Artigo comemorativo do Batman Day.
Se há personagem incontornável no mundo da 9.ª Arte (e não só), ele é o Batman!
Criado por Bob Kane e Bill Finger em maio de 1939, o Cavaleiro das Trevas atravessou mais de oito décadas e aproxima-se dos 100 anos com ainda mais fulgor do que quando começou.
Se fizermos a contabilidade ao estilo da Disney (que considera que a cada sete anos surge uma nova geração), então já quase 12 gerações de leitores acompanharam avidamente as aventuras do Homem Morcego.
Não é tarefa fácil conseguir manter o interesse do público por tão longo período de tempo e ainda mais difícil é ter-se a certeza de que o fenómeno está para dar e durar ao final de tantos anos.
Para que isso aconteça, a contribuição de autores como Frank Miller e David Mazzucchelli em Batman: Ano Um é essencial. Sempre que o mito é renovado, adensado, mas mantendo ao mesmo tempo a sua essência, consegue ganhar uma nova geração e manter as anteriores.
E Miller e Mazzucchelli conseguem fazê-lo com grande brilhantismo!
Para quem gosta, como eu, de arte, seja na forma de literatura, de pintura, cinema ou qualquer outra, é sempre um encanto poder observar de fora o carinho com que um pai passa a sua colecção de livros e de memorabilia ao filho e, por sua vez, este a passa ao seu filho. Um encanto comovente como velha e nova geração estimam vivências, recordações e partilham experiências sensoriais.
Ao pai, chamo de pai. Ao filho chamo de irmão. Ao filho do filho, de sobrinho. E com eles vou levá-los a viajar pelo complexo primeiro ano de vida de Batman…
Vamos à história!
4 de Janeiro.
É o seu primeiro dia naquele sítio e o tenente James Gordon percebeu de imediato – Gotham está podre! Se há inferno na Terra, ele acabou de lá chegar. E num comboio apinhado. Preferia ter vindo de avião!
Após doze anos ausente, o multimilionário Bruce Wayne regressa a Gotham. Vem de avião, em primeira classe. Preferia ter vindo de comboio!
A perspectiva do inferno não amedronta Gordon. Na sua profissão, ele está habituado a ver o lado mais negro da alma humana. O que o preocupa é a sua mulher Bárbara que vem a caminho daquele lugar sórdido, e ainda para mais, grávida. À chegada à estação, Gordon é recebido por um gorila, o detective Flass, aparentemente o seu novo parceiro. Flass trata Gordon com bonomia e tenta pô-lo à vontade. Mas Gordon percebe que há algo que não bate certo.
Mas não é só Gordon que chega à cidade. Bruce Wayne acaba de desembarcar no aeroporto de Gotham e o seu regresso provoca grande alarido entre os repórteres que o aguardam. Wayne esquiva-se dos jornalistas e não tece qualquer comentário acerca do seu regresso ou sobre os rumores que circulam acerca da sua vida amorosa. Antes anseia por voltar à sua mansão onde o espera Alfred, o fiel e dedicado mordomo da família.
Depois de passar pelo crivo do sinistro comissário Loeb, Gordon começa logo de seguida o seu primeiro dia de trabalho. E o choque com a realidade é imediato. É que a polícia de Gotham usa métodos muito peculiares e o detective Flass não foge à regra. Para espanto de Gordon, Flass trava bruscamente o carro onde fazem a ronda e sai calmamente. À sua frente está um grupo de jovens. Flass escolhe aquele que é seu conhecido e dá-lhe uma tareia a troco de nada. Gordon, atónito, observa e estuda os movimentos do parceiro. Pode ser que lhe sirva no futuro.
12 de Janeiro.
Nova ronda. Flass informa Gordon de como “os rapazes” estão preocupados. Todos acham que ele tem de relaxar e adoptar o modo de como as coisas se fazem em Gotham…
21 de Fevereiro.
No campo coberto de neve à volta da mansão, Bruce Wayne treina sem descanso. Ele sabe que tem os meios, as qualidades necessárias e os métodos. Mas há algo que ainda lhe falta. Não sabe o quê. Precisa de esperar.
26 de Fevereiro.
Flass queixa-se a Loeb que Gordon não só não aceita subornos como castiga quem os recebe. Os dois homens combinam dar-lhe uma lição dali a duas semanas, quando o comissário estiver ausente da cidade.
11 de Março.
Bruce Wayne tem tudo preparado para a sua primeira missão de reconhecimento no East End, a pior zona da cidade. Como figura pública, é facilmente reconhecível e por isso vai disfarçado.
