Mattéo – O Tempo das Quimeras!

Mattéo – O Tempo das Quimeras!

Análise de Mattéo vol. 5 e 6

A guerra para acabar com todas as guerras. A Revolução Russa. Os Anos Loucos. A II Guerra Mundial e a luta contra o fascismo.

A primeira metade do século XX caracterizou-se por uma série de acontecimentos históricos que se ultrapassaram a si próprios no sentido em que foram despoletados por ideais humanitários que pretendiam, em última instância, alcançar a felicidade dos povos.

Em nome desses ideais perseguiram-se utopias, cometeram-se as maiores barbáries, viveu-se intensamente cada minuto e levou-se ao extremo a ideia da boa loucura.

Foi o tempo das quimeras, o tempo dos sonhos perdidos. E, no entanto, o tempo que permitiu chegarmos ao tempo que vivemos hoje (talvez com menos ideais, talvez com menos sonhos).

É nessa época quimérica que vive Mattéo, o protagonista da série homónima criada por Jean-Pierre Gibrat e da qual a Ala dos Livros publicou em Portugal os dois derradeiros volumes.

Como se disse no artigo Onde nos leva o amor, a amizade e o combate por ideais, Mattéo conta-nos a história envolvente de um homem que vive os grandes conflitos e revoluções da primeira metade do século XX, percorrendo momentos tumultuosos e paixões levadas ao limite. Idealista, revolucionário, mas pacifista, ele acabará por sucumbir ao apelo da paternidade.

Estes dois volumes encerram a hexalogia escrita, desenhada e magnificamente colorida por Gibrat e cobrem o período que vai de Setembro de 1936 até Junho de 1940, terminando num fio de esperança que a História se encarregou de nos proporcionar, ainda que por apenas breves momentos — afinal a unidade temporal de que é composta a História da Humanidade.

Vamos à história!

Seguindo os conselhos de Don Figueras, o proprietário da villa que havia requisitado, Mattéo aceita um acordo de troca de prisioneiros com as tropas franquistas. Amélie recuperará a liberdade em troca da do cura da aldeia de Alcetria, filho de general e culpado do assassinato de milícias anarquistas. Mas Aneschka, a amiga polaca de Mattéo, não está de acordo com a decisão e abate o padre no preciso momento da troca. Amélie e Mattéo, debaixo de fogo cerrado, salvam-se por pouco.

Amélie, marcada pelo cativeiro, abraça a função de soldado do grupo anarquista, enquanto Mermoza, o seu aviador britânico, consegue invadir-se, acabando por se lhe juntar.

A vida retoma o seu curso na aldeia, entre ataques aéreos, patrulhas e treinos. As estações passam e com elas os anos, ao ritmo das colheitas e dos nevões.

Mas Mattéo mantém-se fiel a si próprio, nunca categórico e muito menos extremista quanto às decisões a tomar. Aliás, cada vez mais se sente próximo do velho proprietário fascista ao qual um segredo de família o liga.

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