Prémios Bandas Desenhadas 2021: Nomeações Extemporâneas

Prémios Bandas Desenhadas 2021: Nomeações Extemporâneas

As nomeações finais dos Prémios Bandas Desenhadas 2021.

Como tínhamos anunciado, desvendamos hoje a quinta lista de Nomeados dos Prémios Bandas Desenhadas 2021. Trata-se da última lista de nomeações, antes de serem desvendados os vencedores.

As Nomeações Extemporâneas são as nomeações finais das obras editadas ao longo de todo o ano de 2021, cuja apreciação pelos jurados não foi possível realizar na estação do ano correspondente. As obras elegíveis para as Nomeações Extemporâneas são, portanto, as constantes dos relatórios mensais do site Bandas Desenhadas referentes ao ano de 2021, bem como demais obras editadas nesse período posteriormente identificadas.

O júri deliberou em nomear a obra O Homem de Lugar Nenhum – volume 1 de Tiago Barros e Fábio Veras, editada por A Seita, para a categoria de Melhor Obra Nacional com Distribuição Comercial, tendo ainda obtido a nomeação para Melhor Argumento em Obra Nacional. Esta obra gaimaniana, evoca uma viagem nostálgica a um tipo de banda desenhada produzido no final da década de 80 e início de 90, aproximando-a dos cânones atuais, com menos texto e mais espaço para as ilustrações contemporâneas respirarem. E se o segundo volume do díptico ditará o futuro desta obra, o primeiro tomo merece per se a distinção, sublinhando-se ainda o facto de ser a estreia de Barros enquanto argumentista.

Quanto à nomeação para a categoria de Melhor Obra Nacional com Distribuição Alternativa, os jurados nomearam Crónicas de Enerelis vol. 2: Sangue, de Patrícia Costa, em autoedição. Neste segundo volume da sua saga, com uma forte influência na BD asiática, Costa vai expandido o seu universo, sempre atenta aos pormenores, sendo de salientar o ritmo de produção da autora e respetiva edição das suas bandas desenhadas, distando somente de 8 meses a publicação de 2 volumes com mais de 190 páginas cada um.

No que toca à nomeação de Melhor Ilustração em Obra Nacional, a escolhida foi A Lenda de Adora vol. 1, da autoria de Tiago da Silva. Nesta autoedição, o autor demonstra todas as suas qualidades no campo da ilustração, sendo de salientar a cuidada planificação gráfica de cada página.

Quanto à categoria de Melhor Publicação de Humor, os jurados nomearam Diário de uma Quarentena de Risco, da autoria de Nuno Saraiva, editada pela Pim! Esta antologia de cartoons de Saraiva é mais um apetecível tratado sociológico sobre a espécie humana em termos de pandemia. Muito interessante é também a introdução do autor à obra, onde narra algumas das incompreensões, deturpações, ataques e censura de que os cartoons foram alvo. Um sinal da importância deste meio.

Apocryphus: Monstro! foi nomeada para a categoria de Melhor Antologia, a qual conta com bandas desenhadas da autoria de Filipe Homem Fonseca & Filipe Coelho, Nuno Duarte & Miguel Jorge & Jacky Filipe, Fernando Lucas, Rogério Ribeiro & Phermad, Keith W. Cunningham & Diana Andrade, Liza Lee & Kieron Gillen & Pedro Potier, Nuno Amaral Jorge & Paulo Montes e Inocência Dias & Henrique Gandum. Trata-se de uma coedição da Mighell Publishing e do Fórum Fantástico, com histórias dedicadas à temática dos monstros, abordadas de formas diferentes em termos de argumento, e com ilustrações bastante adequadas ao tema. O júri nomeou ainda a sua BD “Exótico”, da autoria de Fernando Lucas, para Melhor BD curta em Antologia. Em poucas páginas, o autor utiliza a ficção para evocar assuntos como o papel da escravatura na colonização sul-americana, bem como a origem de epidemias num mundo a avançar lentamente para a globalização, com um conjunto de pranchas cujas ilustrações capturam o olhar do leitor.

Quanto às obras estrangeiras, a nomeação para a Melhor Obra Estrangeira e Melhor Argumento em Obra Estrangeira foi para Viagem de Yuichi Yokoyama, editado pela Chili Com Carne. Nesta BD muda, i.e., sem texto, o autor consegue captar a vivência experimentada por quem realizou um rol de viagens de comboio de muito longa duração, levando-a muito mais além, em divagações inusitadas. Viciante, origina releituras, merecendo as soluções gráficas encontradas toda a atenção.

Os jurados nomearam Gideon Falls vol. 5: Mundos Malvados, ilustrado por Andrea Sorrentino e colorido por Dave Stewart, numa edição nacional da G. Floy, para a categoria de Melhor Ilustração em Obra Estrangeira. Sorrentino prova que, no quinto volume da série escrita por Jeff Lemire, ainda é capaz de surpreender e conceber inovações gráficas na composição das suas páginas, onde o olhar do leitor se perde e delicia perante uma arte intocável.

A nível da nomeação para Melhor Série, os jurados optaram por Armazém Central, de Régis Loisel & Jean-Louis Tripp, editada pela Arte de Autor. Em 2021, a editora não só reeditou todos os tomos anteriormente publicados entre 2007 e 2011 como prosseguiu a série com o penúltimo álbum duplo, no qual quase todos os habitantes da aldeia começam a modificar a sua filosofia de vida. Aos poucos, os autores fazem-nos assistir à alteração das mentalidades naquele povoado remoto, mantendo sempre alta a fasquia na ilustração.

Quanto à Melhor Edição, relembra-se que esta categoria avalia não só as bandas desenhadas propriamente ditas mas também o seu suporte físico e a qualidade dos conteúdos extras à própria BD. Os jurados optaram por Drácula de Georges Bess (baseada na obra de Bram Stoker), editada por A Seita. Apesar de desprovida de extras, a cooperativa editorial providenciou os leitores com uma imponente edição, que permite vislumbrar em pleno o trabalho de Bess numa das melhores adaptações da obra de Stoker à banda desenhada.

No que toca à Melhor Reedição, foi nomeada Comer/Beber, da autoria de Filipe Melo e Juan Cavia, reeditada pela Companhia das Letras. Esta reedição, para além da capa dura, contou com um aumento das dimensões do livro, permitindo apreciar muito melhor a arte de Cavia nesta obra e melhorando a sua leitura.

Deixa um comentário