Na reta final para o último volume de Outcast.
Ao contrário do que fiz com os dois artigos anteriores de Outcast, desta vez decidi compilar vários volumes na mesma resenha.
Portanto e, enquanto aguardamos a chegada do volume final (que vai já sendo publicado atualmente nos EUA), deixo aqui aquele que será o último artigo crítico a Outcast antes do último volume (que, na versão portuguesa, compilará os dois últimos volumes originais da série).
Com o quinto volume, a G. Floy resolveu compilar os originais quinto e sexto volumes da série de Robert Kirkman e Paul Azaceta. Uma decisão muito sensata, se me é permitido afirmá-lo. Foi claramente uma forma de economizar, de várias formas, a publicação e o leitor só tem a ganhar com isso. Digo isto quanto a Outcast porque, como referi anteriormente, é uma das séries com o melhor ritmo que já li, mas é também uma série que pode ser lida muito rapidamente, ou talvez, na verdade, seja uma série que tanto desfrutamos, que acabamos por nem dar pelo tempo passar enquanto lemos. De qualquer forma, foi uma estratégia que penso que tenha resultado muito bem com esta série.
O terceiro volume recebeu o nome de Uma Pequena Luz, o quarto chama-se Sob a Asa do Diabo e o quinto (juntando quinto e sexto) compila O Novo Caminho e Invasão.
Atualmente, o sétimo volume está já disponível na versão original da Image Comics. Em português, com edição da G. Floyy teremos o volume seis (que compilará sétimo e oitavo volumes originais), sem data ainda prevista de lançamento. Note-se que esta terminará a sua publicação original nos EUA ainda este ano.
Quanto às minhas leituras anteriores da série, devo confessar que apenas no volume cinco tive contacto com a edição G. Floy (tendo lido os volumes anteriores nas suas versões hardcover da Image Comics). Rendi-me completamente a esta edição e, embora a edição original em hardcover seja muito boa, a edição (também ela capa dura) da G. Floy é muito bonita e está estruturada da mesma fora, além do grande conveniente do preço, que acabou por me sair bem mais em conta também. Revelo ter ficado muito surpreso com a relação qualidade/preço desta edição. Além da capa lindíssima e de toda a magnífica guarnição do livro, a própria textura do papel traz aquele prazer único que é ter um livro em formato físico.
Mas sim, não me esqueci do terceiro e quarto volumes e quanto às partes da escrita e da arte, vamos lá agora…
Muito se passou desde o volume dois até ao cinco. Muito mesmo! Nestes últimos três volumes tivemos as maiores reviravoltas de acontecimentos. As coisas vão-se passando a um ritmo muito bem faseado e o desenvolvimento da ação dá-se de uma forma calma, mas corrida. Torna-se até difícil explicar.
Tocando aqui mais diretamente em Uma Pequena Luz, recordo ter ficado completamente assoberbado com o primeiro número. Um número com muita ação, um início em grande para este volume, um misto de emoções e, na conclusão, novamente aquela vontade de ler o resto do volume de um só lance. Confesso até que guardei o livro várias vezes para não sentir que o estava a terminar demasiado rápido – queria continuar a ir lendo e não despachar tudo de uma vez.
Juntando o volume seguinte Sob a Asa do Diabo, é aqui que as coisas começam a ficar mesmo sérias. Kirkman vai continuando aos poucos a rejeitar as crenças religiosas quanto a possessões demoníacas (ou, aliás, o protagonista rejeita tais crenças), enquanto alimenta cada vez mais a crença do reverendo Anderson nas mesmas. Começa a tornar-se um “jogo” interessante entre Kyle e Anderson. As coisas começam a escalar para este segundo, tomando completamente o seu autocontrolo e levando-o a assassinar de uma forma grotesca o homem que crê ser o próprio diabo. Esta manipulação que Kirkman faz das emoções e das próprias personalidades dos personagens é algo que já se vai tornando para os leitores um feliz hábito. Se voltarmos ao primeiro volume, quase não vamos reconhecer no que o Kyle e o Anderson se tornaram desde então.
Se é então que Anderson começa a lutar pelas suas crenças, fazendo o que for preciso para acabar com o “mal”, é também agora que Kyle começa a descobrir o seu real propósito e as adversidades destes “demónios”. A situação revela ter proporções maiores do que imaginava e, rapidamente tem o condado de Rome praticamente todo no seu encalço.
Só no quinto volume temos a maior parte das revelações. O aparecimento do desconhecido pai de Kyle e os segredos que traz consigo, a vinda de um novo “chefe” dos “demónios” e as preparações para a guerra entre luz e trevas que se avizinha. Enquanto se escondem do resto do condado, Anderson começa uma espécie de culto contra as trevas, uma congregação de pessoas não possuídas que fogem das vilas e cidades do condado. A confirmação da guerra eminente dá-se já próximo da conclusão da obra.
Sim, são muitos acontecimentos para um só artigo, mas resumindo vagamente estes três volumes centrais, estes são a preparação para a conclusão que começa e acaba no próximo volume. Acredito que tem tudo para ser um final épico, certamente compensador de toda a leitura decorrida até aqui.
Termino deixando mais uma vez a referência ao excelente trabalho de Azaceta e de Breitweiser. Uma fusão artística simplesmente harmoniosa naquela que será uma das melhores séries de banda desenhada da atualidade.
Se ainda não começaram a ler esta obra genial, não vos consigo dar ainda mais razões para o fazerem. Só não queiram ser os últimos a conhecer o maravilhoso trabalho que é Outcast…
Rafael Marques tem 24 anos durante o ano de 2020. É músico em Lisboa e faz disso a sua profissão. A restante parte do seu tempo é dedicada ao sono, ao gaming e à leitura de banda desenhada, que terá descoberto como uma das suas maiores paixões entre 2018 e 2019, quando se envolveu numa relação com uma artista/ilustradora. Rafa é um apaixonado por tudo aquilo em que trabalha. Em segredo, escreve argumentos para banda desenhada, que são executados em belas pranchas pela sua companheira. Ainda sonha um dia vir a ser mordido por uma aranha radioativa…