Astérix: O Lírio Branco é apresentado ao mundo, com o site Bandas Desenhadas na conferência de imprensa internacional.
Foi mesmo hoje, 16 de Outubro de 2023, que quem madrugou foi o site Bandas Desenhadas na conferência de imprensa internacional de Astérix 40. Deste modo, assistimos à conferência realizada na sede da Hachette Livre em Vanves, perto de Paris.
O acontecimento? A apresentação detalhada do novo álbum de Astérix a ser lançado no próximo dia 26 de outubro. O Lírio Branco é o título da 40.ª aventura do irredutível gaulês. E os números a ela associados são impressionantes:
- 5 milhões de exemplares de tiragem para a primeira edição em todo o mundo
- publicação em 20 línguas e dialetos para uma edição em simultâneo
- 393 milhões de exemplares vendidos desde a criação de Astérix em 1961
Na conferência estiveram presentes Anne Goscinny, Sylvie Uderzo, Fabcaro (o novo argumentista), Didier Conrad (ilustrador) e ainda Isabelle Magnac (directora executiva da Hachette Livre Illustré) e Céleste Surugue (directora da Éditions Albert René).
Este 40.º álbum traz duas novidades para os leitores habituais de Astérix; um novo argumentista e um novo “vilão”.
O argumentista é Fabcaro e, ao invés de apresentar aqui a sua biografia, limito-me a dizer-vos a impressão que deixou na Conferência de Imprensa: inteligente, com um apurado sentido de humor e bom conhecedor do universo de Astérix.
Quanto ao vilão, dizem que é inspirado na figura de Dominique de Villepin, antigo Primeiro-Ministro de França. O seu nome é Palavreadus e é uma espécie de guru filósofo, apologista (ou talvez não) do “pensamento positivo”, revelou o editor esta segunda-feira, 16 de Outubro.
Os autores Fabcaro e Conrad explicaram que a intriga se desenrola à volta de Palavreadus, médico de Júlio César, além do mais filósofo, enviado para motivar as tropas romanas desmoralizadas que se encontram a cercar a aldeia dos irredutíveis gauleses.
O Lírio Branco “é uma escola. Ele inspirou-se num filósofo grego de modo a criar o seu método”, explicou Fabcaro.
Mas Palavreadus vai não só aumentar o moral dos soldados romanos, como vai também instilar a divisão na aldeia gaulesa. Esta nova filosofia, que advoga a bondade e benevolência, um regime vegetariano (coitado do Obélix) e meditação, vai encontrar os seus partidários (como a mulher do chefe da aldeia) e os seus detractores (como o próprio Astérix).
Para desenhar Palavreadus, Didier Conrad imaginou primeiro um homem jovem. Mas a escolha do argumentista e do editor virou-se para um homem mais maduro, de cabelos brancos e meio-compridos. “Tomámos como ponto de partida pessoas um pouco extravagantes: Dominique de Villepin, Bernard-Henri Lévy…”, revelou o desenhador.
Cada novo álbum de Astérix, apesar do desaparecimento dos seus dois criadores (o argumentista René Goscinny em 1977 e o desenhador Albert Uderzo em 2020), é um enorme acontecimento literário e livreiro a cada dois anos. “Astérix não poderia estar melhor”, sublinhou Isabelle Magnac, directora executiva da Hachette Livre Illustré. Por alguma razão, as edições Albert René, que detêm os direitos de Astérix, são hoje uma das editoras mais rentáveis da Hachette Livre.
Mas para os apreciadores de Banda Desenhada, talvez os momentos mais interessantes da conferência de imprensa tenham sido aqueles em que nos foi dado a conhecer o método criativo de Conrad, desde os esboços muito toscos ao traço mais cuidado a lápis, desde o passar a tinta até à complexa colorização e o seu caderno de encargos. Podem ver um exemplo do trabalho à volta de uma vinheta, tal como foi mostrado na conferência de imprensa, aqui.
Em 2024, Astérix faz 65 anos. E adivinham-se grandes celebrações. Mas até lá, é tempo de nos deliciarmos com O Lírio Branco.
Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.