Análise de Made in Abyss volume 1.
Qual a razão do título do artigo, “Made in Abyss: O Regresso da Velha Magia”? Primeiro, porque Made in Abyss é um maravilhoso regresso ao passado…
Vai longe o tempo em que o engenho artístico japonês lançou o seu encanto sobre mim. Por essa altura, nem sequer imaginava que a origem daqueles desenhos animados era nipónica. Primeiro foi o Vickie, o Viking, depois a Heidi, seguida do Marco e a culminar na Abelha Maia. E um pouco mais tarde, Conan, o Rapaz do Futuro fez-me tomar consciência que do outro lado do mundo vinham coisas mágicas que estavam a moldar a minha infância. Era o Animé, os desenhos animados japoneses.
Estes eram os anos da rapidez (ainda que não desse por ela) e pouco depois fui surpreendido por os Mangá, a Banda Desenhada japonesa. Fiquei fascinado pela complexidade da história e pelo desenho “estranho” de Akira, encantado pela saga pós-apocalíptica de Mother Shara e por várias outras histórias.
E depois, devo dizer, tudo se tornou demasiado banal. O estilo artístico, com umas quantas variações, parecia-me todo ele muito semelhante e as histórias (pelo menos as mais famosas) tinham uma penosa proximidade com a dimensão das telenovelas que, facilmente, chegavam aos 300 capítulos.
Generalizar é tão perigoso quanto redutor e, com certeza que há muitos animés e mangás que são dignos de nota, sobretudo ao nível da inventividade narrativa. Mas o facto é que me desencantei.
Claro está que, fora desta apreciação, estão as produções do Estúdio Ghibli, que me encantam como se eu ainda fosse uma criança.
E é então que surge Made in Abyss. Assim que vi as primeiras imagens do animé, o velho encanto voltou! E agora, finalmente, tenho eu e todos os leitores acesso ao mangá de Akihito Tsukushi em português, mérito da editora A Seita que lança agora o primeiro volume da saga (cf. sinopse e previews da edição portuguesa aqui).
Originalmente, a obra tem como público alvo a faixa etária masculina dos 20 aos 50 anos – os seinen (os japoneses são muito precisos nestas coisas) -, mas, na verdade, Made in Abyss pode e deve ser lido por leitores femininos e masculinos de todas as idades. É muito provável que filhos e netos se deixem encantar como aconteceu comigo há tantos anos e voltou a acontecer agora.
Vamos à história!
Foi há 1900 anos que surgiu, nas imediações da que é hoje a cidade de Orth, um poço gigantesco com mais de 1000 metros de diâmetro. Um poço que é conhecido como o Abismo.
Ninguém conhece a sua profundidade, embora a sua exploração decorra há séculos.
Indícios de uma antiga civilização, estranhas relíquias e tesouros, e seres tão valiosos quanto perigosos atraem centenas de exploradores de várias cidades que, com uma valentia desmedida, enfrentam as várias camadas do Abismo bem como o seu poder sobrenatural. O certo é que, aparentemente, nunca ninguém conseguiu chegar ao fundo do Abismo, e aqueles que desceram mais camadas foram também os que nunca regressaram à superfície.
Foi assim que a mãe de Riko desapareceu há dez anos e, desde então, a jovem vive no Orfanato da Guilda, local onde as crianças são aprendizes de exploradores.
Embora muito tempo tenha passado, Riko acredita que a sua mãe está viva. O seu objectivo é encontrá-la, mas, para que isso seja possível, ela tem de subir na hierarquia dos exploradores para ter direito a tentar chegar ao fundo do Abismo. Assim, é essencial que cumpra com sucesso as missões que lhe são destinadas.
Um dia, no decorrer de uma dessas missões, e enquanto está a ser atacada por um Mandíbula Encarnada, Riko dá de caras com um rapaz desmaiado, um estranho rapaz meio humano meio robot que terá uma importância crucial na vida de Riko…
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Amante da literatura em geral, apaixonado pela BD desde a infância, a sua vida adulta passa-a toda rodeado de livros como editor. Outra das suas grandes paixões é o cinema e a sua DVDteca.