Primeiras confirmações na área de Banda Desenhada
A Comic Con Portugal, organizada pela CITY – Conventions In The Yard, está de regresso para a 7.ª edição, de 9 a 12 de dezembro, pela primeira vez no Parque das Nações, em Lisboa, sob o mote “A New Hope”.
Numa área total de cerca 110 mil metros quadrados, toda a experiência do publico estará concentrada num espaço híbrido, englobando a Altice Arena e toda a sua área circundante exterior, onde estarão instalados Auditórios, o Mercado Geek, Exposições, Ativações direcionadas ao momento do ano em que decorrerá o evento, assim como várias diversões para toda a família. O evento surge renovado e com muitas novidades, com o propósito de inspirar todos a serem mais felizes e a terem esperança num futuro melhor.
O poster oficial do evento deste ano é da autoria de Juan Cavia.
Quanto a confirmações de artistas presentes, já são conhecidos alguns nomes que irão marcar presença na área de Banda Desenhada, os quais passamos a anunciar:
Ralph Meyer
Com 20 anos, Ralph Meyer deixou Paris e mudou-se para a Bélgica para seguir o curso de ilustração no Instituto Saint-Luc, em Liège. Após três anos e finalizado o curso, começou a apresentar-se a várias editoras com um número variado de projetos, mas sem sucesso. Em 1996, decidiu apresentar o seu trabalho ao escritor Philippe Tome. Este apresentou a Meyer um argumento particularmente sinistro para trabalhar. Um ano mais tarde, lançam o primeiro volume de Berceuse Assassine (Dargaud), uma trilogia. Meyer fundou entretanto, com alguns outros autores, a “Parfois j’ai dur” workshop. Foi aí que realizou Des Lendemains sans Nuages (Le Lombard) que coilustrou com Bruno Gazzotti, sob argumento de Fabien Vehlmann. A seguir, ainda com Vehlmann, iniciou a série de ficção científica Ian (Dargaud), a qual relata as aventuras de um ser de inteligência artificial, completado com pele e nervos humanos.
Em 2008, com Xavier Dorison lançou o primeiro volume da série XIII Mistery, uma coleção da Dargaud pela qual recebeu, em Bruxelas, o Prémio St. Michel.
O ano de 2010 pareceu representar para Meyer uma reviravolta gráfica, ao efectuar Page Noire, com argumento de Denis Lapière e Frank Giroud. Em 2012, ele e Xavier Dorison voltaram a trabalhar juntos nas paisagens nórdicas do díptico Asgard, seguindo-se posteriormente a terceira colaboração na série Undertaker, a qual continua a conhecer junto dos leitores de vários países um crescente sucesso.
Paulo Monteiro
A partir dos 13 anos começou a ilustrar fanzines de poesia, cartazes e murais. Licenciou-se em Letras, pela Universidade de Lisboa, em 1991. E pós-graduou-se em História da Arte pela mesma Universidade, em 1993.
Escreveu e editou 4 livros de poesia: Poemas (1988); Poemas a andar de carro (2003); Poemas Japoneses (2005); e 25 voltas ao Equador para te encontrar (2014).
Publicou 3 livros de banda desenhada: “O Amor Infinito que Te Tenho” (Polvo, 2010); “Mariana” (Panóplia d’encantos, 2019); e “Um Homem Sem Medo” (Associação Cultural Fialho de Almeida, 2021).
O Amor Infinito teve uma grande repercussão em Portugal e no estrangeiro e ganhou vários prémios em Portugal, Espanha e França: Prémio Nacional de Banda Desenhada para Melhor Álbum Português AmadoraBD 2011; Prémio para Melhor Publicação Independente Central Comics 2011; Prémio Generalita Valenciana para Melhor Livro de Banda Desenhada Publicado em 2013; e Prémio Sheriff d’Or 2013.
O livro foi publicado em Portugal, Brasil, Espanha, França, Polónia, Roménia, Sérvia, e Turquia, e distribuído em 17 países. Algumas das histórias do livro foram também publicadas em alemão, checo, galego e inglês.
Desde 2005 que faz a direção da Bedeteca de Beja e do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, por onde passaram alguns dos mais excitantes autores de banda desenhada da atualidade, como Craig Thompson, David B., Hermann, Jean-Claude Mézières ou Mattotti.
