Emmy ao quadrado no segundo volume de Harrow County.
Duas Vezes Contado foi o nome traduzido para a versão portuguesa do segundo volume de Harrow County, de Cullen Bunn e Tyler Crook, originalmente publicado pela Dark Horse Comics.
O segundo volume contou com os números 5 a 8 da série. Dispõe de 120 páginas a cores e inclui uma galeria de esboços e estudos da arte, comentada pelo próprio artista, além de uma galeria com vários pin-ups desenhados por vários outros artistas. Este livro foi lançado em Portugal, pela G. Floy em junho de 2017.
O segundo arco da série volta a trazer-nos o mesmo estilo do anterior, como seria de esperar, ou seja, o excecional trabalho artístico num estilo tradicional e as lindíssimas aguarelas de Crook, apresentando-nos novas questões e novos mistérios no enredo.
Encontrei neste volume, mais especificamente no número sete, uma das mais soberbas capas que já vi. A beleza na cor, sendo uma pintura a aguarela torna a arte ainda mais congratulante. Simplesmente fantástica.
(A partir de aqui, este artigo contém revelações de acontecimentos passados no primeiro e segundo volumes de Harrow County).
Pois bem, o primeiro volume da série terminou com um final feliz, mas deixou em aberto uma nova questão, quem é a rapariga que aparece em destaque na última página?
Essa mesma personagem chama-se Kammi e revela a sua origem no segundo volume. Esta foi então apresentada como irmã gémea de Emmy e, com o decorrer do volume, apercebemo-nos das suas intenções completamente opostas às da irmã. Kammi vir-se-ia a tornar então a vilã deste segundo volume, dando a Emmy uma nova faceta, um novo carisma. Temos a personagem principal de Harrow County a conhecer o seu outro lado, a sua metade negra numa cópia física da sua pessoa. Depois desta demonstrar o fanatismo pelo lado mais obscuro do poder de sua mãe (Hester Beck) e a sua vontade de continuar aquilo que esta começara, Kammi reúne um pequeno exército de assombrações com o qual se virá a opor à sua irmã.
O enredo torna-se mais sombrio, apresentando-nos uma Emmy mais fria, uma Emmy que sabe o que tem de fazer para proteger os que quer bem. Por exemplo, o final de Kammi é o melhor exemplo para demonstrar a clara frieza de Emmy, que, vendo a irmã ser arrastada para os confins da terra pelo cadáver vivo de Hester e implorando por ajuda, nada faz para a salvar. Apesar disso, Bunn não se esquece de nos certificar que o lado mais humano da personagem continua também bem presente. Assim, apesar de não agir, Emmy expressa fisicamente as suas emoções, fechando várias vezes os olhos, chorando a situação, deixando ao leitor a interpretação do misto de emoções que possam estar a passar por si em tal momento.
Cullen Bunn apresentou-nos no segundo volume uma Emmy que, apesar de ainda não conhecer totalmente as suas capacidades e não ter todas as suas questões respondidas, tem maior confiança nas suas decisões e sabes quais devem ser. Além disso, uma Emmy que passa a conhecer um pouco mais da sua origem e que se afirma mais um pouco quanto à questão de que não é e não quer ser aquilo que Hester Beck era. Um grande trabalho e uma excelente continuação da série de Cullen Bunn e Tyler Crook.
Rafael Marques tem 24 anos durante o ano de 2020. É músico em Lisboa e faz disso a sua profissão. A restante parte do seu tempo é dedicada ao sono, ao gaming e à leitura de banda desenhada, que terá descoberto como uma das suas maiores paixões entre 2018 e 2019, quando se envolveu numa relação com uma artista/ilustradora. Rafa é um apaixonado por tudo aquilo em que trabalha. Em segredo, escreve argumentos para banda desenhada, que são executados em belas pranchas pela sua companheira. Ainda sonha um dia vir a ser mordido por uma aranha radioativa…