AmadoraBD 2023: As Entrevistas Relâmpago – 5 Autores, 5 Estilos.
O que esperar de um artigo intitulado “AmadoraBD 2023: As Entrevistas Relâmpago”? Se leram o artigo “AmadoraBD 2023: Um passeio pelas exposições“, já sabem que o vosso site Bandas Desenhadas tem acompanhado atentamente o 34.º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora.
A afluência no primeiro fim de semana foi muito boa. As exposições estão interessantes. Entre novidades e fundo editorial, há muitos livros para comprar. E dá gosto ver grupos de amigos, famílias de pais e filhos ou cowboys solitários a divertirem-se num ambiente da sua preferência.
E os autores? Bem, sempre a pensar nos seus fiéis leitores, o Bandas Desenhadas decidiu inovar e tentar aquilo que nunca foi feito: as Entrevistas Relâmpago. O conceito é simples: sem combinação ou marcação, tentar entrevistar um autor, com apenas uma a três perguntas, no tempo em que nos fazem um autógrafo ou que esbarramos com ele no meio da confusão.
O primeiro resultado podem lê-lo agora nas 5 entrevistas que se seguem, dignas do Flash, e que aparecem pela ordem em que foram feitas.
LUÍS LOURO
Francisco Lyon de Castro: Acaba de ser publicado o sexto álbum de O Corvo, com o título O Silêncio dos Indecentes. Depois de lê-lo, parece-me que este é o álbum do Corvo com uma maior crítica social, abordando assuntos da maior importância. É verdade?
Luís Louro: Na verdade, tento sempre introduzir alguns assuntos sociais nos meus álbuns. E com O Corvo isso não é excepção. Talvez desta vez tenha abordado mais assuntos, como por exemplo o da saúde mental ou o da internet. Na verdade, um álbum é influenciado pelo que vou vendo nas notícias enquanto o escrevo e desenho.
FLC: Mais para o fim do álbum, Laura, a “Mulher do Capitão”, dá a entender ao leitor que é irmã de Alice, uma das personagens centrais e icónicas do álbum homónimo. Será que as duas se vão encontrar no sétimo álbum?
LL: Na verdade, houve uma altura em que comecei a ser questionado pelos fãs do Corvo acerca da parecença entre a Laura e a Alice. E muitos começaram a sugerir-me criar aquilo a que chamaram de Louroverso, um universo onde todos ou alguns dos personagens que criei vivessem e interagissem no mesmo universo. Quem sabe se isso vai acontecer já no próximo álbum que comemora os 30 anos do Corvo! (sorriso giocondesco).
FLC: A propósito do próximo álbum, ouvi dizer que já está terminado?
LL: Sim e não. O álbum em si está terminado. Mas como agradecimento aos muitos leitores que acompanham desde há 30 anos as aventuras do Corvo, estou a preparar algo de especial. E isso, só na altura é que vai saber. (outra vez o risinho giocondesco).
FLC: Por fim, tem alguma fonte de inspiração para o tipo de humor que coloca nos seus livros?
LL: Tenho! Eu próprio. Os meus amigos dizem-me que estou sempre a fazer piadas e “patetices”!
ÉMILE BRAVO
FLC: Posso fazer-lhe uma pequena entrevista?
Émile Bravo olha incrédulo para todos os lados, procura o português que o assiste e responde com um sorriso simpático:
Émile Bravo: Peço desculpa, mas agora não tenho tempo. Estou a fazer a sua dedicatória e tenho outras a fazer em seguida.
FLC: Prometo fazer-lhe apenas duas perguntas que não ultrapassem o tempo em que me desenha a dedicatória. Émile Bravo anuiu e eu continuei. Nesta grande odisseia de Spirou que é a tetralogia A Esperança Nunca Morre…, como é que conseguiu tratar de temas tão fortes como a perseguição que os nazis fizeram aos judeus na Segunda Guerra Mundial, as deportações, a falta de alimentos, o envio de belgas para a Alemanha para substituírem os alemães no trabalho e, no entanto, envolver tudo com muita ternura, resiliência, inocência, e até conseguindo criar um ambiente cheio de nostalgia?
Bravo levantou os olhos da dedicatória que me estava a fazer e disse com muita candura:
EB: É o coração! São temas que conheço bem, que me afetam e por isso escrevo-os com o coração. Dediquei-lhes vários anos da minha vida, através da escrita e do desenho, e nunca deixei de os abordar através do coração. Talvez isso crie essa sensação de nostalgia de que me fala. Isso, a aparente simplicidade das interacções dos personagens, e a linha clara com a qual me identifico.
FLC: Em que projecto está a trabalhar agora?
EB: Numa série de Banda Desenhada para crianças. Pausa. Já viu a dedicatória que lhe fiz?, disse ele, esboçando o seu sorriso bondoso.
FLC: Merci beaucoup, Monsieur Bravo!
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Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.