Mais uma vez, calhou a Gordon o turno da noite. Enquanto espera pelo parceiro junto à viatura, quatro encapuçados, armados de bastões, ensinam-lhe violentamente o que custa não seguir os métodos da polícia gothenamita. Já meio inconsciente, Gordon reconhece a risada familiar de Flass…
Enquanto isso, Bruce Wayne enfrenta um chulo e três prostitutas. Uma quarta aparece. Os seus modos são de felina… o seu nome é Selina. A polícia surge no meio da confusão. Um tiro é disparado. O multimilionário disfarçado é levado pelos polícias corruptos, algemado. Ferido, mas recuperando a consciência, a vingança de Bruce é implacável.
Wayne, Gordon. Gordon, Wayne. Os dois cruzam-se na estrada a alta velocidade, desconhecendo a existência um do outro.
Gordon prepara uma lição para Flass que este não vai esquecer tão cedo.
Wayne regressa a casa, a esvair-se em sangue. Num estado semiconsciente, recorda o dia do assassinato dos seus pais, há dezoito anos, ao saírem do cinema onde acabavam de assistir à Marca de Zorro. Perdido, inseguro, Wayne não sabe que passo há de dar em seguida.
Um morcego entra pela janela do escritório da mansão, desfazendo-a em mil pedaços. Era o sinal pelo qual ele esperava. Um morcego…
E ainda estamos no mês três do ano um!
Não é qualquer um que escreveu uma história de Batman que se tivesse tornado essencial, e muito menos duas histórias. Mas foi mesmo isso que Frank Miller fez e, para mais, em anos consecutivos. E se em 1986 escreve e desenha (com Klaus Jason) a obra crepuscular de Batman — O Regresso do Cavaleiro das Trevas —, em 1987 escreve a história de origem do herói — Batman: Ano Um —, desenhado por David Mazzucchelli. Esta é a alfa e a primeira a ómega.
E se, indiscutivelmente, as duas obras influenciaram as equipas criativas que se dedicariam no futuro a fazer as crónicas do herói, Batman: Ano Um serve como ponto de partida para muitos dos trabalhos que surgiriam depois, por oposição ao fim da cruzada de Bruce Wayne.
Recordando os quatro números da revista Batman onde a história foi lançada — na sequência da grande saga Crise nas Terras Infinitas e no desejo da editora de recontar as origens da Trindade da DC (Super-Homem, Batman, Mulher Maravilha) —, a escala do acontecimento até nos pode parecer agora singular e diminuta.
Em menos de 100 páginas, Frank Miller, David Mazzucchelli, Richmond Lewis (cores) e Todd Klein (letragem) constroem uma narrativa na qual cada momento é cuidadosamente escolhido, sendo que quase todos eles se tornaram influentes por direito próprio. E é essa economia no contar da história que é a mais impressionante componente do livro.
Consideremos as duas primeiras páginas. Estamos a 4 de Janeiro e James Gordon acaba de chegar à cidade, vindo de comboio. Ele não está entusiasmado. Ao mesmo tempo, Bruce Wayne também regressa, mas de avião, após anos de ausência. Ao longo do ano que começa, as suas experiências vão ficando cada vez mais entrelaçadas, mas Miller e Mazzucchelli apresentam-nos separados, mas com os objectivos comuns que os ligarão para o resto das suas vidas.
Ainda mais fascinante é a escolha no que diz respeito à escala destes dois acontecimentos. Enquanto em viagem de regresso a Gotham, Bruce pensa que devia ter ido de comboio, de modo a conseguir ver o inimigo. Mas em vez de nos brindar com uma imagem de “visão de pássaro”, Mazzucchelli minimiza a chegada do futuro herói: o seu rosto à janela do avião; o avião num céu cinzento; Bruce no aeroporto a ser interpelado pelos repórteres. Já a sequência com o tenente James Gordon tem mais peso no começo da narrativa e estabelece o tom do que está para vir.
Seguem-se momentos bem maiores que estes dois. Só no primeiro número (o 404 da revista Batman) há uma perseguição automóvel, o treino de Bruce contra uma árvore nos terrenos da mansão Wayne, o espancamento de Gordon às mãos do corrupto Flass e amigos, a incursão de Bruce no East End e subsequente luta com um chulo de rua (acontecimento que envolve Selina Kyle, a futura Mulher Gato), a vingança de Gordon sobre Flass, a fuga de Bruce da custódia policial, baleado e a perder sangue e um flashback da morte dos seus pais. E tudo isto converge para a sua decisão de se tornar um morcego.
E, no entanto, nunca sentimos que a equipa criativa atafulha o livro de momentos soltos, enchendo-o como a uma carruagem de metro em hora de ponta. Cada momento, tem sempre o seu tempo de respiração, mesmo quando ocupam tão pouco espaço como o do regresso de Bruce a Gotham. Na essência, é a cadência narrativa que nos encanta com a sua economia, mesmo quando não damos imediatamente por ela. Isso e a inquestionável influência “noir” que de igual modo se apodera do fio narrativo e da textura artística. Luz e sombra lutam tão aguerridamente quanto as ideias das boas intenções e das diabólicas maquinações.