Em 2019 ganhou uma Bolsa de criação literária do Ministério da Cultura na área da banda desenhada com o projeto do livro “Estrela”, que se encontra atualmente a realizar.
Mike Grell
Escritor com um estilo único de storytelling. As suas criações incluem: The Warlord, Starslayer, Jon Sable, Freelance, Shaman’s Tears, Bar Sinister, e Maggie The Cat.
Para além destas, também participou em Superboy and The Legion of Superheroes, Green Lantern, Green Arrow, Batman, Iron Man, X-Men Forever, James Bond: Permission to Die, e o Tarzan. Foi nomeado para o prémio Eisner com Green Arrow: The Longbow Hunters, tendo ganho o prémio Inkpot da Indústria de banda desenhada. A sua série de banda desenhada Jon Sable, Freelance foi adaptada para a televisão pela ABC em 1987. Grell foi eleito o Top Ten da lista de banda desenhada da Revista Wizard e foi recentemente nomeado Wizard World’s Hall of Legends e Overstreet Comic Book Price Guide Hall of Fame.
Álvaro Martínez Bueno
Natural de Torrelavega, Espanha, licenciou-se em Belas Artes pela Universidade de Salamanca, e é um ilustrador espanhol que trabalha exclusivamente para a DC Comics. É o co-criador, e artista da série mais vendida da DC Black Label, The Nice House on The Lake, escrita por Jame Tynion IV.
Ao longo da sua carreira como ilustrador para o mercado americano de banda desenhada, Álvaro Martínez Bueno também trabalhou em outras séries da DC como a mítica Detective Comics, Justice League Dark, Batman & Robin Eternal, Aquaman X-Men e, para além disso, para as editoras Marvel Comic and Valiant Entertainment.
Ao longo da sua carreira, Martínez Bueno ilustrou roteiros de James Tynion IV, Scott Snyder, Ram V, Tom King ou Tim Seeley e colaborou com artistas como Stefano Gaudiano e Raül Fernández, os coloristas Brad Anderson, Jordie Bellaire, entre outros.
Filipe Melo
Filipe Melo é músico, realizador de cinema e autor de banda desenhada. Desenvolveu desde cedo uma paixão pelo piano e pela improvisação. Estudou no Hot Clube de Portugal e, mais tarde, no Berklee College of Music, em Boston. Depois de muitos anos como pianista, tornou-se também compositor e orquestrador. Atualmente, ensina na Escola Superior de Música, em Lisboa.
Na área do cinema, foi o criador de vários projetos de culto: I’ll See You in My Dreams, curta-metragem vencedora do Fantasporto, Um Mundo Catita e Sleepwalk, curta vencedora do Prémio Sophia da Academia Portuguesa de Cinema.
Como autor de BD, tem sete livros publicados. O mais recente, “Balada para Sophie“, foi publicado pela prestigiada Top Shelf / IDW, nos EUA, e será publicado em França, Espanha, no Brasil e na Turquia. Escreveu para a lendária antologia Dark Horse Presents, ao lado de nomes como Frank Miller e Mike Mignola. Em 2019, recebeu o troféu de honra do Festival Amadora BD.
Colabora com Juan Cavia há mais de uma década, e a dupla tem já vários livros publicados, em Portugal e no estrangeiro.
Juan Cavia
Trabalha como diretor de arte e ilustrador desde 2004. Estudou cinema e, em paralelo, desenvolveu conhecimentos de ilustração e pintura, disciplinas que treinou desde tenra idade com o seu mentor, o ilustrador argentino Carlos Pedrazzini. Aos 21 anos, iniciou uma carreira como diretor de arte. Desde então, fez publicidade, TV, videoclipes, teatro e nove longas-metragens, entre as quais se destaca O Segredo dos Seus Olhos, de J. Campanella (vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 2010).
No que toca à banda desenhada, o seu percurso enquanto desenhador iniciou-se em 2010 com a série Dog Mendonça e Pizzaboy, em conjunto com o argumentista português Filipe Melo. Algumas BD curtas desta série foram publicadas originalmente na revista norte-americana Dark Horse Presents, só conhecendo edição portuguesa posteriormente. A maioria dos seus livros originalmente publicados em Portugal tem conhecido edição estrangeira.
