Blake e Mortimer: A Arte da Guerra – Ruptura e Tradição

Blake e Mortimer: A Arte da Guerra – Ruptura e Tradição

Blake e Mortimer: A Arte da Guerra - Ruptura e Tradição

Análise de Uma aventura de Blake e Mortimer em Nova IorqueA Arte da Guerra.

Reduzir algo à sua expressão mais simples é um risco. É retirar-lhe nuances, riqueza, complexidade.

Mas também pode ser libertador, esclarecedor e até epifânico.

A expressão mais simples de algo, quando é dignificada pelo respeito e admiração, resulta muitas das vezes num minimalismo e num purismo que não é assimilado de imediato, mas que acaba por se entranhar irremediavelmente.

E vem isto a propósito da mais recente aventura dos heróis clássicos de Edgar P. Jacobs com o título Uma aventura de Blake e Mortimer em Nova Iorque – A Arte da Guerra e que acaba de ser publicada em Portugal pelas Edições ASA (cf. sinopse e previews da edição nacional aqui).

O argumento está a cargo dos veteranos Jean-Luc Fromental e José-Louis Bocquet, e o desenho é da autoria de Floc’h, autor conhecido dos leitores portugueses mais antigos pelos seus álbuns Encontro em Sevenoaks, O Dossier Harding e À Procura de Sir Malcom da série Albany & Sturgess.

E se neste momento estão a pensar que o minimalismo e purismo a que me referi acima tem a ver com as máximas de Sun Tzu no seu livro A Arte da Guerra (cf. adaptações para banda desenhada com publicação nacional aqui e aqui), desenganem-se. Os termos servem para caracterizar a arte “Linha Clara” que Floc’h depura e leva à sua expressão extrema.

Contudo, ao contrário do que a arte de Floc’h pode parecer indiciar, este álbum tem mais nuances do que as que são imediatamente perceptíveis.

Preparem-se então para algo inesperado!

Blake e Mortimer: A Arte da Guerra - Ruptura e Tradição

Vamos à história!

1952. Voo BOAC 534, Londres-Nova Iorque, 19h30. A bordo, o capitão Francis Blake e o professor Philip Mortimer preparam-se para aterrar no aeroporto de Idlewild. Sob um céu rosa de final de dia, falam acerca da pertinência de se continuar a discutir sobre a paz. É que Blake é esperado na nova sede das Nações Unidas onde irá discursar sobre a paz. Da janela do avião avistam a Estátua da Liberdade. Já em terra, apanham um dos famosos yellow cabs em direcção ao Penn Club, uma filial do Centaur Club londrino do qual Blake e Mortimer são membros.

Blake e Mortimer: A Arte da Guerra - Ruptura e Tradição

Nesse mesmo momento, uma figura misteriosa entra furtivamente no Metropolitan Museum e, a coberto da escuridão, dirige-se à área das antiguidades egípcias. É surpreendido por um guarda quando está a vandalizar a estela de Hórus, gravando nela a inscrição “Por Hórus, para”. A figura empurra a estela na direcção do guarda e aproveita para se pôr em fuga. Mas rapidamente é apanhado pela polícia no Central Park.

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