente a banda desenhada de ação que os fãs do género procuram.
Quando comecei a ler o primeiro volume, rapidamente me saltaram à memória umas quantas outras séries que pareciam ter influenciado ou sido influenciadas por Lazarus. Into the Badlands é a série televisiva da AMC a que mais depressa associei. Se houve algum tipo de influência, não posso confirmar, mas muitos dos aspetos de ambas as séries coincidem, nomeadamente o mundo distópico futurista e a forma como este se rege politicamente. Na série televisiva, temos ainda os chamados clippers que se assemelham muito à ideia dos lazarus da banda desenhada de Rucka e Lark. Into the Badlands tomou influência da fábula chinesa Jornada ao Oeste de Cheng’en Wu. Poderia Rucka ter bebido influência da mesma obra? Fica apenas a divagação da minha parte.

Lazarus apresenta uma personagem carismática que, garantidamente, conquistou muitos fãs. Forever Carlyle é a comandante das forças armadas da família Carlyle, a sua Lazarus, (como é intitulada na história) e apresenta-se como uma espécie de Lara Croft com características do próprio Exterminador Implacável. Uma mulher sensual, com uma presença forte que é simultaneamente uma pródiga espadachim e artilheira, implacável e intimidante, quase um ciborgue imbatível. A ideia de sensualidade e brutalidade juntam-se mais uma vez na conceção de um marcante personagem que tem tudo para ser marcante.
O nome Lazarus parte da ideia de que Forever está integrada num programa científico que a permite regenerar e “ressuscitar” alguns momentos após a sua morte.
O primeiro volume apresenta uma grande quantidade de cenas de ação; traições na família e a incerteza crescente no pensamento de Forever. A ideia da premissa não é completamente nova, mas está muito bem executada nesta obra e traz aspetos originais. A personagem vê-se assolada pelas questões: serei mesmo parte da família? Serei mesmo filha biológica do chefe da família?
A humanidade de Forever começa então a ser questionada pela própria na passagem do primeiro para o segundo volume, quando esta recebe uma mensagem anónima, informando-a de que as pessoas à sua volta não são a sua verdadeira família.
O segundo volume apresenta uma maior sensação de reflexão e assenta já um pouco menos na ação. Introduz um novo leque de personagens e todos os números começam com introduções ao passado de Forever, quando esta era ainda pequena e vivia isolada da família, em treino constante para se tornar a comandante Lazarus desejada.

Como referi anteriormente, o enredo da história parece muito bem desenvolvido e executado. Embora não possa afirmar esta como uma das minhas séries favoritas, o trabalho de Rucka e Lark ficou aqui bem afirmado e os seguintes volumes guardam respostas que não quero perder. A personagem Forever é o grande foco desta obra e posso já vê-la como um ponto muito forte que os autores têm aqui. O carisma e a personalidade fria, mas em procura de humanidade, tornam esta personagem uma robusta protagonista.
A Devir anunciou a publicação do terceiro volume da série para o primeiro semestre deste ano, facto que não sabemos se será alterado devido à pandemia que assolou o nosso país e a Europa no início do ano. Até lá, boas leituras.

Rafael Marques tem 24 anos durante o ano de 2020. É músico em Lisboa e faz disso a sua profissão. A restante parte do seu tempo é dedicada ao sono, ao gaming e à leitura de banda desenhada, que terá descoberto como uma das suas maiores paixões entre 2018 e 2019, quando se envolveu numa relação com uma artista/ilustradora. Rafa é um apaixonado por tudo aquilo em que trabalha. Em segredo, escreve argumentos para banda desenhada, que são executados em belas pranchas pela sua companheira. Ainda sonha um dia vir a ser mordido por uma aranha radioativa…
Mais uma serie tipo Walking Dead, que a Devir não vai dar continuidade
Olá, sergio!
Tal como consta do nosso artigo:
Devir em 2020
e o autor refere neste mesmo artigo, Lazarus tem mais um volume planeado para este ano pela editora.
Boas leituras,