A série de Carlos Trillo e Domingo Mandrafina.
Os autores de banda desenhada argentinos Trillo e Mandrafina iniciaram a sua colaboração nos anos 80 do século passado, produzindo obras vinculadas ao policial noir. A primeira BD que o duo desenvolveu em conjunto foi Los misterios de Ulises Boedo que versava os detidos desaparecidos. Mais tarde, realizaram uma série de histórias mudas publicadas na revista Superhumor, bem como a série El husmeante para a publicação Don. Prosseguiram o trabalho conjunto com obras repletas de mensagens alegóricas e um forte sarcasmo, como Piñón Fijo, Peter Kampf lo sabía, Cosecha verde (serializada ente 1989 e 1991 na revista Puertitas), El Iguana (que continua a história de Cosecha verde), Spaghetti Brothers e, mais tarde, Dragger. Estas obras começaram a serem publicadas em Espanha, França, Itália, Alemanha e EUA, sendo uma porta de acesso ao mercado internacional desde os meados dos anos 80.
Spaghetti Bros (aka Spaghetti Brohers) foi publicada em França pela editora Vents d’Ouest em 4 tomos a preto e branco, entre 1995 e 1996. A partir de 2003, conheceu uma versão colorida pela francesa Ruby (com exceção do 15.º tomo, colorido pela Laurence Croix) em 16 tomos. Uma edição integral da obra a preto e branco surgiu em 2008.
É a série original a preto e branco, em 4 volumes, que a Arte de Autor inicia este mês. A BD apresenta a família italiana Centobucchi, radicada em Nova York nos anos 30 do século passado, e o acerto de contas entre os 5 irmãos que a compõem: um mafioso cruel, um padre torturado, um policial inflexível, uma atriz e uma mãe de família que é uma assassina contratada.
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Eis a sinopse da editora:
Trillo e Madrafina dão-nos a sua visão peculiar — cruel e trágica — da história da América moderna. Para tal, servem-se dos membros de uma família atípica, a dos irmãos Centobucchi, emigrantes italianos cujos vínculos se estendem a instituições tão diversas e ao mesmo tempo tão afins como a Máfia, a Polícia e a Igreja.
Carlos Trillo (Buenos Aires, 1943 -2011) escreveu o seu primeiro argumento aos vinte anos para a revista Patoruzu. Em 1963, teve a sua primeira experiência profissional, aceitando vários trabalhos na área editorial. Dez anos mais tarde, tornou-se diretor de arte de uma revista satírica, Satiricon. Contudo, em 1976, esta revista foi proibida pela ditadura militar. Em 1975, escreveu Un Certain Danari para Alberto Breccia, seguiu-se Chavez le Fou para Horacio Altuna. Depois expandiu as suas atividades na banda desenhada e começou a escrever para várias revistas El Pendulo, Humor, Superhumor. Continuou a colaborar com Altuna em várias histórias, como Charlie Moon, Merdichevski, Les Petites Portes de M. Lopez e Slot Machine. Fez, também, equipa com artistas como Domingo Mandrafina em histórias como Histoire Sans Paroles e El Husmeante. Nos anos oitenta, escreveu para Jordi Bernet (Carnage Plus, Light and Bold), Eduardo Risso (Fulù, Simon, JC Benedict), Madrafina (Peter Kampf, Cosecha Verde) e Juan Giménez (Gangrène). Em 1992, criou Cybersix com Carlos Meglia, uma série acerca de criaturas geneticamente manipuladas, e Spaghetti Brothers, com Mandrafina. Escreveu, ainda, Chicanos para Risso, uma série passada num gueto espanhol numa metrópole americana. Depois de conhecer um agente da CIA, Trillo inspirou-se para a criação Mon Nom N’est Pas Wilson, que foi ilustrada por Walter Fahrer e publicada pela Casterman em 2000. Carlos Trillo é um mestre no realismo e na crítica social, que o tornou num dos melhores argumentistas argentinos de banda desenhada.
Domingo Mandrafina (Buenos Aires, 1945) procede da banda desenhada romântica e das adaptações cinematográficas. Da fixação no modelo de Victor de la Fuente, da colaboração com Saccomanno e Robin Wood, e, antes disso, da Escola de Diretores de Arte, do estudo com Breccia, pai, para quem ilustrará, em 1984, o único guião que o mestre fez para outro: Metrocarguero. Em 1983, depois de esbarrar com Trillo, começam a escavar juntos. Corre bem. Repetem. Incontáveis vezes. E juntos produzem a obra de que ambos mais se orgulham, Cosecha Verde, com a qual Mandrafina publicou pela primeira vez em França e lhe valeu o Prémio de Melhor Argumento no Salão de Angoulême de 1999. Não será esse o seu único prémio. Numerosos em Itália. Algum em Espanha. Outro na Suíça. O Grande Prémio de Humor em língua francesa por Viejos Canallas, uma peculiar derivação deste Spaghetti Bros, que agora se oferece aos leitores portugueses.
Spaghetti Bros
Carlos Trillo, Domingo Mandrafina
Editora: Arte de Autor
Páginas: 196, preto e branco
Encadernação: capa dura
Dimensões: 210 x 285 mm
ISBN: 978-989-54827-1-9
PVP: 22,75€
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.