Menina Baudelaire: Mesmo as Almas Desconhecidas Não se Apagam!

Menina Baudelaire: Mesmo as Almas Desconhecidas Não se Apagam!

Análise de Menina Baudelaire

Poeta maldito! Poemas malditos!

Charles Baudelaire já fez correr muita tinta. Incompreendido, perdido, enigmático, devasso e boémio até às últimas consequências, o autor de As Flores do Mal tem inúmeras biografias e estudos à volta da sua pessoa. Mas nem por isso parece estar tudo esclarecido no que respeita à sua personalidade e à sua vida.

Passados 102 anos do seu nascimento, a Ala dos Livros publica em Portugal a ambiciosa obra Menina Baudelaire, do argumentista e desenhador Yslaire.

E se não sou grande adepto das adaptações de obras clássicas ou de biografias à Banda Desenhada, embora reconhecendo os seus méritos de divulgação, esta biografia de Baudelaire encheu-me as medidas. Quer pela abordagem original quer pela mise-en-scène soturna de Yslaire (tão apropriada a Baudelaire) e pela paleta de cores utilizada, Menina Baudelaire é uma obra a ter em conta e a ler sem pressas.

Vamos à história!

Com Paris a seus pés, do alto da Notre-Dame, ladeada por gárgulas em sofrimento, uma criatura alada, um ser digno dos maiores pesadelos da arcaica Suméria, observa-nos com um olhar que oscila entre o fogo e o mel. Uma harpia negra com asas de dragão, corpo de felídeo e um torso e rosto de mulher.

Do alto de Notre-Dame, o poeta infeliz, com a pena numa mão e um manuscrito na outra, contempla o abismo que tanto o seduz. As suas asas alvas, qual albatroz, abrem-se e ele mergulha no vazio. E enquanto despenca e as penas das asas se esboroam no ar, o anjo negro parece flutuar, não o acompanhando na queda.

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