A Passagem Impossível

A Passagem Impossível

a passagem impossível

A Passagem Impossível, da autoria de José Ruy.

Um ano após o falecimento de José Ruy, a Ala dos Livros edita A Passagem Impossível (ou o relato da extraordinária viagem do navegador português David Melgueiro, que no século XVII, a comando de uma embarcação holandesa e tal como testemunhou o Seigneur de la Madelène ao Conde de Pontchartrain, rumou a Norte e realizou a travessia pela Passagem do Nordeste).

O livro é composto por pranchas em diferentes etapas de trabalho, como pode ser observado nas imagens deste artigo, bem como alguns esboços realizados pelo autor, incluindo estudos de personagens.

No século XVII, no auge do comércio de sedas e de especiarias, grandes embarcações, das mais variadas nacionalidades e bandeiras, franqueiam o Índico e o Atlântico. Estes oceanos, infestados de piratas, tornam cada vez mais insegura a travessia pelo Sul, pelo cabo da Boa Esperança.
Março de 1660. Uma embarcação de nome Padre Eterno, comandada pelo capitão português David Melgueiro, zarpa de Tanegashima, no Japão, e ruma a Norte. Evitando a rota do Sul e efetuando a passagem do Oceano Pacífico pelo estreito de Anian, a Padre Eterno embrenha-se no Ártico, chegando ao seu destino cerca de dois anos depois.
É este grande feito que serve de mote à derradeira obra que o Mestre José Ruy nos legou.

José Ruy foi um pintor, ilustrador, argumentista, desenhador…  O Mestre José Ruy, nasceu na Amadora em maio de 1930, cidade onde sempre viveu e onde faleceu em novembro de 2022. Atraído, desde muito novo, pelas atividades artísticas, José Ruy entrou para a Escola António Arroio aos 11 anos, escola onde completou o curso de desenhador litográfico. Em 1944, com 14 anos, e graças ao incentivo do seu professor Rodrigues Alves, publica a sua primeira estória na revista O Papagaio. Em 1947, José Ruy passou a integrar os quadros da revista O Mosquito, executando legendas e trabalhando na área de coloração. Foi nesta revista que, em 1952, publicou a sua obra O Reino Proibido. Ao longo do seu extenso percurso profissional, José Ruy colaborou em diversas revistas como o Cavaleiro Andante, o CamaradaO Pisca-Pisca, Tintin, Mundo de Aventuras, Spirou, Jornal da BD ou Selecções BD (1.ª e 2-ª séries), foi diretor artístico da II série da revista O Mosquito (1960), publicou obras em jornais como  a Capital ou em suplementos como O Século Ilustrado, emprestou os seus  serviços a diversas editoras nacionais como as Publicações Europa-América, a Livraria Bertrand, a Editorial Íbis, a Editorial Notícias, a ASA ou a Meribérica. Com obras que que se espraiam também pela ilustração – enquanto ilustrador, José Ruy tem obras em publicações como Mundo FemininoAlmanaque AlentejanoAlmanaque do AlgarveSelecções de Mecânica Popular ou Diário de Notícias – foi nas adaptações de obras literárias como  Ubirajara, O Bobo, Peregrinação de Fernão Mendes Pinto e em obras de caracter histórico (como As Aventuras de Porto Bomvento ou a história de várias cidades, na qual se inclui a história da Amadora – Levem-me Nesse Sonho) ou em obras de carácter biográfico (Aristides de Sousa Mendes, Carolina Beatriz Ângelo, João de Deus ou Humberto Delgado) que José Ruy mais se distinguiu, sendo, à sua morte em 2022, um dos autores mais profícuos da banda desenhada portuguesa. Em 1990, foi galardoado com o Troféu de Honra do Festival Internacional de BD da Amadora, cidade onde, em vida, viu o seu nome associado a uma escola básica e a uma avenida, tendo-o igualmente distinguido com a Medalha de Ouro de Mérito e Dedicação. A Passagem Impossível, que a Ala dos Livros edita um ano após a sua morte, e que o mestre deixou “inacabada”, é a sua última obra.

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