Sunny 2, da autoria de Taiyo Matsumoto.
No dia 28 de novembro, chega às livrarias Sunny 2, cerca de 10 meses após o lançamento do primeiro volume desta série da autoria de Taiyo Matsumoto.
No Japão, a série foi serializada na revista seinen Monthly Ikki da editora Shogakukan de 25 de dezembro de 2010 a 25 de setembro de 2014, altura em que esta publicação foi cancelada. A manga foi posteriormente transferida para a revista seinen Monthly Big Comic Spirits, sendo publicada de 27 de janeiro a 27 de julho de 2015. A Shogakukan reuniu os 37 capítulos da série em seis volumes, lançados de 30 de agosto de 2011 a 30 de outubro de 2015.
Este segundo volume da edição portuguesa reúne os livros 3 e 4 da edição original, lançados respetivamente em 15 de abril e 21 de outubro de 2014. No primeiro trimestre do ano, o primeiro volume da edição nacional foi nomeado para a categoria de Melhor Manga nos Prémios Bandas Desenhadas 2023.
Uma história comovente, de Taiyo Matsumoto. A jornada das crianças da casa de Acolhimento Hoshinoko continua num volume ainda mais emocionante, sobre amizade, família, superação e as complexidades da infância.
Para quem ainda não conhece, a história passa-se num orfanato, onde um grupo de crianças encontra refúgio e esperança num “Sunny 1200” abandonado. Cada um com as suas inseguranças e traumas, vivem um dia de cada vez apoiando-se uns nos outros.
Originalmente publicada em revista entre 2010 e 2015, Sunny desenvolve-se em torno da vida dos residentes da casa de acolhimento Hoshinoko.
Ao longo da história, com um total de 3 livros, o autor apresenta os vários personagens que vivem nesta casa, um mundo habitado essencialmente por crianças, as suas rotinas, amizades e conflitos.
Nos momentos mais difíceis, quando as crianças se sentem impotentes perante o facto de terem sido abandonadas pelas famílias, o seu refúgio é um Sunny 1200, um domínio apenas seu, onde os adultos não podem entrar e onde é possível fugir da dura realidade, sonhar e viajar para mundos imaginários.
No volume 2 de Sunny continuam as aventuras dos personagens que já conhecemos: Haruo, a quem chamam “White” por causa do seu cabelo precocemente branco; Kenji, que tem uma relação controversa com o pai bêbedo; Megumu, que tem medo de morrer abandonada; Kiiko, que gosta de Haruo; Junsuke e Sei, entre outros.
As estações sucedem-se e mais um pouco da vida de cada um dos residentes da casa Hoshinoko vai sendo desvendada, numa narrativa suportada por páginas densas, outras arejadas e poéticas ou com um desenho mais pormenorizado.
A arte de Matsumoto é única e a forma como a linha da ilustração se combina com a cor, é ao mesmo tempo delicada e rude, direta, depurada. As ilustrações são realistas, com ambientes urbanos, casas e salas desenhadas ao pormenor mas também quase abstratas – apontamentos de cor, manchas pretas, claros e escuros que definem as figuras ou os locais onde decorre a ação. As suas páginas têm uma serenidade muito especial, convidando o leitor a deter-se nos pormenores, a “saborear” com calma a história, a emocionar-se com os imprevistos da vida dos seus protagonistas.
Taiyo Matsumoto nasceu em Tóquio, em 1967, e sonhava vir a ser jogador de futebol, mas apaixonou-se pela banda desenhada europeia e aos 20 anos publicou a sua primeira manga. A sua obra reflete muitos dos seus interesses e vivências, transitando entre temáticas de desporto, comédia familiar, relato social ou o épico de ficção científica. O seu estilo artístico, diferencia-se pela combinação singular de realismo, sonho e fantasia. O autor viveu numa casa de acolhimento quando era jovem, mas desmente que Sunny seja um livro autobiográfico. Numa entrevista concedida à Time Out Tokyo, em 2013, o autor falou longamente do seu trabalho e do papel desta obra na sua carreira de mangaká, referindo que algumas partes de Sunny são “extremamente relacionadas com as minhas próprias experiências, mas outras foram inventadas”. Podemos relacionar a arte e forma de contar histórias do Matsumoto com outros géneros artísticos, como por exemplo o cinema, ou outros autores japoneses, como Jiro Taniguchi. Embora o autor reconheça ter sido bastante influenciado pela banda desenhada europeia, é indiscutível que o ponto de vista reflexivo, tranquilo, tem pontos comuns com as obras de Jiro Taniguchi. Matsumoto regista os acontecimentos, por vezes com alguma tristeza ou melancolia, outras com toda a ingenuidade de que apesar de tudo os seus personagens são capazes, “sem tomar partido”, quase um espetador das suas próprias páginas. Embora relatados de forma realista, os mundos destes autores têm também um ponto de vista onírico, de fantasia, tranquilo e sem grandes sobressaltos, mas apreciando de forma atenta e prazerosa o que se passa à sua volta e sabendo como comunicar este prazer ao leitor. O autor foi galardoado com vários prémios, incluindo Prémio Especial da 30.ª Japan Cartoonist Association para Gogo Monster (2001), Prémio de Excelência em manga Japan Media Arts Festival (2001), Prémio Eisner da Melhor Publicação Americana de Material Estrangeiro para Tekkon Kinkreet (2008), Prémio Cultural Tezuka Osamu para Takemitsuzamurai (2011), Prémio Shogakukan de Melhor Manga para Sunny (2016), Prémio de Excelência Media Arts Festival para Sunny (2016) ou Prémio de Melhor Publicação Americana de Material Estrangeiro – Ásia para Les Chats du Louvre (2020), tendo também sido homenageado no Festival de Angoulême em 2019.
Sunny 2
TAIYO MATSUMOTO
Editora: Devir
Páginas: 420, algumas das quais a cores
Encadernação: capa mole
Dimensões: 15 x 21 cm
ISBN: 978-989-559-631-7
PVP: 20,00€
Fundador e administrador do site, com formação em banda desenhada. Consultor editorial freelance e autor de livros e artigos em diferentes publicações.