As Trevas Chegam ao Universo DC

As Trevas Chegam ao Universo DC

Liga da Justiça, o Lado Negro; Constantine, City of Demons; Justice League Dark: Apokolips War – O Tríptico das Trevas.

Ao contrário do que acontece com a Marvel, a DC não tem visto o sucesso sorrir-lhe no cinema. O último grande sucesso foi a trilogia do Batman – O Cavaleiro das Trevas, de Christopher Nolan, terminada em 2012. Antes disso, os Batman de Tim Burton. E ainda antes destes, os primeiros filmes do Super-Homem com Christopher Reeve.

Mas o que poucos parecem saber é que, ao contrário da Marvel, a DC domina em termos de longas-metragens de animação.

Desde 2007, já lançou 38 filmes directamente para vídeo, tendo Superman: Doomsday sido o primeiro.

E se, ao começo, cada filme compreendia um arco de história (adaptada dos comics ou original) que não tinha qualquer continuidade com o filme anterior ou com o seguinte, a partir de 2013 os filmes partilham o mesmo universo, respeitando uma cronologia específica, sendo que alguns deles implicam um determinado grau de continuidade.

Em 2017, antecipando-se em um ano à linha adulta DC Black Label, a DC Entertainment lança a primeira animação para um público mais adulto — Liga da Justiça – O Lado Negro (Justice League Dark) — que chega ao mercado português no mesmo ano.

Com realização do experiente Jay Oliva, tem nas vozes Matt Ryan (que desempenhou a série da NBC Constantine) como John Constantine, bem como Jason O’Mara, Jerry O’Connell e Rosario Dawson retomando as vozes de Batman, Super-Homem e Mulher Maravilha respectivamente.

É com este filme que se faz a junção do universo da DC com o universo da Vertigo.

O tom é bem mais sombrio do que o dos filmes anteriores e várias cenas aproximam-se um pouco das de um filme de terror.

A animação é de grande qualidade, a iluminação muito cuidada, os efeitos especiais bem gizados e a sonoplastia perfeita.

A história pode resumir-se da seguinte maneira… Os habitantes anónimos de Metrópolis e de Gotham começam a cometer crimes macabros inexplicáveis. A Liga da Justiça não consegue resolver os crimes que parecem ter uma origem sobrenatural. É então que Batman resolve recorrer ao único homem capaz de enfrentar forças do além – John Constantine.

Mas Constantine, cínico intratável, logo percebe que precisará da ajuda da mágica Zatanna, do espírito Deadman, da força bruta do Demónio Etrigan e da sua arma secreta, o poderoso Monstro do Pântano.

O que pode parecer a princípio uma história simples, na verdade revela uma certa complexidade na abordagem dos personagens. Desde logo na personalidade pouco agradável e politicamente incorrecta de Constantine, na sexualidade de Zatanna, na brutalidade de Etrigan e no duplo papel de Batman. Ou seja, vícios, sexo, sangue e uma espécie de esquizofrenia encapotada são as características que definem estes heróis ao longo de 73 minutos de bom entretenimento.

O segundo filme do tríptico, Constantine – City of Demons, The Movie, é lançado em 2018 e, infelizmente, não tem edição portuguesa.

A realização está agora a cargo de Doug Murphy e volta a ter Matt Ryan na voz de John Constantine.

Em termos de violência e terror, ao pé deste o primeiro filme quase parece um conto de fadas. Por alguma razão merece a classificação para 18 anos e a advertência que contém “violência sexualizada”, forte violência sangrenta e cenas chocantes.

Mas tudo isto não implica que a animação, mais uma vez, não seja extremamente cuidada e a iluminação quase perfeita.

Desta vez, Constantine tenta ajudar o seu amigo Chas Chandler a curar a filha deste, Trish, de um coma demoniacamente induzido. Mas para que isso aconteça, vai precisar agora da misteriosa Nightmare Nurse, da poderosa Queen of Angels e do brutal deus azteca Mictlantecuhtli, fazendo frente ao demónio Beroul que tem aprisionada a alma de Trish.

Este grupo de anti-heróis vai revelar as suas forças e fraquezas e John Constantine terá de percorrer o caminho para a redenção e enfrentar os seus demónios interiores.

Ou seja, muito mais que um filme de terror ao longo de 86 minutos.

O tríptico termina com Justice League Dark – Apokolips War, lançado em 2020 e também ainda sem edição em Portugal.

Com realização de Matt Peters e Christina Sotta, volta a reunir as quatro vozes de Matt Ryan, Jason O’Mara, Jerry O’Connell e Rosario Dawson.

Tendo a classificação para 15 anos é, quanto a mim, mais violento que o anterior. Por exemplo, podemos ver de todos os ângulos uma Harley Quinn a esmagar cabeças com o seu martelo XL ou o desmembramento de vários heróis principais.

Mais uma vez, a animação é irrepreensível, a paleta de cores fantástica e os efeitos especiais muito bons.

Darkseid, o tirano supremo do planeta Apokolips e o lado maligno da raça dos Novos Deuses, tem ao rubro a sua sede de conquista do universo. Com o seu gigantesco exército de parademónios, pretende impor a sua tirania eliminando de todos os seres pensantes a esperança e o livre-arbítrio através das acções mais tortuosas e violentas.

A última linha de defesa e obstáculo no seu percurso é o planeta Terra e a Liga da Justiça. E é aqui que se travará a batalha de proporções épicas que irá alterar em definitivo a vida de muitos heróis. E os que sobreviverem terão de levar os horrores da guerra a Apokolips.

Um filme repleto de surpresas, de novos destinos para heróis antigos e com a tónica posta no “dark” ao longo dos seus 86 minutos. O final, mesmo para os vencedores, é amargo mas não deixando de ter um traço de beleza poética.

É o último filme na continuidade começada em 2013 com Justice League: The Flashpoint Paradox mas que se pode ver individualmente.

Esta é a minha sugestão. Três filmes que podem ser vistos individualmente e que ficam ainda mais interessantes vistos em conjunto.

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