Elise e os Novos Partisans

Elise e os Novos Partisans

Elise e os Novos Partisans

Elise e os Novos Partisans é a banda desenhada do casal Grange e Tardi.

Elise e os Novos Partisans é uma banda desenhada da autoria de Dominique Grange e Jacques Tardi, originalmente editada em 3 de novembro de 2021 pela editora francesa Delcourt, que conhece publicação nacional pela Ala dos Livros.

Com argumento de Grange, trata-se de uma obra com muitos elementos autobiográficos, passando-se entre os finais dos anos 50 e os anos 70 do século passado e abordando temáticas como a justiça social, exploração social, luta de classes, violência policial e racismo.

Sobre esta obra, os autores afirmam ter descrito a efervescência dos anos 70 para que a riqueza das lutas aparecesse, acrescentando que “a situação é ainda pior hoje do que na época”. No posfácio, a autora declara continua a apoiar “todas as formas de resistência ao liberalismo, ao imperialismo e à tirania dos regimes ditatoriais”.

Publicada em diversos países, a obra acabaria por não ser publicada na Alemanha pela editora Carlsen em janeiro deste ano, como previsto, tendo a editora alemã justificado tal decisão ao invocar as palavras de Dominique Grange no posfácio da obra sobre o conflito israelo-palestiano, quando expressa a sua “solidariedade com a resistência exemplar do povo palestiniano durante 70 anos, contra a ocupação israelita e o apartheid”. Apesar dessa não ser a temática da banda desenhada, um porta-voz da editora alemã afirmou que a editora “não quer tomar posição” e deseja “evitar ser apanhada no debate inextricável em torno da campanha BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), destinada a boicotar Israel”. A Delcourt considerou esta decisão uma censura absurda e indigna.

Esta banda desenhada foi a base para a longa-metragem Não Apaguem os Nossos Rastos! Dominique Grange, Uma Cantora de Protesto, um documentário realizado pelo português Pedro Fidalgo, que estreou em França em 22 de fevereiro de 2023 e que, em Portugal, teve direito a duas sessões especiais em maio de 2022.

No liceu, em Lyon, Elise é uma aluna como todas as outras. O encontro com uma professora de filosofia vai, no entanto, mudar-lhe a vida pois cada aula é um momento apaixonante onde ouve, pela primeira vez, falar de assuntos que lhe são estranhos: a colonização, a escravatura, a luta de classes, o marxismo
Quando em 1958 Elise chega a Paris, oriunda de Lyon, para se lançar no mundo da música e do espectáculo, a Guerra pela independência da Argélia dura há já 4 anos. E ao mesmo tempo que Elise descobre os bairros da lata de Nanterre onde, mantidos à distância, os trabalhadores argelinos (entre outros) permanecem invisíveis, as manifestações contra a guerra e a chegada de De Gaulle ao poder multiplicam-se nas ruas de Paris, antecedendo o movimento de Maio de 68.
Com desenho de Jacques Tardi – mestre incontestável da reconstrução histórica e da crítica social – e argumento da cantora Dominique Grange – sua companheira de há muitos anos – Elise e os Novos Partisans conta-nos o trajecto de Elise, uma jovem cantora que acaba por virar as costas ao mundo do espectáculo para se juntar aos grupos que, na época, lutam contra a exploração dos trabalhadores, a injustiça social e o racismo. Um percurso pessoal atípico que é, em simultâneo, um relato de uma época de crucial importância para a história de França e da Europa do século XX.

Dominique Grange nasceu em 1940 em Aix-les-Bains, França, e, para além de militante política, é autora-compositora-intérprete e tradutora de banda desenhada. Em 1958, com 18 anos, desloca-se de Lyon para Paris onde prossegue os seus estudos na Escola Superior de Intérpretes da Sorbonne e frequenta cursos de Arte Dramática, iniciando uma carreira como comediante. A sua participação no movimento de Maio de 1968 leva-a, no entanto, a abandonar a música tradicional e a representação, trocando-as pela canção contestatária. Escreverá canções que se tornarão importantes hinos militantes, como é o caso de « Les Nouveaux Partisans » ou « À bas l’État policier». Em 2021, Dominique Grange assina o argumento da banda desenhada “Elise e Os Novos Partisans”, desenhada pelo seu marido, Jacques Tardi, na qual conta o percurso de uma jovem “politicamente comprometida” que é, em grande parte, inspirado na sua própria vida. Elise e os Novos Partisans, serviu de base ao documentário cinematográfico “Não Apaguem os Nossos Rastos”, que tem a assinatura do português Pedro Fidalgo.

Jacques Tardi, nascido em Valence, França, em 1946, estudou na Academia de Belas Artes de Lyon e na Escola Superior de Artes Decorativas de Paris antes de, em 1969, publicar a sua primeira história de banda desenhada na mítica revista Pilote: trata-se de “Un Cheval en Hiver”, história de 6 páginas, cujo argumento é assinado por Jean Giraud. Depois de outras colaborações, nomeadamente com Serge de Beketch, a sua primeira história “em continuação” surge em 1971: trata-se de uma história de ficção política, “Rumeur sur le Rouergue”, cujo argumento tem a assinatura de Pierre Christin. No ano seguinte, com argumento próprio, surge “Adieu Brindavoine”, história onde já se denota o estilo que caracterizará a sua obra futura e a sua paixão pela Primeira Guerra Mundial. Em 1974, é publicada pela editora Dargaud e diretamente em álbum, a BD O Demónio dos Gelos (novamente com argumento de Christin). No mesmo ano surge ainda, na Futuropolis, La véritable histoire du Soldad Inconnu e, em 1975, a história “Un épisode banal de la guérre des tranchées”, inicialmente rejeitada pela Dargaud, é publicada como suplemento no jornal Libération. Em 1976, a editora Casterman publicou o primeiro livro daquela que viria a tornar-se, em França, a sua série mais popular, Adéle Blanc-Sec, uma homenagem aos folhetins do princípio do século XX. Esta série, que tem como particularidade o facto de a protagonista principal ser uma mulher, conta neste momento com um total de 10 álbuns e teve, em 2010, uma adaptação ao cinema efetuada por Luc Besson. Vencedor do Grande Prémio da cidade de Angoulême, em 1985, e do Prêmio Saint-Michel, em 1977 e 1979, Tardi recebeu várias outras distinções, incluindo três outros prémios no Festival de BD de Angoulême, dois prémios Max e Moritz (Alemanha), dois Eisner Awards (Estados Unidos) e um Einhard-Preis (Alemanha). Para além disso, Tardi foi ainda distinguido pelo governo francês com a Ordem de Cavaleiro das Artes e das Letras. A nossa entrevista ao autor está disponível aqui.

Trailer do filme

Elise e os Novos Partisans
DOMINIQUE GRANGE, JACQUES TARDI
Editora: Ala dos Livros
Páginas: 176, preto e branco
Encadernação: capa dura
Dimensões: 235 x 310 mm
ISBN: 978-989-9108-25-7
PVP: 29,90€


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