Os resultados de 2021 e o plano para 2022.
Em 2021, a Gradiva publicou 11 livros de banda desenhada, um valor próximo do número do ano pré-pandémico 2019 (com 12 publicações), após ter reduzido o número de lançamentos de BD para 7 em 2020.
O ano de 2021
Inquirida a Gradiva sobre quais os livros de 2021 que tinham vendido mais, o editor Guilherme Valente responde que “todos venderam bem, excepto um! Imagine“…
O livro que teve menos atenção do público foi o de Christophe Blain. “O Gus. O único que não vendemos“, lamenta Guilherme Valente. “De um génio.”
Questionado sobre como a crítica especializada reagiu a esse livro, bem como aos demais editados pela Gradiva em 2021, Guilherme Valente interroga-se: “Crítica? Nos blogues está bem viva e agradecemos muito a atenção que têm dado à nossa BD. Destaco o Público, que entrevistou o autor e escreveu sobre o álbum. Nos restantes jornais? Qual crítica?“
O plano para 2022 e o futuro
Quanto ao plano editorial de banda desenhada para 2022, “continuaremos a apostar muito forte na BD“, garante Guilherme Valente. “É também uma paixão pessoal do editor, que hoje a Gradiva se pode dar ao luxo de realizar.” Do plano para este ano, o editor revela a série Nestor Burma. Após Jacques Tardi ter adaptado a série de romances policiais de Léo Malet, com 4 álbuns publicados entre 1982 e 2000, a série prosseguiu no mercado franco-belga “por outros grandes autores, na mesma linha gráfica” (Emmanuel Boynot e Nicolas Barral). Este ano, a Gradiva editará os primeiros álbuns pós-Tardi, desenhados por Boynot.
“E prosseguiremos também Tango, um grande sucesso“, revela Guilherme Valente. “E vamos continuar, e em força, com os westerns.“
Entretanto, existem várias séries iniciadas pela Gradiva que não prosseguiram o ano passado ou em anos anteriores. Perguntámos se as séries Eles Fizeram História (último volume publicado em 2020), A Sabedoria dos Mitos (último em 2020), O Guardião – Agente Secreto do Vaticano (último em 2020), Descobridores (último em 2019), O Diário de Esther (último em 2019), Pequena Bedeteca do Saber (último em 2018) e Hubert Reeves Explica (último em 2018) tinham sido descontinuadas pela editora. “Vamos prossegui-las todas, com exceção de O Diário de Esther“, afirma Guilherme Valente.
O Diário de Esther é uma série da autoria de Riad Satouff (o autor da série O Árabe do Futuro), pré-publicada no hebdomadário L’Obs, sendo cada ano da vida de Esther compilado em álbum no mercado franco-belga pela Allary Éditions. O propósito é o de documentar a vida quotidiana de uma filha de um casal amigo, entre os seus 10 e 18 anos de idade, estando previsto que o projeto ocorra entre 2015 e 2023. A edição nacional da Gradiva em livro diferiu da edição da Allary em dois pontos. Por um lado, cada volume português compilou as pranchas respeitantes a 6 meses e não a 1 ano. Por outro lado, os livros da Gradiva apresentam formato horizontal ao invés do formato vertical dos da Allary. “O Diário de Esther foi descontinuado“, confirma Guilherme Valente. “Falhámos nesta escolha. Quem continua e descontinua… São os leitores. Eles é que escolhem o que querem continuar a ter.”
Quanto ao futuro imediato, com somente 4 álbuns específicos desvendados para serem publicados em 2022 (mas com a contracapa de um deles a prometer a publicação de um terceiro álbum de Nestor Burma), a Gradiva certamente trará mais revelações para os seus leitores de banda desenhada ao longo do ano.
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.
“Quem continua e descontinua… São os leitores. Eles é que escolhem o que querem continuar a ter.”
Se ao menos fosse verdade,,,,,
É pena a aposta em Gus não estar a correr bem. Adoro a arte de Cristophe Blain e era das poucas séries publicadas cá que iria fazer de certeza. Espero que tenham condições para a continuar.
Olá, Sérgio!
É possível que o editor não tenha sido tão explícito na entrevista realizada quanto poderia ter sido, mas a Gradiva já assumiu que a série “Gus” foi descontinuada devido às fracas vendas.
Boas leituras,
” livro que teve menos atenção do público foi o de Christophe Blain. “O Gus. O único que não vendemos“, lamenta Guilherme Valente. “De um génio.””
Então sabia que ia vender mal e editou mesmo assim Jenial!!
“E faremos mais westerns”
É 1 genero que continuarei a não comprar editaram poucos o ano passado,lol
Vá la só cancelaram uma serie.
” E como é o público que, realmente escolhe o que se publica, parámos com esta.”
Se fosse verdade ate parece que o publico tem direito a escolher os títulos das editoras para editarem,só a comprar ou não o que editam……..
Um editor escolhe, dentro de certos parâmetros (disponibilidade, custos, etc.) , que séries vai editar. Depois, das três uma: ou a série é auto-sustentável em termos de vendas ; ou o editor canaliza (eventuais) proveitos de outras edições para continuar a editar uma série cujas vendas não cobrem as despesas ; ou o editor tem a felicidade de ter meios (próprios, de mecenas, etc.) para não precisar de se preocupar se os proveitos dessa edição cobrem os respectivos custos. Se nada disto acontece, parace-me que não resta outra solução ao editor senão descontinuar a série. É uma consequência de menores vendas, e não de escolha pessoal do editor. Por isso sim, estou de acordo com o editor quando diz que são os leitores que escolhem o que querem continuar a ter. (o que não é o mesmo que afirmar que são os leitores que escolhem as novas séries/álbuns a publicar).
Obrigado por clarificares. Realmente dava para desconfiar desse fim para o Gus.
É pena, mas já é habitual. Como metade dos bedéfilos por cá, tenho que estar atento ao que é editado em inglês/castelhano/francês para comprar coisas ao meu gosto.
Ao nível do franco-belga pode se dizer que estamos atrasados 20 anos nas edições. Excepção deve ser o Árabe do Futuro ( se publicarem o volume 5! 🙏)
Este caso de paixão do Guilherme Valente pela BD, mais parece violência doméstica. Quem se lembra de começar uma série pelo número 5 e renumerar a partir do 1, com a desculpa de ser um novo ciclo (Nestor Bruma)? Parece que voltamos aos anos Meribérica onde tudo valia, desde cortar páginas, mudar formatos, começar e acabar séries conforme se queria. O Guilherme Valente está nisto só pelo lucro! Basta olhar para o catálogo da Gradiva em geral. Numa coisa ele tem razão: é o público que determina o que se continua a editar! Mas que público? Essa era a desculpa para os editores discográficos do passado editarem SuperÊxitos Verão 80 em vez de Van Der Graaf Generator… É assim! E por isso o melhor é aprender francês… Eu aprendi com o Astérix e quando a Asa decidiu renomear os personagens, foi só a a pensar nos miúdos que fiz a coleção em Português… mesmo assim não sei se valeu a pena. Eles cresceram e agora preferem as outras estantes da minha biblioteca. O lucro não é tudo e o Guilherme Valente já tem idade (e lucro) suficiente para se fazer respeitar.