Já vimos os episódios de O Poder, que estreia dia 31. Crítica sem spoilers!

Já vimos os episódios de O Poder, que estreia dia 31. Crítica sem spoilers!

Na Prime Video.

Já vimos os episódios de O Poder (The Power, no original), a série que vai estrear no dia 31 de março na Prime Video. Vale a pena ou não ver esta série? Descobre tudo na nossa crítica sem spoilers sobre esta série em que as mulheres ganham um superpoder.

O Livro O Poder

A série é baseada no livro homónimo, da autoria de Naomi Alderman. Em Portugal, o livro O Poder foi publicado pela Saída de Emergência em 2018, dois anos após o seu lançamento pela editora Viking no Reino Unido. Integra o Plano Nacional de Leitura português, sendo recomendado para leitores fluentes, acima dos 18 anos. No seu país de origem, foi galardoado com o prestigioso prémio literário Women’s Prize for Fiction e, do outro lado do Atlântico, foi nomeado como um dos 10 Melhores Livros de 2017 pelo New York Times.

A autora afirma que duas das suas grandes influências para a temática deste seu quarto romance foram o livro A História de uma Serva da autora canadiana Margaret Atwood – cuja adaptação para banda desenhada realizada por Renée Nault foi também publicada no nosso país (lê a nossa entrevista com a autora da BD aqui) – e a sua escola primária com educação baseada no judaísmo ortodoxo, onde ouvia, todas as manhãs, os rapazes agradecerem a Deus por não os ter feito mulheres. Posteriormente, Atwood tornar-se-ia mentora de Alderman, tendo, inclusivamente, sugerido diretamente a ideia do convento para o romance.

Para os que não leram o livro e desejam ver a série da Prime Video com o menor número de spoilers, aconselhamos a que nem sequer leiam a sinopse do livro ou se informem sobre o mesmo. Após o visionamento da série, poderão ler a obra se assim o entenderem.

A série O Poder

A série da Prime Video estreia no dia 31 de março. Antes da nossa crítica sem spoilers, apresentamos sumariamente a série.

O Poder tem como produtores a Sister e a Amazon Studios e como showrunner Raelle Tucker (True Blood, Jessica Jones). Os primeiros três episódios de O Poder vão estrear em exclusivo na Prime Video a 31 de março, com novos episódios todas as sextas-feiras, até ao episódio final a 12 de maio.

O Poder é o nosso mundo, com uma pequena exceção da natureza. De repente, e sem qualquer aviso prévio, adolescentes desenvolvem o poder de eletrocutar quem quiserem. A série conta com um elenco de personagens extraordinários de Londres a Seattle e da Nigéria à Europa do Leste, à medida que o Poder passa de ser apenas uma comichão nas clavículas de adolescentes para mudar por completo o equilíbrio de poder do mundo.

Toni Collette é a presidente de Câmara Margot Cleary-López. O elenco é constituído por John Leguizamo, que interpreta o papel de Rob López, Auli’i Cravalho (Jos Cleary-López), Toheeb Jimoh (Tunde Ojo), Josh Charles (Daniel Dandon), Eddie Marsan (Bernie Monke), Ria Zmitrowicz (Roxy Monk), Zrinka Cvitešić (Tatiana Moskalev) e Halle Bush (Allie Montgomery), entre outros.

Crítica sem spoilers

A Prime Video apenas permite que, nesta altura, seja realizada a crítica aos primeiros 3 episódios da série, os quais vão estar disponíveis no dia 31 de março e, portanto, serão esses o alvo desta crítica sem spoilers.

Não será de estranhar que tenham decidido estrear os 3 primeiros episódios em simultâneo. Os dois primeiros episódios são utilizados para apresentar e começar a desenvolver os personagens, enquanto que no terceiro se começa a fazer luz sobre o que está a acontecer num mundo semelhante àquele em que vivemos. Um pouco por todo o planeta, algumas adolescentes começam a ter o poder de electrocução, realizando-se a analogia com as enguias elétricas numa tentativa de tal sugerir um “poder” que já existe, de alguma forma, na natureza, ao invés de outros poderes mais bizarros que populam o subgénero de super-heróis.

