O Corvo VI – Quando o Silêncio Não é de Oiro!

O Corvo VI – Quando o Silêncio Não é de Oiro!

o corvo VI

Análise a O Corvo VI – O Silêncio dos Indecentes.

29 anos de vida e ainda nem tudo foi dito! E O Corvo VI é a prova disso mesmo!

Pois é! As aventuras de O Corvo® atingiram quase a trintena. Mas o rapaz, o Vicente, o alter-ego, mantém-se fresco, tal como se mantêm frescas as milhentas peripécias pelas quais o único, o maior, o mais inteligente, o mais bem vestido super-herói português vai passando. E agora num álbum de título enigmático: O Corvo VI: O Silêncio dos Indecentes (cf. sinopse e previews aqui).

Como já se disse no artigo “O Corvo V: O que é bom é para se ver…“, a origem do Corvo põe a do Batman, do Super-Homem, do Homem-Aranha o do Obélix num chinelo.

Destes, as origens estão gastas e são mais que conhecidas. Do Corvo, a origem é conhecida apenas parcialmente. E quando julgamos que o principal foi desvendado, como aconteceu em Inimigos Íntimos (o álbum anterior), aparece mais uma revelação que altera o modo como percepcionamos o grande herói lisboeta que, incansavelmente, noite após noite, lua cheia após lua cheia, vela pela Grande Alface.

O Corvo está, por isso, de parabéns! Porque faz 29 anos com O Corvo VI; porque continua a surpreender; porque aborda centralmente um tema cada vez mais premente nas sociedades modernas e porque o cronista das suas aventuras continua a cronicar incansavelmente.

Na grande governança da escrita, do desenho e da cor, Luís Louro oferece-nos então O Corvo VI ®, mais uma vez publicada pela Ala dos Livros que, como sempre, dedica um especial cuidado à edição e nos brinda, por via do autor, com um dossier inicial de 12 páginas com esboços, desenvolvimento de personagens, e curiosidades, e, incluído, um “Dossiê TOP SECRET”, no qual, pela primeira vez, são desvendados os segredos do uniforme do super-herói…

Esperem, por isso, em O Corvo VI, um álbum que não deixa nada ao acaso, que presenteia os fãs, e que até nos brinda com um POP (exemplar único) do herói. Aliás, proponho aqui que se inicie um abaixo assinado para a Assembleia da República de modo a que seja decretada a obrigatoriedade da existência de tal POP em todos os lares portugueses.

Entretanto…

o corvo VI

Vamos à história!

“A noite estava… Erhhh… A noite est…” Caramba! A noite estava amena e a corja de ratos com asas, vulgo pombos, parecia ter sido erradicada da Grande Alface (cidade geminada com a Grande Maçã). O único movimento parece ser o das folhas das árvores que, estranhamente, teimam em cair pela urbe. Uma lua cheia grandiosa parece coroar a Sé, e o silêncio da madrugada é apenas quebrado pelo diálogo/monólogo que O Corvo® mantém com Robim, o seu sidekick (um anglicismo bacoco, como tantos outros, que vem assassinar a palavra companheiro) de heroísmos.

Mas as coisas não estão bem entre os dois e, nos últimos tempos, parece que Robim (aparentemente) tem levado as crises de ciúmes ao extremo. Primeiro foi um pneu, depois a corrente e agora os travões. Pois! É que, para quem não sabe, Robim é uma bicicleta. E com as bicicletas não se brinca!

o corvo VI

Depois de uma noite extenuante, de permanente vigília e de luta contra as forças do mal, o corvo recolhe ao seu esconderijo e assume a sua identidade secreta – o Vicente®. Mas o Vicente está cada vez pior! Para além do transtorno dissociativo de identidade, que o leva a ter consciência de se transformar no Corvo à noite e de este não ter consciência da existência de Vicente, para além disso, dizia eu, sofre de depressão. Por ele, ficava em casa, não tomava banho, não socializava. As alterações de humor são constantes, parece mergulhar num abismo negro sem fim, dormir é a fuga e já pouco consegue sentir. Aliás, parece não sentir nada! E um herói não pode sentir-se assim.

o corvo VI

Pelo contrário, O Corvo mantém-se activo e continua a fazer as suas rondas pelos telhados da cidade. A lua cheia está sempre presente! Mas nesta saída também estão presentes dois membros da Brigada do Látex, duas pseudo-freiras de indumentárias que deixam pouco à imaginação e que se colam às curvas dos seus corpos voluptuosos. À distância, elas congeminam nas sombras e decidem que o melhor é atrair o nosso herói às catacumbas e deixar que o “chefes” trate dele definitivamente.

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