Miguelanxo Prado
Enquanto estudante de arquitetura, Miguelanxo Prado publicou o seu primeiro trabalho de banda desenhada no fanzine ‘Xofre’. Colaborou na década de 80 com diversas publicações e revistas espanholas como ‘Creepy’, ‘Comix Internacional’, ‘Zona 84’, ‘El Jueves’, ‘Cairo’ e ‘Cimoc’. Estes trabalhos viriam posteriormente a ser compilados em álbum. Tendo por base um herói radiofónico, constrói com Fernando Luna o detetive privado Manuel Montano. Publicada pela primeira vez na revista ‘Cairo’, e posteriormente em álbum com o título O Manancial da Noite, seria com esta comédia policial que Prado viria a obter o seu primeiro prémio Alph’Art para Melhor Álbum Estrangeiro no Festival Internacional de Angoulême, em 1991. Mas foi com Traço de Giz (1992), uma experiência de uma realidade impossível, com narrativa intimista e coloração magnífica, que Prado alcançou o maior reconhecimento pelo seu trabalho, obtendo um segundo Alph’Art (1994) e inúmeros prémios a nível internacional.
Das suas inúmeras obras, espalhadas entre outras, pela ilustração, pintura ou cinema de animação, pode-se destacar Carta de Lisboa (obra de 1995, que em Portugal conheceu 3 versões bilingues), a qual resulta de uma viagem a Portugal com o escritor Éric Sarner, a adaptação a BD de Pedro e o Lobo de Prokofiev (1996), ou, em 1996, a ilustração do livro A Lei do Amor de Laura Esquível. Refira-se ainda, em 1998, uma participação na série animada Men in Black, para a qual desenhou os personagens.
Em 2003, colaborou com Neil Gaiman em The Sandman: Endless Nights – Dream: The Heart of a Star. O seu filme de animação De Profundis, no qual trabalhou durante quatro anos, estreou em 2007 e foi selecionado para os prémios Goya.
Prado é, desde 1998, Diretor do Salão de BD “Viñetas desde el Atlântico”, realizado na Corunha, e, em 2009, ingressa na Real Academia Galega de Belas Artes.
A sua banda desenhada Ardalén, publicada em 2012, volta a granjear-lhe vários prémios. Ardalén é, até à data, a sua obra mais extensa e, segundo o próprio, “é uma história sobre a memória pessoal. A memória como essência da nossa existência, da percepção da nossa própria vida.”
O Pacto da Letargia (2020) teve como curiosidade a edição portuguesa da Ala dos Livros ser publicada simultaneamente com a edição francesa.
Paco Roca
Após os estudos na Escola d’ Art i Superior de Disseny di València, Paco Roca começa a trabalhar em publicidade. O início da sua carreira em banda desenhada deu-se na revista erótica Kiss Comix (La Cúpula Ediciones), na qual publicou 3 BD entre 1994 e 1995. Em 1998, seguiu-se uma BD de ficção científica com argumento de Juan Miguel Aguillera na revista El Víbora (La Cúpula Ediciones), que viria a ser continuada em GOG (La Cúpula Ediciones, 2000).
Da sua produção na primeira década deste milénio, destacam-se O Jogo Lúgubre (La Cúpula Ediciones, 2001), O Farol (Astiberri, 2005), Rugas (originalmente publicada no mercado francófono pela Delcourt em 2007) e Les Rues des Sables (originalmente publicada no mercado francófono pela Delcourt em 2009). Refira-se ainda uma produção direta para a editora francófona Erko em 2003, com a criação da série Les voyages d’Alexandre Icare, que não teve continuidade além do primeiro tomo (Les fils de l’Alhambra). Em 2009, é também publicado o livro Emotional World Tour – Diarios Itinerantes (Astiberri), em coautoria com Miguel Gallardo. E no ano seguinte, desenha L’Ange de la Retirada, com argumento de Serguei Dounovetz, para a editora francófona 6 Pieds Sour Terre.
