Obra de Renaud Dillies e Grazia La Padula.
“Se puderes olhar, vê. Se puderes ver, repara”.
Dizia Saramago e também se encaixa particularmente bem neste livro, Jardim de Inverno de Renauld Dillies e Grazia La Padula, com edição nacional pela Kingpin Books.
Quantas vezes, tristes e cansados, não vemos a beleza e a vida acontecer à frente dos nossos olhos habituados já apenas ao rame-rame e rotina desta vida?
Um homem, cansado e triste numa cidade em decadência, suja e gasta, fica indignado com o gotejar no seu tecto. Decide descobrir o porquê e donde vem a tal gota de água.
Essa maravilhosa gota de água. O limite ou um “novo mundo”.
Prefiro pensar num novo mundo. Sem limites. Absolutamente onírico. E por outro lado, o reencontro. Real.
O triste homem não sente gratidão. Sente algo parecido com amor mas sem surpresa. Uma rotina também se isso assim for possível. A garantia do encontro dos sentidos. Sente a falta e o remorso dos pais. A sua falta. A dor.
“Por vezes, há momentos na vida em que temos de nos saber calar…
Ou então dispor de um bom argumento…
O meu é ter a cabeça dura…”
pensa.
Depois de ler este livro tão bem desenhado, apeteceu-me rever o filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, também sem nunca ter ido a Paris, a cidade do nosso homem, pareceu-me assim. A cidade em decadência. Contudo, é só ideia – eheh! Estou, se calhar, profundamente equivocada.
Provavelmente a famosa frase do filme Casablanca está também ela podre e decadente – eheh!
“We’ll always have Paris!”
Será melhor assim, segundo o livro: jardinar, cultivar, regar o nosso jardim interior, exterior de inverno e verão..
E
talvez
sonhar para concretizar.
Costumava desenhar de joelhos, com os braços em cima da cama quando era pequenita e mais tarde numa mesa de escola. Os joelhos agradeceram. Cresci com banda desenhada e criei o fanzine “durtykat” em 2001. Viajei quase à pala e fui colaborando e comunicando através de desenhos, nascendo assim as Nits, em 2014. Voltei a desenhar de joelhos mas eles não se têm queixado. A última exposição foi na Galeria Mundo Fantasma, no Porto, no ano de 2019.
Boa tarde, Ana. Obrigado pela bonita crítica. Julgo apenas que teria sido simpático, e útil, uma referência à editora. Obrigado pela atenção.
Olá, Mário!
Obrigado pela dica. Acrescentámos essa informação.
Certamente, a autora da análise deve ter pensado que o link no texto para o artigo de divulgação da obra seria suficiente.
Aproveitamos para convidar todos a seguir o link supramencionado, uma vez que terão acesso não só à sinopse e ficha técnica, como também a previews desta excelente obra, muito bem cotada entre toda a equipa nuclear do nosso site.
Convidamos ainda a quem não conhecer a outra obra ilustrada por Grazia La Padula publicada em Portugal, desta feita com argumento de outro autor muito querido por nós, Tony Sandoval, a descobrirem a BD Ecos Invisíveis, também editada pela Kingpin.
Esperamos que a também excelente banda desenhada Le chapeau mystérieux de Monsieur Pinon, ilustrada pela Grazia e com argumento de Bartosz Sztybor, venha a conhecer um dia edição em Portugal.
Aproveitamos ainda para agradecer à Ana a oportunidade para todos relembrarmos a qualidade não só do trabalho da Grazia mas também de Renaud Dillies, cuja restante obra continua inédita no nosso país.
Boas leituras,