
Crónica de uma entrevista
9 de dezembro de 2022. Mais uma vez, o Altice Arena no Parque das Nações é a casa da Comic Con Portugal. Durante quatro dias, tudo é realizável. O sonho de conhecer o seu autor, desenhador ou actor favoritos; mergulhar no mundo do gaming; conhecer os bastidores e a parafernália ligados ao cinema e à TV; vestir-se a rigor, mimando os seus heróis favoritos naquilo que se designa por cosplay; tudo sob o mote We Can Be Heroes.
O dia já vai longo, embora ainda só sejam 17:00, o momento marcado para me encontrar com o escritor e desenhador Wes Craig, vindo das Américas propositadamente para a Comic Con. E se o ano passado o auditório Spotlight acolheu Peter Van Dongen (um dos desenhadores de As Aventuras de Blake e Mortimer), este ano coube ao multifacetado Wes Craig visitar o espaço e responder a umas quantas perguntas.
Wes é simpático, tem um aspecto simpático, é um bom conversador, mas daqueles com um toque de humildade. Ou seja, o vedetismo não tomou conta da sua alma! O primeiro contacto entre nós foi logo no palco e por isso não houve oportunidade de combinações ou lista de perguntas interditas. O facto é que, com o tema “De Batman a Kaya”, a conversa decorreu interessante e de modo muito agradável.
Na Marvel e na DC Comics
Wes Craig começou a trabalhar profissionalmente na indústria dos comics em 2004. Influenciado por figuras tão imponentes como Jack Kirby, John Byrne ou Mike Mignola, foi com uma enorme alegria que recebeu o convite para trabalhar na Marvel. Segundo as suas próprias palavras, quando recebeu a notícia, levantou os braços acima da cabeça e deu várias voltas à mesa da cozinha em perfeito delírio. Pelas suas mãos passaram heróis como o Homem Aranha, Thor, Pantera Negra e tantos outros. Fosse como capista, arte-finalista ou desenhador, a Marvel recorreu aos seus dotes muitas vezes. Mas a série que lhe deu mais prazer foi os Guardiões da Galáxia, onde esteve ao longo de três anos (de 2008 a 2010) e pôde desenvolver um trabalho mais consistente. Já o personagem mais difícil de desenhar foi o Homem-Aranha, “com todas aquelas linhas”, confidenciou-me.

Entretanto, com créditos firmados e sem vínculo de exclusividade com nenhuma editora, é convidado a trabalhar também para a DC Comics, nos mesmos moldes em que trabalhava para a Marvel. Super-Homem, Batman, Flash, Thunder Agents e uns quantos outros, permitiram mostrar a versatilidade do seu traço, capaz de ir do estilo mais realista ao estilo mais “cartoonesco”. Aqui, de todos, o seu favorito foi o Super-Homem. Se bem que o herói onde me parece ter mostrado melhor o seu traço camaleónico foi em Batman.





Entre a Marvel e a DC, Wes não encontrou grandes diferenças na forma de trabalhar. Na verdade, admitiu que não passou tempo suficiente, nem numa nem noutra, para que se conseguisse aperceber sequer de metodologias de trabalho ou de quaisquer exigências especiais.
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Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.