50 Anos de Humor de Angeli

50 Anos de Humor de Angeli

50 Anos de Humor de Angeli

50 Anos de Humor de Angeli, o livro da exposição patente no Cartoon Xira 2023.

Como é habitual, a Cartoon Xira 2023 conta com uma mostra paralela de um autor convidado. Este ano, trata-se do autor brasileiro Angeli. E, como também é hábito, a chancela editorial Documenta, em parceria com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, edita o álbum que documenta essa mostra, designado 50 Anos de Humor.

Millor Fernandes: «Em tempo quando Arnaldo nasceu, o pai, vendo com orgulho que tinha pela frente um branco, classe média e macho, e não querendo humilhar ninguém com o ser que apresenta ao Brasil, chamou-o de Angeli. Anagrama de genial.»

Eis o Angeli, um dos ícones de nosso desenho de humor. Da geração de Laerte, Glauco, Paulo e Chico Caruso. Todos de São Paulo. Embora Chico já esteja tão carioquizado que vereadores paulistas vão lhe dar o título de Paulista Honorário. Desenhista de humor, como batismo, é definição analítica. As definições sintéticas, chargista, ou caricaturista, são redutivas e depreciativas, mas o nome não importa. Com qualquer nome, o desenho do Angeli é a busca, bem-sucedida, de retratar o escroto que está diante de nós e nós não vemos. Diz aí, Amália, é porque são nosso reflexo? Que é isso, mulher?, fecha esse Freud de bolso e vem pra cama. E nada de foque-foque, ou fuc-fic. É vamos apreciar juntos essas figuras de os Figuraços, da República dos Bananas do Angeli. Olha bem as caras desses caras como ele viu. Claro que pertencem a um mundo mais baixo, mais escroto, como eu disse, não existe outro adjetivo. Mais escroto do que o nosso, esclareço. E o nosso não é lá essas coisas. Existe em qualquer lugar, no submundo ou no sub-sub-mundo, uma sociedade tão compacta como essa que Angeli retrata? Claro que não. A República do Bananão, do Ivan Lessa, existe. Existe em nosso mundo, é visível e até louvada, mas sobretudo esculhambada e se chama burguesia. A do Angeli, os Figuraços, existe no íntimo do «artista». Ele vê, e nos mostra, e só aí nós nos vemos (brr!).

– Millor Fernandes

No ano em que completa 67 anos, Angeli traz-nos uma retrospetiva de uma carreira que começou aos 14 anos de idade. Este artista plástico, que levou o seu desenho humorístico a diversas publicações, mas também à televisão e ao cinema, foi o responsável pelo surgimento, em 1983, da revista Chiclete com Banana, um sucesso editorial considerado, até hoje, como uma das mais importantes publicações de banda desenhada para adultos já editadas no Brasil.

– Fernando Paulo Ferreira

Angeli, nascido Arnaldo Angeli Filho, em 31 de agosto de 1956 na cidade de São Paulo. Começou a trabalhar aos catorze na revista Senhor, além de colaborar em fanzines. Em 1973 foi contratado pelo jornal Folha de S. Paulo. Lançou pelo Circo Editorial, em 1983, a revista Chiclete com Banana, um sucesso editorial (de uma tiragem inicial de 20 mil exemplares chegou a atingir os 110 mil). 16 anos consecutivos (de 1997 a 2012), foi eleito o melhor cartoonista brasileiro no Festival de Banda Desenhada na premiação HQ Mix, categoria modificada para «Melhor Desenhista de Humor Gráfico», da qual foi vencedor em 2013. Em 2014 foi homenageado na categoria «Grande Mestre». Em 2005 recebeu a Ordem do Mérito Cultural, sendo nomeado Comendador da República pelo Ministério da Cultura brasileiro. Angeli já teve as suas tiras publicadas na Alemanha, França, Itália, Espanha e Argentina, mas foi em Portugal que obteve mais destaque, tendo uma compilação do seu trabalho lançada pela editora Devir em 2000, ano em que também viu a estreia de uma série de animação com as suas personagens, numa coproduçãoda TV Cultura com a produtora portuguesa Animanostra. Trabalhou na Rede Globo como redator do programa infantil TV Colosso (1993-1996). Na TV Cultura, entre 1995 e 2005, fez animações de cinco segundos para animar os intervalos dos filmes da emissora. Desenvolveu desenhos animados para a Internet e para o Cartoon Network. Em 2006 produziu e lançou um filme de longa-metragem de animação chamado Wood & Stock: Sexo, Orégano e Rock’i’Roll. Em 2007, lançamento do filme de curta- -metragem A Cauda do Dinossauro de Francisco Garcia baseado em texto de Angeli. Em 2008, lançamento da curta-metragem Dossiê Rê Bordosa, documentário em animação. Em 2010 é lançada uma curta-metragem Angeli 24 Horas, documentário de Beth Formaggini. Em 2017, pelo Canal Brasil, a série Angeli – The Killer, documentário em animação e em 2021, a longa-metragem Bob Cuspe – Nós Não Gostamos de Gente. Durante 50 anos de carreira realizou as seguintes exposições: 1986 – Festival de Bande Dessinée d’Angoulême (França); 1990 – Festival Treviso – Exposição Comemorativa dos 500 Anos da América (ao lado de Robert Crumb, Gilbert Shelton, Carlos Nine e Miguel Paiva); 1999 – Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (Brasil); 2000 – Festival de Banda Desenhada da Amadora (Portugal); 2007 – RIDEP – International Meeting of Press Cartoonists (França); 2008 – Salão Internacional do Rio de Janeiro (Exposição Retrospetiva – 40 Anos de Carreira) (Brasil); 2012 – Exposição individual Ocupação Angeli – projeto realizado pelo Instituto Itaú Cultural (Brasil); 2016/2017 – Exposição coletiva itinerante Refugiarte: La Crisis de Refugiados Ilustrada por Artistas Latinoamericanos (organizada pela UNHCR/ACNUR – Agência da ONU para os Refugiados) (Argentina, Chile e Perú); 2018 – Quadrinhos no MIS (Brasil). No dia 8 de maio de 2016 anunciou que deixaria a secção ilustrada da Folha de S. Paulo após 33 anos de colaboração. Foi um dos 100 artistas mundiais homenageados pelo Google para ter alguns dos seus trabalhos expostos nas interfaces do Google para a Internet. Em 2022 anunciou a sua aposentadoria após ter sido diagnosticado com afasia.

50 Anos de Humor
ANGELI
Editora: Documenta
Páginas: 128, a cores
Encadernação: capa dura
Dimensões: 17 x 21 cm
ISBN: 9789895680917
PVP: 15,00€

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