Análise a Fogo de Dragão, o primeiro volume da série Dragomante.
Se há género literário que aprecio bastante, é a fantasia e tudo o que se situe no universo fantástico. Quantas mais criaturas, raças, heróis, vilões, castelos e magia, melhor. Por isso, o lançamento de Dragomante: Fogo de Dragão em 2018 (cf. apresentação e respetivos previews aqui) não me poderia deixar indiferente.
Escrito por Filipe Faria, que é um dos nomes mais aclamados da fantasia em Portugal e um fator de peso pelo meu interesse nesta obra, e com desenho de Manuel Morgado, que trabalha para o mercado francês, Dragomante: Fogo de Dragão leva-nos até um mundo onde alguns homens ou mulheres com um potencial fora do normal são treinados para terem um dragão como seu aliado, amigo e companheiro de luta. Além disso, todos os dragomantes têm também um Escudeiro, alguém que fica responsável pela proteção do dragomante (como se um dragão não fosse já suficiente). Seguimos, então, a jornada de Nereila, uma jovem dragomante, que tem Ékion como seu Escudeiro. Não só não se dão excecionalmente bem no início da aventura, como Nereila é ainda a primeira mulher dragomante em séculos, tendo ainda um passado tormentoso deixado pelo pai.
Não pretendo alongar-me muito mais sobre a história, pois essa deve ser descoberta pelo leitor. De uma forma sucinta e direta, posso dizer que gostei bastante deste primeiro volume. Não só por ser visível a qualidade da escrita, o que faz todo o sentido, dada a experiência de Filipe Faria na escrita deste género, sempre com uma linguagem acutilante mas acessível e um vocabulário rico, como, e talvez ainda mais importante para muitos leitores, a qualidade visual de toda a obra.
O desenho deste livro é maravilhoso. Colorido, recheado de detalhes e pormenores bonitos. Muitas das pranchas são autênticas obras de arte e têm uma nitidez sublime. Confesso que não conhecia o trabalho de Manuel Morgado, mas deixou-me surpreendido o suficiente para dar por mim a procurar outras obras suas. Não é por acaso que arrecadou o prémio de Melhor Desenho na Comic Con Portugal em 2018 com este livro.
Tal como na grande maioria dos livros de fantasia, o início é sempre um pouco mais lento, pois requer sempre uma boa e clara exposição do contexto, mundo, “regras do jogo” e personagens basilares. Isso também acontece aqui, com a sua devida escala a um livro de banda-desenhada, mas é necessário e vital para o eventual crescimento da história a várias sequelas.
Destaco ainda a qualidade da edição, nesta coedição da G. Floy com a Comic Heart, com dimensões generosas, papel de boa qualidade e uma impressão bastante robusta, o que é de louvar. Dado esta obra se ter esgotado, veio a conhecer, em 2022, uma segunda edição pela cooperativa editorial A Seita na sua coleção Comic Heart. Esta nova edição permite que novos leitores venham a conhecer esta banda desenhada, tendo direito a novo ISBN (978-989-53349-5-7) e atualização de preço (subiu dos anteriores 12,99€ para 16,50€). Espero que mantenham a fasquia por muitos anos.
O segundo volume já está disponível e tenho imensa vontade de o ler. Será, certamente, curioso perceber até onde irá esta história, que tem um potencial interessante de crescer por muitos mais volumes. Por isto tudo, é fácil recomendar Dragomante: Fogo de Dragão a qualquer apaixonado por fantasia épica.
Apaixonado por escrever sobre o que lê, vê, joga ou ouve. O problema é ter tempo para apreciá-las a todas e, como se não chegasse, não dispensa um bom LEGO para construir.