
Análise de O Mercenário 4: O Sacrifício.
Antes da análise a O Mercenário 4, começo já por dizer-vos que este não é apenas mais um Mercenário (o que, só por si, já seria bom). Não! A narrativa deste Mercenário consegue ser cruel e remeter-nos para um dos nossos maiores terrores: o menino da lágrima.
A memória é uma das múltiplas e extraordinárias funções do cérebro humano – se bem que, a diferentes níveis, os outros animais também a têm.
Funcionando sempre com a mesma mecânica, os resultados que dela derivam são, no entanto, diferentes de pessoa para pessoa. Por exemplo, sempre que leio um álbum do Mercenário, a minha memória tão facilmente vagueia pelos romances medievais de Walter Scott como por alguns trechos das obras de Tolkien. É para onde me leva a memória.
O mesmo aconteceu quando li no passado o quarto volume da série O Mercenário. E voltou a acontecer agora ao relê-lo nesta reedição muito cuidada, publicada em Portugal pela Ala dos Livros, com um caderno final (como é hábito) no qual desta vez Vicente Segrelles nos fala dos seus monstros favoritos (cf. sinopse e previews da reedição nacional aqui).
Mas se na leitura desta colecção, a minha memória tem desempenhado uma função de conforto e de correlação com os meus conhecimentos, agora conseguiu surpreender-me – coisa estranha na “função memória” que, por definição trata das coisas que já conhecemos e que, por isso, não nos oferecem surpresa. Imaginem folhear uma história várias vezes lida ao longo de 35 anos (foi publicada em Portugal pela primeira vez em 1988) e dar de caras com o famigerado, aterrorizador e enigmático Menino da Lágrima, que sempre ali tinha estado e que a minha memória resolveu esconder no fundo de uma das suas gavetas.
Mas antes de avançar, e relembrando os três artigos onde poderão ler mais alguma coisa acerca desta série (Nada é Assim tão Simples!, Ao Estilo de Sherazade! e O Recomeço!)…
Vamos à história!

Apesar do peso da sua armadura, é com destreza que o Mercenário decapita o pequeno dragão que prendera às rochas alvas. O sangue da besta escorre até à água e serve de chamariz para um monstro bem maior que, implacável, se lança sobre o nosso herói. Este, num acto de pura loucura salta para a boca do anfíbio gigantesco e deixa-se engolir.

O monstro mergulha e, com uma agilidade surpreendente, dirige-se para um local que, nitidamente, estava predeterminado.
No seu interior, o Mercenário alcança o globo ocular e, por dentro, rasga-o, criando assim um ponto de saída. Com o monstro a agonizar e cego de uma vista. O Mercenário apressa-se a escalar o pequeno torreão que se encontra à sua frente, mesmo a tempo de escapar das garras mortíferas da criatura.
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Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.