Contrabalançando este enfase nos “momentos”, Batman: Ano Um é também um livro estruturado à volta do uso deliberado de elipses. Dias, semanas, e até meses são por vezes omitidos na passagem de uma vinheta para a seguinte. O efeito conseguido é extraordinário. Por mais que Miller e Mazzucchelli mergulhem na história de rua negra e sórdida, estes saltos temporais são o que lhes permite manter uma aura mítica na narrativa.
Pensem na cena de 6 de Junho, na sequência em que Gordon visita Harvey Dent no âmbito dos seus inquéritos. Ele fala acerca do Batman saber quando e onde eles preparam armadilhas para o apanhar. Mas assim que Gordon sai do escritório de Harvey, Mazzucchelli abandona os grandes planos dos dois homens e apresenta-nos um plano inverso do escritório, revelando um Batman escondido atrás da secretária.
São seis vinhetas, apenas seis, onde se consegue criar o factor humano, com Bruce escondido atrás da secretária ainda longe da figura assertiva do super-herói; a sugestão de Bruce e Harvey formarem uma equipa; e Gordon que, ainda um pouco de parte, é já um dos “bons”.
Ou então, pensem na cena de 19 de Maio, na mansão do presidente da câmara. Miller e Mazzucchelli alternam entre o interior da mansão, onde a corrupta elite de Gotham está a jantar, e o exterior, onde Batman vai preparando metodicamente a sua intervenção. Tudo avança num crescendo até à maior vinheta da história até então: a visão sinistra e aterradora de Batman, para lá de uma parede rebentada. Uma cortina de fumo e poeira é a única separação entre os lados antagónicos. Ele exclama: “Senhoras. Cavalheiros. Comeram bem.” E prossegue: “Comeram a saúde de Gotham. O seu espírito. O vosso festim está prestes a terminar. A partir deste momento… nenhum de vós está a salvo.”
A imagem é tão mítica como é de pesadelo. Mas não existe isoladamente. O seu poder advém do crescendo da sequência de acção. É uma sequência construída à volta do suspense e não tanto da surpresa, assinalado pelo vidro partido da janela quando a granada de fumo irrompe pela sala de jantar, unindo os dois espaços com a explosão. “Nenhum de vós está a salvo”, diz Batman. Pois não! A barreira entre os dois mundos foi finalmente quebrada.
O terror desta cena é de tal modo palpável que talvez seja por isso que ler Batman: Ano Um é o único momento em que a cruzada do Batman parece plausível, como algo que se conseguirá concretizar, ao invés de nunca chegar ao fim.
De modo a conseguir este efeito, Frank Miller abordou alguns temas que, para a época, eram ousados ou absoluta novidade no meio dos comics e que, há medida que nos distanciamos de 1987, nos podem parecer de menos importância.
Desde logo, a abordagem feita ao papel das mulheres. Como Selina, que existe, sobretudo, como uma trabalhadora do sexo num ambiente decadente. A sua própria história de origem é diluída em grandes saltos temporais e, como tal, as suas breves aparições ao longo da narrativa não permitem defini-la com grande profundidade. Mas podemos adivinhar a importância que terá na vida do herói.
De qualquer modo, isto é balanceado com o tratamento narrativo dado à detective Essen. As tramas pessoais e profissionais à sua volta nunca a tornam a má da fita, mesmo sendo ela a paixão de Gordon, mesmo estando Barbara grávida e num estado de espírito fragilizado.
Outro ângulo de abordagem diz respeito a Gordon e, por isso, tem um maior efeito na obra. Ele é retratado como um dos bons, um dos poucos com integridade no seio da força policial de Gotham. Ele pode não estar sozinho neste papel. Essen está do seu lado. Mas ambos representam a minoria sufocada por tipos como o detective Flass ou o comissário Loeb que perpetuam a corrupção de modo a beneficiarem de um sistema gangrenado.
Enquanto a cruzada de Bruce aparece ligada a um certo grau de percepção mítica e romanceada dos acontecimentos que envolvem um “herói-maior-que-a-vida”, Gordon surge-nos na narrativa como o elemento da credibilidade, o “pés na terra”, quem nos faz acreditar que toda a história seria possível no mundo real.
E por isso, quando chega o momento da história terminar, Miller e Mazzucchelli fazem-no com Gordon. No topo de um telhado, enquanto a neve cai e ele acende o cachimbo, Gordon reflecte sobre os acontecimentos do ano que está quase a terminar. Loeb foi destituído e vai ser substituído por alguém ainda pior. A detective Essen foi para Nova Iorque. A família Roman, conhecidos mafiosos, está em guerra fratricida. Gordon foi promovido a capitão e anda num conselheiro matrimonial com Bárbara. E um certo Joker ameaça envenenar o reservatório de água de Gotham.
