Relendo Nem Todos os Cactos têm Picos de Mosi.
Ah! A amizade feminina. Será diferente da masculina? Assim tão diferente?
Comecemos pelas flores e seus significados, rasgados da personagem adolescente de Rita Almeida do 10.º B, a nove de novembro de dois mil e nove. Existe uma sinalização em três flores, ou melhor duas (a mesma flor só que partida) que bem pode ser uma chave da autora para toda esta história. Quem sabe? Bom, não sei mas gostei muito de ler estes sinais, tal qual um detetive encontra uma pista no chão. Será a amizade amor puro? Completamente desinteressada?
Uma amizade que nasceu no terreno fértil da infância e foi crescendo tal como algumas flores. Embora diferentes, Rita diz que ela e Luísa se complementam. Embora tenha escolhido uma flor diferente de Rita e, bom, como dizer, Luísa esteja interessada num rapaz lá da turma faz algum tempo. Será que Rita ainda quer a mesma flor de Luísa? Ser igual a ela? Ou apenas voltar àquela velha e nova amizade de infância? A um amor puro. Dizem que o caminho se faz caminhando. A solo. Porque eles (os caminhos) divergem.
Uma sequência narrativa muito bonita, com algumas analepses que lhe dão um sabor poético. Um desenho muito corrido e elegante. Atrevo-me a dizer: Livro completo.
Algumas imagens do interior podem ser vistas aqui.
Nem Todos os Cactos têm Picos
Mosi
Chancela editorial: Polvo
Páginas: 24, a preto
Encadernação: capa cartonada a 4 cores
ISBN: 978-989-8513-75-5
Costumava desenhar de joelhos, com os braços em cima da cama quando era pequenita e mais tarde numa mesa de escola. Os joelhos agradeceram. Cresci com banda desenhada e criei o fanzine “durtykat” em 2001. Viajei quase à pala e fui colaborando e comunicando através de desenhos, nascendo assim as Nits, em 2014. Voltei a desenhar de joelhos mas eles não se têm queixado. A última exposição foi na Galeria Mundo Fantasma, no Porto, no ano de 2019.