O Nome da Rosa – O Infinito Poder das Imagens!

O Nome da Rosa – O Infinito Poder das Imagens!

Análise de O Nome da Rosa vol. 1

É uma invenção maravilhosa! É uma invenção diabólica! De tão simples, a maior parte de nós nem a pensa como um todo. É obra de Deus; é obra do diabo!

E é obra de um autor que, nela, veicula as suas ideias. Um conjunto de papeis agrupados, aparados na mesma dimensão, envoltos numa cartolina ou num cartão que, por vezes, é forrado a pele. E nesses papeis imprimem-se letras e imagens que deixam um cheiro agradavelmente característico. É a química do papel com a tinta.

Como o conhecemos hoje, com as devidas evoluções, o códice data do século I e substitui, pouco a pouco, os rolos de pergaminho e os papiros. Na Idade Média é copiado e iluminado nos mosteiros mais recônditos por essa Europa fora, acabando por se industrializar o seu processo de produção com o advento da imprensa de Gutemberg.

É uma invenção maravilhosa… diabólica! O livro é um elemento mágico que se ultrapassa a si próprio. Claro que o conteúdo é tudo! Mas quando nos consegue deslumbrar, encher-nos de ideias, fazer-nos pensar, o poder do livro ultrapassa o seu conteúdo e cria-nos memórias a que a Inteligência Artificial não tem nem pode ter acesso.

Quando um livro nos enche as medidas, grava no nosso cérebro o sítio onde foi lido, se estava frio ou calor, qual o cheiro que pairava no ar e uma miríade de sentimentos que, despoletados por ele, nos remetem para outros temas e outras vivências.

Pois, lembro-me bem quando li pela primeira vez O Nome da Rosa de Umberto Eco. É escusado deixar-vos aqui as minhas memórias. No entanto, digo-vos apenas que me senti esmagado. O livro é um policial! É um romance histórico! É de uma grande erudição sem, no entanto, ser hermético e aborrecido. E mesmo as páginas em latim que vão surgindo ao longo da obra parecem fazer todo o sentido para o leitor que desconhece a língua morta. Fui esmagado pelo correr da narrativa… fui esmagado pelas revelações… fui esmagado pelo “infinito poder das palavras”… fui esmagado pelas memórias criadas… fui esmagado…!

E agora corro o sério risco de ser esmagado mais uma vez com a publicação em Portugal do primeiro volume de O Nome da Rosa, adaptado à 9.ª Arte pelo mestre italiano Milo Manara e trazido para o nosso País pela Gradiva (que é também a editora portuguesa do romance original) no mesmo mês em que foi editado em Itália e quatro meses antes de ser publicado no mercado franco-belga.

Vamos à história!

Os tempos correm negros na Europa. Luís IV da Baviera e Frederico I da Áustria disputam o lugar de imperador do Sacro Império Romano-Germânico. A Igreja deixara a sua sede em Roma e lidera sob os auspícios do Delfim francês em Avinhão. O Papa João XXII acaba por tomar o partido de Frederico I e quando este é derrotado por Luís da Baviera, o Papa excomunga o “Bávaro” e este declara-o como herético.

Nesses tempos, Luís da Baviera encontra na Ordem Franciscana o aliado ideal. Inimigos do Papa, os Franciscanos declaravam a pobreza de Cristo como ideal de vida e de fé e acompanhavam, por isso, as ideias dos teólogos imperiais.

1327 Anno Domini Nostri Iesu Christi.

O noviço beneditino Adso de Melk acompanha o seu mestre franciscano Guilherme de Baskerville a uma abadia perdida nas montanhas alpinas do norte de Itália. O Inverno vigoroso torna a escalada até ao enclave beneditino lenta e penosa.

O Abade, que se opõe ao Papa “herético e corrupto”, promove um debate entre a ordem mendicante e uma importante delegação da Igreja, representante do fausto papal. Guilherme de Baskerville é um dos aliados no debate sobre a pobreza de Cristo.

Mas chegados à abadia, Guilherme é confrontado com as mortes misteriosas de vários monges e com o pedido de ajuda do Abade, que lhe reconhece uma superior perspicácia, sagacidade, argúcia e prudência.

Será que o diabo anda à solta na casa de Deus? Entre o racionalismo e a superstição, Guilherme, com a ajuda de Adso, tem de, numa corrida contra o tempo, desvendar o mistério antes da chegada da delegação papal. E tudo parece apontar para a Biblioteca e para um livro enigmático…

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