Sexo, mentira e vídeo

Relendo Lembras-te de Yang Yang? de Berliac.
Esta semana, enquanto procurava livros e fanzines para reler, reencontrei-me com o Lembras-te do Yang Yang? de Berliac e deu-me uma vontade de rir. Caramba, tão bem sacado, pois andei meia sorumbática e macambúzia nas leituras e Berliac espantou tal um bocadinho com as suas sensuais personagens de olhos rasgados.
Depois do fim, resta-nos a beleza e talvez algum sexo.
Bom, nem sempre é … bom.
Berliac retrata isso bem. Aliás, com algum abandono, mentira e tristeza.
OK, estas pequenas estórias são como algumas canções: tristes, que nos deixam em paz. Mas quem é Berliac? Não faço a mínima. Pensei ser japonês mas é argentino. Uau, pensei, o mundo é mesmo um penico eheheh! Com isto, quero dizer que se viaja bastante através da leitura, do desenho e das emoções que tudo isso provoca. Curto estas estórias, têm um sabor agridoce. Assim como a comida asiática. Em especial, a segunda.
Algo controversa, fala aparentemente de uma doença mental e tem uma sequência de pensamento absolutamente natural e certeira. Uma resposta tão encaixada que pensei se o autor não sofrerá do mesmo padecer que a personagem. Note-se, não é a resposta saudável e de salutar mas é a mais humana, a meu ver. E dá uma boa discussão. Sem dúvida. Tomar ou não meds quando eles nos cortam a criatividade e a líbido? Claro que agora isso está fora de questão. A indústria dos meds sabe dessas queixas e trabalha sobre o assunto. Cada vez existem mais novas respostas para determinadas situações.
Todavia, sim… foi uma excelente questão.
E, mais uma vez, o sexo como algo tão fixe que nos faz esquecer as dores e um passado algo tormentoso. Talvez o melhor da vida. Talvez, nem sempre bom. Talvez seja só mais uma forma de abandono, depois.
Não sei. Não sei.
Berliac (n. 1982, Buenos Aires) é um autor de banda desenhada. Entre os seus clientes, encontram-se o New York Times, Le Monde Diplomatique, McSweeney’s Quarterly e Vice Magazine, entre outros.
SOBRE O AUTOR |

- Colaboradora
- Costumava desenhar de joelhos, com os braços em cima da cama quando era pequenita e mais tarde numa mesa de escola. Os joelhos agradeceram. Cresci com banda desenhada e criei o fanzine "durtykat" em 2001. Viajei quase à pala e fui colaborando e comunicando através de desenhos, nascendo assim as Nits, em 2014. Voltei a desenhar de joelhos mas eles não se têm queixado. A última exposição foi na Galeria Mundo Fantasma, no Porto, no ano de 2019.
Últimos artigos
ARTIGOS2021.02.04Mander, de Paula Puiupo
ILUSTRAÇÃO2021.01.171.º Direito
ARTIGOS2020.11.25És doida ou quê?
ARTIGOS2020.11.12Os amigos malditos
Deixe um comentário