Gordon está no topo de um telhado. A neve cai. Acende o cachimbo. E espera a ajuda de um amigo que está prestes a chegar…
Real. Tudo real!
Batman: Ano Um tem a qualidade de simplificar. E esta simplificação pode iludir-nos em termos de escala — sobretudo se a compararmos com a força explosiva de O Regresso do Cavaleiro das Trevas — percepcionando-a como pequena, apesar da dimensão da cruzada. O trabalho que Miller e Mazzucchelli dedicam à evolução de Batman, de Gordon e de outros personagens transformou-se em algo tão grandioso pois eles fazem-no na perspectiva do nível da rua, do corriqueiro. Ao fazê-lo, eles cristalizam uma cidade a fervilhar de corrupção, crime, depravação, crueldade, mesmo antes da galeria de super-vilões dar sinal de vida.
Desde que foi publicada pela primeira vez, a obra já teve várias reedições em vários formatos, quer nos Estados Unidos, quer em inúmeros países, onde se inclui também Portugal. E a sua enorme influência noutras equipas criativas ainda não cessou. E isso é bem visível em muitas das histórias posteriores de Batman que tentaram emular este Bruce Wayne e esta cidade de Gotham.
Talvez isso se venha a alterar, até porque a cruzada de Bruce não tem fim diferente do que o que Miller inventou com O Regresso do Cavaleiro das Trevas (criando um recursivo e definitivo ciclo).
Mas talvez a maior influência de Batman: Ano Um seja a percepção de que a obra é fruto do trabalho de mestres no pico das suas capacidades e oferecendo-nos a sua visão singular. A sua visão servirá para encorajar outros a perseguirem visões singulares e, quem sabe, a tornarem-se tão influentes quanto Miller e Mazzuccheli.
Afinal, se as origens do herói não mudaram significativamente desde que Bob Kane e Bill Finger o criaram em 1939, Frank Miller e David Mazzucchelli conseguem oferecer-nos uma releitura muito mais densa dos primórdios de Batman. E, ainda para mais, num tom de policial noir, que explora magnificamente a psicologia de um Cavaleiro das Trevas debutante e de um James Gordon já incorruptível, mas ainda muito abaixo na cadeia alimentar de Gotham. As histórias dos dois desenvolvem-se de forma paralela, destinadas a convergir numa profunda amizade.
Como Batman e Gordon, Frank Miller e David Mazzucchelli são aqui duas faces da mesma moeda.
Frank Miller tem tudo de um romancista. As diferentes vozes off, desde Gordon a Wayne, são modelos do género. A sua construção narrativa é perfeita, inteligente, profunda. O tom negro e desesperado imita na perfeição o dos grandes escritores de romances noir. E depois, Miller, desenhador consagrado, resolve deixar o encargo do desenho para Mazzucchelli, numa aposta ganha. Este, utilizando um visual falsamente simplista, faz-nos mergulhar num magnífico ambiente de policial retro.
Aqui chegados, voltamos ao princípio.
O Tempo tem muitas qualidades positivas — a aprendizagem, o apuramento, a sabedoria, a paciência e tantas outras. Mas há uma qualidade do tempo que é negativamente incontornável — a erosão. A erosão desgasta, corrói e acaba por destruir, apagar ou lançar algo num eterno esquecimento.
É por isso difícil, em qualquer campo artístico, superar a prova do tempo. E quando esse nível é atingido, ainda que aparentemente, temos a excelência da obra, como é o caso da de Miller e de Mazzucchelli.
Mas temos muito mais! Temos aquilo que ultrapassa o. próprio discernimento dos autores. Temos o correr unido de gerações. Temos o meu Pai, o meu Irmão e o meu Sobrinho, unidos para sempre na mesma experiência, continuada e rica.
E isso é a obra para além da obra!
EXTRAS
Deixo aqui a experiência do primeiro impacto visual que o público teve ao longo dos tempos ao avistar Batman: Ano Um nos escaparates das livrarias.
Primeiro, as quatro capas dos comics originais onde a história foi publicada pela primeira vez (revista Batman n.º 404 a 407).
Seguem-se as capas de algumas das muitas edições norte-americanas que coligem as quatro revistas num único volume.
Por fim, a edição de Batman: Ano Um em DVD.
Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.
Um clássico da bd,sem duvida desde a origem que li em tpb Abril Jovem la por 1990s.
Também tive o primeiro contacto com esta obra através das publicações da Editora Abril, em 1988. Mais tarde, consegui arranjar os quatro comics originais. E, por fim, não consegui resistir e adquiri a edição mais luxuosa de 2005. Ocupam um cantinho especial nas minhas prateleiras.
Abraço