Astérix – O Lírio Branco ou A Ditadura do Politicamente Correcto!

Astérix – O Lírio Branco ou A Ditadura do Politicamente Correcto!

Astérix – O Lírio Branco

Análise de Astérix – O Lírio Branco.

E é chegado o momento de se analisar a obra de banda desenhada Astérix – O Lírio Branco.

A educação de um homem faz-se desde o momento em que insufla ar pela primeira vez até ao momento em que desinsufla pela última vez. Quer isto dizer que a educação é um todo; é a soma de todas as partes.

Ora, o mesmo se passa com a História, Cultura, Usos e Costumes de um povo ou de uma civilização. Os quatro podem e devem evoluir, mas não se deve nunca ignorar como se chegou a determinado facto histórico, a um valor cultural ou a um costume.

Não se deve destruir estátuas!

Não se deve branquear livros de História!

Não se deve polir conceitos ou abolir determinadas palavras ou expressões só porque alguém resolveu que deixaram de ser apropriadas.

Não se deve rescrever o que já foi escrito e, sobretudo, não se deve proibir a leitura do Tintin no Congo

Claro que, se prevalecer na sociedade a visão redutora dos asininos, então a prevalência do politicamente correcto acabará por deturpar a identidade de um povo, de uma nação, de uma civilização.

E o que é que tudo isto tem a ver com o novo Astérix? Nada! Tudo!

As Edições Asa acabam de publicar o 40.º álbum de Astérix, com o título Astérix – O Lírio Branco, acompanhando o lançamento mundial da obra. O desenho está a cargo do já nosso conhecido Didier Conrad, mas o argumentista, Fabcaro, dá os primeiros passos no universo do pequeno gaulês.

E é precisamente pela escrita de Fabcaro que o leitor pode esperar o politicamente correcto… e a sua total desconstrução. E também pode esperar o fim da aldeia de irredutíveis gauleses tal como a conhecemos.

Mas antes de me alongar…

Vamos à história!

Astérix – O Lírio Branco

Estamos no ano 50 antes de Cristo. Nada consegue travar o avanço de Roma na sua sede de conquista. Bem! Nada não é bem assim! Perdida na imensidão da Gália, mais precisamente na região da Armórica, uma pequena aldeia faz frente às legiões de Júlio César. Mas isso é o habitual! Agora, César tem também de enfrentar um surto de motins e deserções entre as suas próprias tropas, cansadas de anos e anos de batalhas sangrentas. Este é um problema que ele tem de resolver rapidamente se quer manter a superioridade em relação a Pompeu, o seu maior rival, e continuar a aumentar o poder de Roma.

Astérix – O Lírio Branco

Reunido com a elite dos seus tribunos militares, César exige soluções. Mas não é dos seus generais que surge uma ideia luminosa. Por entre uma série de vacuidades, uma voz serena faz-se ouvir, enigmática e poética: “Para iluminar a floresta, basta a floração de um só lírio…”. É Palavreadus, médico-chefe dos exércitos de César. E ele propõe converter as tropas ao método “Lírio Branco”, inspirado no grande filósofo grego Bemfarás. Para Palavreadus, a arte de motivar os homens passa pelo pensamento positivo e por uma alimentação saudável, a que se acrescenta um curso em gentileza como factor de desenvolvimento pessoal.

César fica intrigado com tal método e dá carta branca a Palavreadus para o implementar, mas com uma condição: deverá ser feito um teste no campo fortificado de Babácomrum, mesmo ao lado da aldeia dos irredutíveis gauleses. O objectivo é motivar as legiões acantonadas e subjugar a aldeia de Astérix e Obélix.

Palavreadus parte de imediato e começa logo a pôr em prática o seu método com os legionários de Babácomrum e o seu general Taquietus. Pouco depois, a caminho da aldeia, cruza-se com Astérix e Obélix que andam à caça de javalis. O confronto parece inevitável, mas o sorriso de Palavreadus e o seu discurso gentil desconcertam de tal maneira os dois gauleses, que estes nem sequer lhe conseguem dar um tabefe. Mais! A seu pedido, indicam-lhe a direcção da aldeia, onde ele conta aprovisionar-se. Apesar de muitos pensamentos positivos, não se espera nada de bom para os gauleses…

Astérix – O Lírio Branco
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