Na verdade, o ritmo da narrativa não é o dos filmes de ação, com acontecimentos destrutivos e cenas de luta repletos de efeitos especiais a sucederem-se rapidamente. Pelo contrário, há um cuidado especial na caracterização e desenvolvimento de cada personagem – aliás, Alderman, que é também uma das criadoras e produtoras executivas da série, estava particularmente interessada na expansão destas questões na narrativa da série televisiva.

O que não quer dizer que não haja efeitos especiais – há – nem lugar à destruição – também há. Mas não é esse o foco da narrativa. Numa altura em que os direitos das mulheres são bastante díspares consoante a região em que habitam e alguns desses direitos começam a ser questionados e retirados em alguns países, esta série propõe uma ficção especulativa, um “o que aconteceria se…” as adolescentes ganhassem um determinado poder, que consequências isto traria para um mundo em que o patriarcado se tem manifestado na organização social, legal, política e económica de diferentes culturas.

E, portanto, se esta não é uma série típica para os que apreciam narrativas com poderes sobre-humanos, também não é uma narrativa típica sobre adolescentes, sendo os personagens adultos e os acontecimentos à escala mundial um dos seus pontos principais.

Estas duas questões poderão originar que a série tenha mais dificuldade em chegar ao seu público-alvo. E para os que se encontram a questionar se é uma série que agradará aos espetadores da série The Handmaid’s Tale, acreditamos que sim, desde que não se importem com o elemento de ficção científica introduzido, o poder de eletrocussão. O que aconteceria a Gilead e ao resto do mundo se June Osmond e outras mulheres ganhassem o poder de eletrocutar quem desejassem?

Para além da desigualdade entre os géneros, outras questões abordadas nestes primeiros 3 episódios são o abuso sexual de menores, a criminalidade, as crenças em bruxaria, a adoção inter-racial, o choque intergeracional, a ditadura, os meandros da política democrática, os filhos fora do casamento, as relações entre famílias reconstituídas ou o papel das redes sociais. E há também uma questão relacionada com uma adolescente em concreto, em que não é claro se realmente fala com Deus – com uma voz feminina – ou com outra entidade metafísica ou, pelo contrário, se se trata de doença mental.

Esta série britânica contém um elenco internacional, liderado pela premiada atriz australiana Toni Colette (O Sexto Sentido, Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos), que, após introduzir o primeiro episódio, só retorna em pleno no segundo. Os desempenhos dos atores são de louvar, incluindo a havaiana Auliʻi Cravalho (Vaiana, Quase uma Rockstar), o colombiano John Leguizamo (Molin Rouge, Romeu+Julieta), o inglês Toheeb Jimoh (Ted Lasso, Anthony), a espanhola Ria Zmitrowicz (Três Meninas, Mr. Selfridge), Halle Bush (uma magnífica estreia), o norte-americano Nico Hiraga (Booksmart: Inteligentes e RebeldesMoxie), a inglesa Heather Agyepong (principalmente conhecida pelo seu trabalho no teatro, fotografia e artes visuais, apesar de já ter tido participado em séries e numa curta-metragem), a chilena Daniela Vega (Uma Mulher Fantástica), o inglês Eddie Marsan (Ray Donovan, Sherlock Holmes), Archie Ruch, Gerrison Machado, Pietra Castro e a croata Zrinka Cvitešić (London Spy, Perdido em Londres).

A nível dos atores secundários, encontram-se nomes como Josh Charles, Rob Delaney, Alice Eve, Edwina Findley, Jacob Fortune-Lloyd, Avital Lvova, Sam Buchanan, Juliet Cowan, Simbi Ajikawo e Ana Ularu, entre outros.

Se o guião e a realização tornam esta série extremamente apetecível, induzindo o espetador a querer saber mais sobre o que vai acontecer sempre que chega ao final de um episódio, a distopia cinematográfica de The Handmaid’s Tale parece encontrar algum eco na ditadura do país da Europa de Leste e nas cenas passadas no convento, algo que, eventualmente, se poderá tornar ainda mais evidente nos episódios seguintes.

Por fim, sublinhamos a importância de veres os 3 episódios antes de decidires se esta é uma série que te interessa ou não acompanhar. Só assim poderás ter uma ideia exata da mesma… Mas, de qualquer forma, acreditamos que os restantes episódios vão-te surpreender!

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