Com exceção de De Valencia a Cádiz (1808-1814), escrito por Rafael Marín (Generalitat Valenciana, 2012), os livros que se seguem de Paco Roca são editados na sua totalidade pela Astiberri – O Inverno do Desenhador (2010), a trilogia Homem em Pijama (2011-2017), Os Trilhos do Acaso (2013), A Casa (2015), La Encrucijada com José Manuel Casañ (2017), O Tesouro do Cisne Negro com Guillermo Cabral (2018) e Regreso al Edén (2020).
Paco Roca é um autor com múltiplos prémios atribuídos no seu país natal e no estrangeiro.
Peter Van Dongen
Autor de banda desenhada e ilustrador. Viu o prémio neerlandês de BD Stripschap ser sucessivamente atribuído ao seu primeiro álbum Muizentheater (Teatro de Ratos), publicado em 1990, e à sua banda desenhada em dois volumes Rampokan, lançada em 1998 e 2004. Esta última – que o tornou conhecido internacionalmente – desenrola-se durante a guerra da independência da Indonésia, em 1946, e tem como herói o militar holandês Johan Knevel, que regressa ao país da sua infância para aí encontrar um mundo em vias de desaparecimento. O díptico Rampokan, traduzido em francês, alemão, indonésio e inglês, foi distinguido com vários prémios, entre os quais o Prix du Lion em 1999, em Bruxelas.
Em 2013, a pedido da marca de roupa Gant International, Van Dongen desenha o álbum Drie dagen in Rio (Três Dias no Rio), que narra a infância do fundador da marca, Lennart Björk. Em 2017, Van Dongen trabalhou com Teun Berserik nos álbuns 25 e 26 da série As Aventuras de Blake e Mortimer, originalmente desenhada por E.P. Jacobs. Em março de 2018, Van Dongen recebeu o Prémio Stripschap pelo conjunto da sua obra.
Michele Benevento
Formado em História e Crítica do Cinema, em 2003 colabora com Giuseppe Palumbo realizando as cenas de fundo dos álbuns especiais dedicados a Eva Kant e Ginko, publicados pela editora Astorina.
Para a Free Books, desenha parte do nº 1 da série L’insonne (são suas também as artes finais a tinta da china das capas até ao nº 5, sobre o lápis de Palumbo).
Em 2006 trabalha na minissérie de Nick Raider para a IF Edizioni e, para o mercado francês, nos dois volumes da série Gemelos da Bamboo Èditions. Também para a IF Edizioni realiza uma série de ilustrações como suplemento de Il Comandante Mark.
Em novembro de 2007 completa um baralho de cartas de tarô dedicado aos Piratas para a editora Lo Scarabeo, baseado num guião de Bepi Vigna.
Em 2008 trabalha, para a editora Soleil, na série Skyland, baseada na série animada com o mesmo nome.
Uma sua história curta, “La madre di Satana” com textos de Piero Colaprico e Daniele Brolli, é incluída na coleção Cattivi Soggetti, publicada pela editora Rizzoli.
Desde 2003 faz parte do corpo docente da Scuola Internazionale di Comics (Escola Internacional de Banda Desenhada) em Florença, lecionando também ocasionalmente, até 2015, em Reggio Emilia.
Em 2009 inicia a sua colaboração com a Sergio Bonelli Editore, fazendo a sua estreia na minissérie Caravan, da autoria de Michele Medda.
Após ter desenhado uma edição de Dampyr, em março de 2014 dedica-se à minissérie Lukas, da qual é coautor com Michele Medda.
Depois de uma breve aparição, em novembro de 2014, no Speciale Color Tex nº 6, no verão de 2019 estreia-se na série principal de Tex com uma trilogia ligada ao regresso de Satânia, uma das primeiras némesis do Ranger da editora milanesa.
Em 2021, reafirma sua presença na série regular com uma história de 220 páginas, escrita pela dupla Rizzo/Ruju, sobre o Siats, um demónio que aterroriza a tribo dos Utes nas margens do Grande Lago Salgado.
São estes para já os convidados confirmados para a edição deste ano da Comic Con Portugal na área da Banda Desenhada, sendo de esperar mais novidades com o aproximar da data do evento.
É administrador do site. Licenciado em Informática, agrega no Bandas Desenhadas dois mundos que adora – a web e a banda desenhada.