Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte) – Quando a excelência não significa estagnação

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte) – Quando a excelência não significa estagnação

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte)

Análise de Blacksad 7: Então Tudo Cai (Segunda Parte).

E eis que foi lançada a segunda parte de Blacksad: Então Tudo Cai. Por vezes, quando algo é muito intenso e nos enche as medidas, quer seja pela excelência quer pela mediocridade, temos tendência a pensar que tudo já foi dito.

A Gioconda de Da Vinci já foi escrutinada até à mais pequena pilosidade da sua sobrancelha esquerda. A Flauta Mágica de Mozart já foi analisada até à mais insignificante colcheia. O Senhor dos Anéis de Tolkien já foi enquadrado na participação do autor na Primeira Guerra Mundial, na sua formação católica e em tudo que dele se pôde descobrir.

A lista de “obras de arte” pode aproximar-se do infinito, mas todas elas têm um ponto em comum: a sua análise continuada parece inibir qualquer novo olhar sobre elas.

E é precisamente isso que acontece desde o ano 2000 com a série Blacksad.

Já todos sabemos que as histórias têm a atmosfera do policial noir e decorrem na década de 1950 nos Estados Unidos. Que o protagonista é John Blacksad, um detective privado que sabe vestir bem, que é sarcástico, sedutor e implacável. Que todos os personagens têm um tratamento antropomórfico. Que todos os álbuns abordam uma problemática contemporânea e têm uma mensagem social. Que a narrativa é intrincada e inteligente. E que o desenho é absolutamente deslumbrante.

Então, para quê escrever acerca do novo álbum de Blacksad se não há nada a acrescentar em relação aos seis anteriores?

Ora, aí é que está, caro leitor! É que a dupla de Juan Díaz Canales (argumento) e Juanjo Guarnido dá-nos novamente algo de novo, ainda que este álbum seja a conclusão de um díptico.

E em termos editoriais, a Ala dos Livros resolveu brindar os leitores não com uma, mas duas aventuras de Blacksad. Assim, para além deste Blacksad: Então Tudo Cai – Segunda Parte (cf. sinopse e previews da edição portuguesa aqui), a editora reeditou Arctic-Nation (cf. aqui), o segundo volume da série, agora com tratamento de luxo e um generoso caderno de extras de que se falará brevemente no final deste artigo.

Para aqueles que ainda não tiveram a sorte de ler a primeira parte do díptico Blacksad: Então Tudo Cai, aconselho que vejam o artigo “Blacksad, o Noir Iluminado!” E para a remota hipótese de fazer parte daquele grupo em vias de extinção que nem sequer leu o primeiro volume aconselho o artigo “Ao som de um saxofone solitário!

Entretanto…

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte)

Vamos à história!

As obras seguem a todo o vapor no estaleiro de construção em pleno Central Park. É aí que irá surgir o futuro Teatro Iris Allen. De súbito, os trabalhos param. Debaixo da terra revolvida pela retroescavadora é feita uma descoberta macabra – as ossadas de um homem.

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte)

Ao mesmo tempo, na esquadra da polícia, Weekly é obrigado a fazer parte de uma linha de identificação onde é acusado do assassinato de Iris Allen através de um falso testemunho. Para o pobre jornalista o mundo parece ter acabado. O comissário Smirnov pede ao seu tenente que prossiga com uma investigação discreta do caso pois parece que o verdadeiro culpado é um certo Shelby, uma gaivota a soldo de Solomon, segundo Weekly.

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte)

Por seu lado, Solomon observa orgulhoso o local de construção onde se começa a erguer a sua colossal ponte suspensa que perpetuará o seu nome na história de Nova Iorque. Já o seu arquitecto parece mais preocupado com o presente e com a companhia de belas mulheres, nomeadamente, da sua assistente.

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte)

Na tentativa de inocentar Weekly, Blacksad tenta encontrar Rachel, a única capaz de fornecer um alibi ao jornalista. Para isso, vai à escola de dança da Iris para perguntar à Alma se sabe onde se encontra Rachel. A tensão entre ambos é evidente, embora contida. O que aconteceu entre os dois não foi apagado pelo tempo.

Depois, na esperança de encontrar qualquer pista que tenha escapado à polícia, o detective visita a casa de Iris, o local do crime. Os contornos do corpo no tapete lembram-lhe como a vida é frágil. De súbito, a luz acende-se e frente a Blacksad está o tenente. Os dois discutem e a altercação torna-se física. John acaba por cair e descobre debaixo de um sofá uma pena… uma pena de gaivota. E embora o tenente fique com a descoberta, John tem a confirmação que procurava. Agora, numa espécie de contrarrelógio, Blacksad tem de continuar com a investigação, descobrir o paradeiro da gaivota Shelby, inocentar o seu amigo Weekly e ligar todos os pontos do mistério…

Blacksad: Então Tudo Cai (Segunda Parte)
SEGUINTE »

Deixa um comentário