O Corvo III – O dia em que estivemos à beira de ter uma JLP (ou uma LJP)

O Corvo III – O dia em que estivemos à beira de ter uma JLP (ou uma LJP)

Análise de O Corvo III – Laços de Família

Muitos já o conhecem. Outros, nos quais me encontro incluído, até o têm autografado. Mas há milhões de leitores que vivem num triste e cinzento limbo por nunca terem podido ler o terceiro álbum das aventuras de O Corvo, originalmente publicado há vários séculos (que é o mesmo que dizer, em 2007).

E para os que só ligam aos super-heróis vindos da terra do Tio Sam, saibam que Portugal tem um dos melhores do mundo! Sempre de atalaia nos telhados da Grande Alface, o Corvo é incansável na sua luta contra os super-vilões lisboetas (sim, também os temos!) e implacável no combate que mantém com os seus inimigos figadais… os pombos!

No último álbum publicado (ver artigo O Corvo V: O que é bom é para se ver…) ficámos a conhecer finalmente a origem secreta do Corvo (o Vicente), quase três décadas volvidas da sua primeira aventura.

Mas agora, num acto de generosidade inédita no mercado editorial internacional, a Ala dos Livros resolveu reeditar a terceira aventura do herói nacional, na qual Luís Louro (o pai do corvídeo em questão), em parceria com Nuno Markl (argumento one-shot) nos conta a origem secreta do Combustão, o Némesis do herói, entre outras coisas da máxima importância como veremos adiante.

Numa “edição revista e melhorada”, como nos informa a editora, O Corvo – Laços de Família inicia-se com 10 páginas de extras, onde está incluído um prefácio de Nuno Markl e uma interessante troca de email’s entre os autores. No fim, um inesperado teaser retro deixa-nos adivinhar vida longa para o herói… se levarmos em conta o asterisco.

Vamos à história!

Não sabemos se é o dos Prazeres, o da Ajuda, o do Alto de São João, o dos Olivais, o do Lumiar o de Carnide, o de Benfica, o Alemão, o British ou mesmo o Judaico. O facto é que, numa noite onde os elementos resolvem castigar o corpo dos mais incautos, o Corvo, ignorando a chuva torrencial e os raios que descem do céu com destino incerto, está numa missão impossível num dos cemitérios alfacinhas. À procura de um sentido, à procura de uma resposta, à procura… das chaves de casa!

Infelizmente, para ele a chuva é como a Kriptonite para o Super-Homem…

De regresso a casa, ao passar por uma montra de uma casa de electrodomésticos vê numa televisão o anúncio de um novo reality show (o canal deve ser o da TVI). A nova “novela da vida real” pretende encontrar um herói nacional, o salvador da Pátria, aquele que poderá colocar Portugal no mapa da Marvel ou da DC. A indignação é imediata, pois não tem já Portugal um super-herói? Após ter partido a montra para ouvir a notícia, o Corvo parte apressado, montado no Robim (a sua fiel bicicleta).

Entretanto, da Koniec-caverna, o próprio Koniec, que também responde por Senhor do Mal, prepara-se para fazer desaparecer um dos estádios dos três grandes, pulverizando-o com o seu canhão de laser. É interrompido pela mulher que o informa: “Assaltaram-te a loja, Fernando.”

De novo num cemitério (caramba, não sabia que Lisboa tinha tantos!), o nosso herói promete a si mesmo dar cabo de todos os pseudo-heróis que lhe apareçam pela frente. É então que, inesperadamente, sente no ar uma doce fragância e repara no alto de um jazigo numa voluptuosa mulher envergando um apertado uniforme de látex ou spandex e uma capa que lembra a do Spawn. Ela é a Viúva Negra, de apetites insaciáveis, cruel, tenebrosa, monstruosa… perfeita! O Corvo encontrou o amor da sua vida.

Para complicar a situação, onde surgem heróis surgem vilões e é à génesis do escaldante Combustão que vamos assistir de seguida. Mas o destino ainda não se cansou de assediar o nosso herói. Koniec tem um plano para ganhar o reality show e este passa por transformar o seu filho no herói O Pombo. Ora, como todos sabem, o Corvo detesta pombos…

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