Alix, o começo da aventura

Alix, o começo da aventura

Os primeiros 4 volumes da série Alix.

Em Setembro de 1948, apareciam nas páginas da revista Tintin belga as primeiras pranchas que tinham como herói um jovem gaulês romanizado chamado Alix. O argumento e o desenho estão a cargo de um jovem criador, Jacques Martin (1921-2010), colaborador dos estúdios Hergé, onde participa na elaboração das aventuras de Tintin, tal como E. P. Jacobs (As Aventuras de Blake e Mortimer) e Bob De Moor (Cori, o Grumete).

Martin é, por isso, um seguidor da chamada “linha clara”, da minúcia, da obsessão pelo detalhe (gráfico ou histórico) e da qualidade documental que irão marcar todas as aventuras de Alix e dos seus périplos pelos territórios da Roma antiga e para além destes.

Alix vive num período conturbado e historicamente muito rico.

Estamos nos anos 50 a.C. Roma ainda é uma república e um dos seus líderes, Júlio César, tem a ambição de a tornar num império.

Neste contexto, Alix é um jovem gaulês feito escravo que, após ser liberto, se torna numa espécie de embaixador-espião de César, na companhia do seu amigo egípcio, Enak. Nessa qualidade, viajará pela Península Itálica, pela Gália, Grécia, Ibéria, África, Mesopotâmia, Ásia Menor, chegando mesmo à China.

A série atinge tal sucesso que se torna transversal a várias gerações de leitores, e cada novo álbum publicado continua a ser um verdadeiro acontecimento.

Para além de outras séries, quase todas do género histórico, Jacques Martin cria ainda a série companheira de Alix, Les Voyages d’Alix, já com 41 álbuns publicados e um gáudio para a vista.

Em 2012, mantendo-se a série original, é lançada pela Casterman uma série spin-off onde Alix é 38 anos mais velho, mais astuto e mais ambicioso, Roma é um Império e o seu imperador é César Augusto. Os argumentos de Alix Senator estão a cargo de Valérie Mangin e os desenhos magníficos são da autoria de Thierry Démarez.

1 – ALIX, O INTRÉPIDO

Originalmente, é publicado em álbum em 1956 pela Lombard. Em Portugal, aparece pela primeira vez em álbum em 1981 nas Edições 70 e é reeditado numa parceria Público/ASA em 2010 (com uma edição limitada para a Fnac em capa dura somente pela ASA).

Ter este álbum entre mãos é como encontrar um tesouro ou não fosse o primeiro volume de uma série mítica.

A aventura começa em 53 a.C. na cidade de Khorsabad (situada no actual Iraque). A República Romana envia legiões em conquista dos quatro cantos do mundo conhecido. A cidade de Khorsabad acaba de ser tomada por Marsalla, um oficial romano sem escrúpulos que massacra a população.

Entre os sobreviventes está Alix, um jovem escravo gaulês que, por pouco não mata Marsalla inadvertidamente. Preso a uma coluna do palácio imperial em chamas, Alix consegue escapar, mas acaba por ser vendido como escravo a Arbacés, mercador grego desonesto e cruel. Felizmente, é comprado pelo governador da ilha de Rodes, Honorius Galla Gracus que o considera, muito rapidamente, como seu filho adoptivo.

Mercê das relações de Gracus com Júlio César, este oferecerá a Alix um cargo diplomático, tornando-se um representante de Roma às ordens de César. E assim partirá em diversas missões pelo mundo antigo.

2 – A ESFINGE DE OURO

Publicado originalmente em álbum também em 1956 pela Lombard. Em Portugal tem uma primeira edição em 1981 nas Edições 70 e reedição pelo Público/ASA em 2010 (com uma edição limitada para a Fnac em capa dura somente pela ASA).

Esta é a primeira missão de Alix para Júlio César.

Em 52 a.C., César recebe uma esfinge de ouro que com uma mensagem revelando que cidadãos romanos de Alexandria andam a desaparecer misteriosamente.

Alix parte então para o Egipto dos Ptolomeus para investigar as estranhas ocorrências. Acaba por se infiltrar no templo de Efaoud no Alto Nilo, sede de uma seita misteriosa, e descobrir que o seu chefe possui uma enorme fortuna e esconde uma arma terrível.

É nesta primeira missão que Alix conhece Enak, o jovem egípcio que o acompanhará em todas (ou quase todas) as aventuras.

Uma nota para a precisão dos desenhos que reconstituem os locais no Egipto faraónico.

3 – A ILHA MALDITA

Publicado originalmente em álbum em 1957 pela Lombard. Em Portugal tem a primeira edição em 1981 nas Edições 70 e é reeditado pelo Público/ASA em 2010 (com uma edição limitada para a Fnac em capa dura somente pela ASA).

O argumento deste álbum é particularmente interessante pela sua trama e pela sua veracidade.

César dá a Alix uma nova missão. Ele deve partir para Cartago e descobrir o que aconteceu a Lydas, desaparecido misteriosamente.

Na verdade, Lydas encontra-se prisioneiro de Arbacés numa ilha vulcânica votada ao culto do deus Moloch (facto histórico). Arbacés pretende que o sábio lhe revele o segredo do “fogo grego” (facto histórico) e assim ter uma arma que lhe dará vantagem sobre Roma.

Nesta ilha maldita, Alix descobre uma civilização egípcia que se esconde em subterrâneos e onde humanos são sacrificados ao deus Moloch.

4 – A TIARA DE ORIBAL

Publicado originalmente em álbum em 1958 pela Lombard. Em Portugal tem a primeira edição em 1982 nas Edições 70 e é reeditado pelo Público/ASA em 2010 (com uma edição limitada para a Fnac em capa dura somente pela ASA).

Nesta nova missão, Alix deve escoltar o príncipe Oribal até Zur Bakal, a capital da Assíria. Tendo até agora vivido no exílio, Oribal deverá agora regressar para assumir o trono e ser coroado rei. Com ele leva uma tiara em ouro, símbolo do poder real e prova que pertence à sua dinastia. Mas a tiara é roubada durante a viagem e cabe a Alix descobrir quem está por trás do roubo.

Um elemento singelo e raro nas obras de Jacques Martin é o facto da tiara ser mágica e conseguir levar à loucura.

A meticulosidade do desenho dos locais históricos dos actuais Iraque e Irão é magnífica.

Continua…

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